Perdido no Espaço

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O grande cargueiro de combustível flutuava no estaleiro espacial na órbita do plante Terra, a minúscula tripulação da Highway estava se preparando para mais uma viagem a nebulosa de Carina onde havia uma nova colônia humana sendo estabelecida nas bordas da Galáxia de Sílex. Se tudo desse certo essa seria a última viagem deles naquela sucata espacial. 

-Doran, a porra da sua nave tá com falha no sistema de propulsão de novo! -a voz da mulher de cabelos azuis chegou até o homem ue estava sentado no chão do cockpit da nave ajeitando com fita isolante uns cabos do painel principal da nave que mais poderia ser chamada de sucata espacial.

O homem riu enquanto guardava as ferramentas e mordia seu burrito com gosto duvidoso. Doran tinha aquela nave desde que era um menino de cabelos encaracolados e olhos castanhos brilhantes, sabia que a velha -que já era velha quando foi comprada- Highway não aguentaria por muito mais tempo as longas viagens que vaziam para entregar combustível em outros quadrantes espaciais. Toda última viagem ele dizia; "Só mais uma última viagem velha amiga." Já se achava o homem mais sortudo da porra das galáxias por ainda não ter explodido ou se perdido no Espaço Inexplorado.

-Aaah Maryah, não fale assim da minha nave. Sabe que fere os sentimentos dela. -ele resmunga para a imediata impaciente.

-Essa lata velha mau tem trem de pouso, imagina sentimento, ha!

Assim que a partida do estaleiros foi autorizada Maryah digitou no painel da nave as coordenadas, era uma longa viagem de seis meses que tinham pela frente. Por isso Doran estava dando o toque final na reparação no tanque de hibernação. 

-Chefe! Já cheguei as coordenadas para Carina três vezes, testei o gerador de emergência eeee... peguei o seu traje fedorento. Toma. -a moça de pele morena entregou ao mais velho o traje preto meio puido e que realmente exalava um cheiro não muito agradável.

Ambos já trocados se preparavam para entrar no tanque, deitaram e se acomodaram, o tubo de vidro desceu sobre eles. Era como se estivessem presos num tubo de ensaio, como os embriões fecundados que estavam carregando nos tanques refrigerados.

-Boa noite chefinho. -a jovem riu fechado os olhos e prendendo a respiração esperando o líquido morno e viscoso preencher por completo o espaço ao seu redor. 

-Boa noite Garota Maxicali. -Doran provocou a tempo de receber um dedo do meio da moça que acabou hibernando no tubo nessa posição hilaria. Riu enquanto o líquido do próprio tubo subia. Então foi como cair num sono profundo. 

Tudo ficou escuro.

Doran acordou de rompante. Estava flutuando dentro da nave junto com o líquido âmbar em bolhas ao redor. Ele sentiu os ouvidos zunindo estava com o coração disparado e as luzes de emergência da nave piscavam e os sistemas apitavam alto, no fundo tocava a música de alerta geral. Era uma música velha de um cantor que ele se lembrava o nome, mas se lembrava que chamava Rocket Man, Maryah dizia que combinava com ele e por isso tinha configurado a maldita música para sinalizar sérios problemas na nave.

Your a rocket man,

Rocket man!

O homem olhou para o lado, Maryah ainda estava hibernando com o dedo do meio em riste na direção da cápsula dele. Não entendia por quê só ele tinha acordado, teria sido uma falha somente na sua maquina? Ou teria sido algo mais grave do que podia imaginar?

Flutuou se agarrando às coisas que também estavam flutuando no interior da nave, o homem se sentia enjoado e com uma forte dor de cabeça, o estômago doia fortemente de fome e sua boca parecia cheia de areia de tanta sede que sentia. 

Flutuou até o cockpit e apertou alguns botões no painel, mas parou no segundo que olhou de relance para o vidro da central da nave. Lá fora havia todo um conjunto de constelações que ele nunca tinha visto em todos seus trinta anos de viagens pelo espaço, crispou os olhos para toda aquela luz, e enchergou bem no centro uma enorme anomalía azul salpicado de pontos de estrelas das mais diversas cores e tamanhos, a fenda era enorme e se prestasse bem atenção poderia ver mais do espaço negro e estrelas lá dentro.

Era lindo. E assustador, porque ele não fazia idéia alguma de onde estavam. Nesso momento toda a nave chacoalhou e ele despencou no chão de metal com um grunhido de dor quando a gravidade foi ativada. Não por ele.

Ouviu o som dos ejetores de pressão da porta de entrada da nave soltando todo o ar comprimido e então a o som de passos no metal. 

-Maldição. -murmurou baixo procurando sua arma de baixo do assento do piloto. 

-Parado aí! -uma voz abafada por um capacete ordenou na sua língua. Doran ergueu as mãos por sobre a cabeça ainda ajoelhado no chão. -Captã, achamos este homem. -o soldado anunciou.

-Doran é você? Doran Kashinski? -uma voz feminina e familiar o despertou. Aquela voz, ele se virou lentamente só pra confirmar suas suspeitas. 

-Maiko. -se levantou quando ela fez sinal para o soldado se afastar, só não contava com a forte vertigem que o fez tombar. A mulher se aproximou rápido para ampará-lo, Doran a olhou nos olhos, era exatamente como ele podia se lembrar, olhos finos e pretos, cabelos muito escuros cortados reto na altura dos ombros, pele branca e lábios rosados em formato de coração. 

Ele apagou de desnutrição, desidratação e desgaste aos poucos vendo a boca da mulher mexer silenciosamente e os olhos cheios de receio dela correr a face dele de forma preocupada.

Rocket ManWhere stories live. Discover now