Capítulo 1 - parte 2

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A caminhada pela floresta estava sendo longa, a sede e a fome que atormentadora acompanhavam a cada passo eles além de estarem perdidos tentando seguir uma linha reta torcendo para não encontrar os mesmos que mataram aquele homem.

Quem poderia imaginar que quando eles finalmente encontrassem uma fonte de água limpa e gelada, fossem se deparar com aquela fera de olhos azuis claros como o céu e pelo negro como a noite. A pantera se aproximou devagar deles, os três guardas ficaram em volta do rei, Clóvis puxou a pequena Idália para trás dele, Brayan punha em mãos a ponta da lança que acharam junto ao corpo na beira da praia, avançou junto ao animal disposto a mata-lo já que ameaçava a vida do seu rei e dos outros.

Escondida entre as folhas a pessoa vestindo a capa grossa preparou a flecha no arco mirando com precisão. A flecha voou direto entrando na perna do homem que lutava quase que corpo a corpo com o animal.

A pantera se afasta alguns passos rugindo para eles mostrando os dentes enormes e branquinhos. Erik puxou Brayan que gemeu de dor arrancando a flecha sem ponta, apenas com seu corpo afiado na ponta para que pudesse perfurar.

A pessoa que atirou desceu da árvore e foi até a pantera que se acalmou com a proximidade ao invés de atacar. Clóvis sem paciência e tomado pela adrenalina avança contra o animal que o ataca, Erik continuou a encarar a pessoa de capuz completamente fascinado e não tem tempo para ordenar que parasse. A pessoa jogou o arco nas próprias costas e o capuz cai revelando o rosto da garota quando ela gritou com o animal.

– LANCELOT

O animal saiu de cima do agora machucado e sujo, Clóvis. A pantera Lancelot rugiu para eles indo para trás da garota. Frederico segurou Idália enquanto Clóvis se levantou com a mão no ombro onde o animal mordeu, a garota os encarou e depois se abaixou segurando o focinho da fera.

- Isso é culpa sua, onde está com a cabeça para atacar eles? O tio vai nos matar.

A pantera deitou no chão como se ignorasse a reclamação da garota, vendo que o animal não a escutava e assustando o grupo de sobreviventes a sua frente ela chutou a cabeça do animal enorme que apenas continuou de olhos fechados. Ela caminhou até eles ajeitando o arco e para tirando a bolsa das costas.

– Me desculpem, me desculpem mesmo! O Lancelot ainda não tem muita preocupação em diferenciar as pessoas que chegam perto de mim quando estou descansando

– Onde estamos?

Ela os olhou e riu mesmo sabendo que com certeza não estavam bem, jogou a bolsa na pantera e se abaixou perto de Brayan vendo o local que a flecha acertou sem responder a pergunta dele.

– Você e o outro vão precisar de remédio, podem vir comigo se quiser.

– Quem é você?

– Está anoitecendo e aqueles barulhentos vão chegar aqui logo, precisam vir comigo.

Frederico puxou com respeito Erik e sussurrou no seu ouvido.

– Melhor não majestade, não sabemos quem é essa garota, nem se é humana e ela também tem esse animal. Não é seguro ainda mais com Brayan sem poder andar.

– Eu sei.

Erik olhou para Idália que mesmo com medo tentava ajudar Clóvis. Ele se abaixou perto do seu amigo e o ajudou a se erguer sendo seu apoio, mas ao invés de fazer o que a garota esperava ele se virou indo até o canto de pedras próximo a queda da cachoeira seguido pelos outros.

Vendo aquela estupidez, a garota apenas gritou a informação de que se quisessem sobreviver poderiam seguir as pedras em círculo perto das árvores. Ela pegou a mochila velha e surrada do chão, o animal se levanta e a seguiu pela floresta, vendo aquilo Brayan assim como o amigo apenas admiram aquela coisa fascinante que acabará de acontecer com eles.

– Devíamos ter ido com ela.

Idália fala baixinho subindo as mangas do vestido para molhar o lenço na água e limpar as feridas da mordida de Clóvis que tinha se dedicado a cuidar dela.

– Olhem!

Brayan apontou para a garota que aparece mesmo caminho que foi embora segundos atrás. Ela tira uma bolsa menor da que carregava de lado pendurada em seu ombro e deixou no chão sumindo novamente depois.

Frederico correu e pegou a bolsa do chão, abriu quando estava perto de todos e sorriu surpreso ao ver a quantidade de comida ali dentro.

– Tem pão e frutas aqui, e também...

Ele tira uma garrafa do meio das frutas e a abre cheirando o líquido de dentro, ele se senta perto dos outros e estende para que vissem.

– É álcool. Tem o bastante para todos nós comermos!

– Não sabemos se é seguro comer disso.

– Prefiro morrer envenenado por uma comida que cheira bem do que de fome.

– Vamos comer – Erik suspirou terminando de apertar a facha de tecido na perna de Brayan.

A que salvou o rei - Gab MachadoWhere stories live. Discover now