É terrível entrar na vida adulta de cabeça, sem nem estar preparada para todas as responsabilidades que ela exige. Contas, horários, compromissos; tudo isso para no final não receber o mínimo de reconhecimento. Me sinto como um burro de carga. Hoje eu entendo muito dos surtos de minha mãe, segurando o máximo para fechar o mês, deixar tudo em dia.
Quando digo tudo, entenda como algo dentro da lógica capitalista. O meu emocional foi pro caralho, há um bom tempo. Me ver longe da minha família, meus amigos- tudo isso mexe ainda comigo. Distante da realidade a qual eu fui criada, desenvolvendo-me diante do mundo, e suas possibilidades, quem eu realmente sou.
Fui de uma família com inúmeros problemas, porém com dinheiro para uma mãe sozinha e deprimida, cuidando de seus únicos filhos, fazendo assim o possível e impossível por eles. Para sozinha, sem ninguém além de meu cachorro.
As amizades tornaram-se essenciais para que não enlouquecesse sozinha- ou coisa do tipo. Tenho amizades, principalmente com o pessoal da minha cidade natal. Eles me tiraram do abismo por inúmeras vezes, outros desapareceram de uma forma que nem eu consigo descrever frente a essa tela. Toda via, minhas novas amizades, lidam cara a cara para com o problema, sempre ao meu lado.
Quando eu saí da casa da minha mãe, com apenas meu cachorro e algumas coisas dentro do carro dela. Não sabia o que estava para enfrentar a distância, as dificuldades. Desde a separação me via sozinha, tentava buscar forças para que a minha mãe me tivesse como ponto seguro- ou pelo menos o meu irmão; fracassei.
Única coisa que tive sucesso até então, fora na minha fama de problema que circulava pela minha família e minha escola. Por ser uma pessoa que questiona- sempre, e por não ter medo de amar. Ah, nisso eu sou realmente boa.
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