Capítulo 9

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Depois de um ano, meu pai quis me ver novamente. Ele insistiu para que eu fosse viajar com ele — uma viagem de dez semanas em meados de junho, o que significava que eu não ia passar o verão em Columbus naquele ano.

– Essa viagem veio na hora certa – disse minha mãe enquanto arrumava minha mala.

– Por quê? – eu estava deitado no chão enquanto minha cabeça explodia de dor.

– Seu avô está reformando a casa de férias. Já falei um milhão de vezes.

Eu não lembrava.

– Por quê?

– Coisas da cabeça dele. Vai passar o verão na Florida.

– Você vai com ele?

– Sim, ele não pode mais ficar sozinho. Seja como for, você vai se divertir muito com seu pai.

– Prefiro ir pra Florida.

– Não, não prefere. – ela disse firme.

Durante o tempo que passei com meu pai, vomitava no vaso sanitário e deitava de bruços no chão do banheiro, sentindo o chão frio sob o meu rosto enquanto meu cérebro se liquefazia e saía pelo ouvido.

Senti falta de Tyler naquele verão. Nunca mantínhamos contato durante o ano. Não muito pelo menos, embora tivéssemos tentado quando éramos mais novos. Trocávamos mensagens, marcávamos uns aos outros em postagens engraçadas na internet, mas sempre íamos nos afastando depois de um ou dois meses. Mas sabíamos que nossa afeição seria renovada quando nos víssemos no mês de junho no ano seguinte. Não importava quanto tempo passávamos separados, pois cada vez que nos encontrávamos, era como se fôssemos mais unidos.

No ano posterior ao acidente, perdi dias e até semanas de aula. Fui mal em várias matérias e o diretor me informou que eu teria de repetir o terceiro ano. Parei de jogar basquete. Não podia mais tocar bateria. Não podia dirigir. Os amigos que eu tinha acabaram virando apenas conhecidos.

ghost :: joshlerWhere stories live. Discover now