Capítulo 14 - O Passado (parte dois)

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Klaus

Budapeste, Hungria - 1896

Haviam se passado dias desde que beijei os lábios rosados de Mycheslaw, mas após sermos pegos pelo Finn ele saiu correndo e nem tive oportunidade de me despedir, somente a lembrança vaga daqueles lábios apetitosos. Sei que beijar a pessoa por quem Finn é apaixonado foi tolo da minha parte, mas a verdade é que eu também me apaixonei.

- No que está pensando? - ouvi a voz de Rebekah entrando nos meus aposentos.

- Na tolice que cometi - expliquei-a.

- O Finn ainda está magoado, meu irmão, mas creio que logo ele te perdoará - ela sorriu para mim - Somos irmãos, lembra?

- "Sempre e para sempre", eu já sei... - falei sem paciência - Mas eu não consigo tira-lo da minha cabeça, aqueles olhos castanhos.

- Eu entendo teu entusiasmo para amar alguém... - Rebekah suspirou incomodada - Mas tinha que ser por um garoto moribundo, e logo pelo que o Finn também cai de amores?

- O Finn é um cínico, ele estava em prostíbulos se divertindo enquanto enganava o pobre garoto, eu só estou dando ao garoto uma oportunidade de ser feliz - falei alterado já.

- Calma irmão, sobre essa oportunidade de ser feliz, você sabe que para nós é limitada não é - ela perguntou como quem não quer nada - Vidas humanas chegam ao fim.

- Eu já pensei nesse detalhe e cheguei a minha conclusão - falei e vi minha irmã esperar minha conclusão - Eu irei transformá-lo.

- Você só pode estar louco, a mamãe nunca deixará isso acontecer - Rebekah vociferou irritada enquanto se levantava.

- Ela não vai saber... Eu sei que não conseguirá acabar com meu único fio de felicidade, não é? - falei me aproximando dela.

- Eu odeio mentir para a mamãe - Rebekah falou temerosa.

- Ela nunca saberá, então não é bem uma mentira, podemos falar que eu o encontrei na cidade - tentei miseravelmente arranjar uma solução.

- Vamos precisar enriquecer a família dele se pretendem ficar juntos, Esther não deixará você se aproximar de um garoto pobre, ele tem que parecer ser influente na região - Rebekah agora andava de um lado para o outro.

- Nada que uma hipnose não resolva - sorri travesso.

- E tem o fato de vocês dois serem dois homens, eu particularmente não tenho nada contra esse relacionamento peculiar se houver amor, mas temo que a sociedade não pensa da mesma forma - ela falou nervosa.

- Eles não precisam saber, para a mamãe e o pai de Mycheslaw vai ser apenas uma transição - eu suspirei - Mas para Mycheslaw e eu, creio que vai ser a união perfeita.

- Aquele garoto moribundo mexeu mesmo com você - minha irmã sorriu para mim.

- Agora eu só preciso convencê-lo a nos unirmos e por fim nos casarmos - falei de um tom de calmaria a um tom de nervosismo.

- Não conversaram desde o episódio do baile? - Rebekah perguntou indignada.

- Não - nego com a cabeça - Mas vai dar tudo certo, a junção de sentimentos que tivemos não foi esquecida por ambas as partes.

Nós nos abraçamos no meu quarto, enquanto eu nem imaginava que do outro lado da porta o Finn ouvia toda a conversa enfurecido.

Outro dia se passou e eu não poderia mais esperar, o momento de vê-lo era agora. Peguei meu cavalo chamado Hope e cavalguei em direção ao vilarejo em galopes velozes, Hope sentia minha ansiedade.

Assim que desci do cavalo em frente a pequena loja, amarrei ele sobre uma estaca e me direcionei até a entrada, a porta simples de madeira dava um charme diferente, comparada às outras lojas do comércio. Abri a porta calmamente e senti um cheiro leve de margaridas, fui caminhando entre umas prateleiras cheias de objetos e outra com flores, verduras, legumes e frutas; tudo variado.

- Oi Tobias, que bom que já voltou, este cheiro de margaridas vem de mim, acabei de colher algumas e impregnou a mim - a voz dele era como um canto da melhor voz - Espero que a Senhorita Gredinberg não tenha reclamado do atraso, fiz o máximo que pude para aqueles pães assarem mais rápido.

Ele falava isso enquanto focava em separar as margaridas de suas mudas.

- Eu não sou o Tobias... - o seu olhar se direciona a mim ao ouvir minha voz - Mas fico feliz pelo empenho no seu trabalho.

- O-O que es- está fazendo aqui? - Mycheslaw gaguejou quase toda a frase.

- Vim te ver - me aproximei e vi ele paralisar - Senti saudades desses seus lábios.

- Fale baixo - ele sussurrou - Se alguém ouvir vamos ser linchados e expulsos do vilarejo e meu pai precisa de mim aqui.

- Eu também preciso de você, por isso, eu tenho uma proposta - sorri tão empolgado com a minha ideia, não teria como ele recusar.

[...]

- Não! - Mycheslaw gritou alto.

- O quê? - engoli a saliva em seco.

- Eu disse que não, eu não vou me casar com você, só nos beijamos uma vez - ele falou carrancudo, o que eu amei ver em seu rosto, só não mais que o seu sorriso.

- O seu pai precisa de moedas, você pode ajudá-lo o quanto for preciso, mas nunca vão conseguir ouro ou prata suficiente - me estressei.

- Estou pouco me importando com a quantidade de riquezas que você tem, eu não me caso por ouro, casamentos vem de amor e de uma união abençoada por Deus - Myscheslaw vociferou, sua irritação despencou qualquer expectativa que eu tinha para este momento.

Mas eu não sou de desistir tão fácil, eu sou o sobrenatural mais forte deste mundo - no futuro eu serei mais ainda. Ninguém me impediria de conseguir o que eu queria, eu sabia que era amor, esse sentimento desconhecido que perambulava meu coração e fazia meu âmago se encher de paz somente de vê-lo. Então eu usei da minha velocidade vampiresca e o encurralei na parede daquele ambiente simplício, encarei seu olhar assustado e sussurrei no seu ouvido.

- Então me diga que não sente o que eu sinto - ouvi o jovem arfar - Diga que não sente o que eu sinto.

- Me solte, por favor... - ele pediu, pude ouvir seus batimentos acelerados - Ou eu conto para todo o vilarejo sobre o que você e sua família são.

Eu encarei aqueles olhos castanhos incrédulo e o soltei.

- Você não faria isso - falei surpreso.

- Não, não faria, mas pelo menos eu estou livre de suas mãos... - senti um leve êxito em prosseguir com a frase - Grandes.

- Então você não me ama? - perguntei sentido meu corpo suar quase que instantaneamente.

- Não... Eu não te amo, aquele beijo foi apenas para provocar Finn, eu ainda tenho sentimentos por ele - a voz de Mycheslaw saiu em um sussurro pouco fortalecido.

- Me desculpe - falei por fim.

E sai daquele local de forma arrastada, eu me sentia um fracasso, precisava descontar tudo aquilo em alguém e decidi que seria em mim mesmo. Entrei no bar mais próximo e pedi uma cerveja, estava diante da minha primeira decepção amorosa, precisava de mais do que cerveja e foi que de relance vi uma garota sorrindo para mim e retribui. Eu precisava de sangue.

Oi gente espero que estejam gostando de saber mais sobre o passado do Niklaus e Mycheslaw, criem suas teorias porque ainda terá uma terceira e última parte de O Passado muito importante para a história. Não esqueçam de votar e comentar!!

Olhos Azuis - StamonTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang