I

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Respirei fundo. Se controla, Maya. Se controla - falei em pensamento comigo mesma. Levantei devagar do banco e fechei os olhos, tentando me acalmar. Minhas pernas bambearam e se senti que estava muito perto de uma grande e enorme humilhação pública: começaria a chorar ali mesmo, e todos veriam. Inclusive Lucas e Riley, as últimas pessoas no mundo que eu queria encontrar naquele momento, quem dirá chorando, e chorando por Lucas! Não ia ser fraca a esse ponto. Subi as escadas correndo e minha visão começou a embaçar por conta das lágrimas que se formavam. Entrei no primeiro quarto que vi e...
Ok. Aquilo era tão estranho, que apesar de não ter acontecido, minhas lágrimas poderiam ter secado. Eu achava que Farkle ainda tinha problemas para demonstrar sentimentos! E Smakle? Para mim, ainda era aquela gênia toda travada. Mas pelo visto, eles estavam mais avançados do que qualquer um no tópico relação amorosa. Rolavam pela cama de casal do quarto, se beijando muito, Smakle de pijama ainda, Farkle com o cabelo bagunçado em cima da garota. Smakle sussurrou para ele:
- Eu te amo.
Me surpreendeu muito aquelas palavras, tanto pelo que diziam, tanto pelo tom; Smakle havia abandonado o jeito robótico e travado de falar. Ela disse normalmente.
- Eu também te amo - respondeu Farkle.
Comecei a ficar sem jeito, aquilo era muito pessoal, e eu ali, parada na porta, quase explodindo. Pensei em ir embora. Mas eu não precisava, eu não queria, eu não ia conseguir passar por mais alguma coisa sozinha, eu precisava de um amigo. Fiquei. Mas eu não podia interromper eles naquele momento, era muito pessoal e...
Então Farkle me viu. Lentamente, afastou Smakle, que ao me ver, compreendeu a ação do garoto. Eu estava com uma aparência tão acabada? Não, eu tinha me arrumado para ir falar com Lucas. Então para que tanto cuidado para lidar comigo?
- Maya... são 8:00 horas da manhã. O que você tá fazendo? Que eu saiba, você odeia acordar antes de 13:00.
Ele se aproximou e eu encostei a porta. Já havia quase 2 anos, Farkle mudou o jeito de se vestir, o cabelo e ficou bem maior do que eu e a Riley. Eu era a mais baixinha do nosso grupo e odiava aquilo. Meu olhar estava fixo em um ponto qualquer do chão, quando Farkle segurou meu rosto me forçando a olhar para ele. Meio que entendendo a situação, percebendo que eu não estava bem, Smakle desamarrotou a roupa e saiu rapidinho. Farkle pegou na minha mão e me puxou para a cama. Sentados lá, eu havia baixado a cabeça de novo, com os braços em volta de mim mesma, como se para me proteger, embora soubesse que eu não precisava disso perto de Farkle. Ele me olhava fixamente.
- Maya...
De-sa-bei.
Foi a gota d'água. O que faltava para eu explodir. Ele ficou um pouco surpreso. Pudera; eu só tinha chorado na frente dele 2 vezes: quando caí de skate, quando tínhamos mais ou menos, 10 anos, e alguns meses atrás, quando tentei perdoar meu pai pelo abandono, mas...não consegui. Foi o pior dia da minha vida, acho. A conversa com meu pai, o sentimento de que eu tinha feito algo errado para ele ir embora mais forte do que nunca, falhar na tarefa do Sr. Matthews, ainda por cima chorar na frente de todo mundo, foi horrível. Topanga, Cory, Riley, Auggie me viram chorar. Farkle me viu chorar. Lucas me viu chorar! Ai, meu Deus!!! Se controla agora, Maya Hart! Você está na cama de Farkle, chorando como um bebê.
O que você se tornou?
Farkle se aproximou e eu encostei minha cabeça no ombro dele. Ele me abraçou e sussurou:
- Eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.
Mas não ia.

Girl Meets The Broken GirlWhere stories live. Discover now