⭐ ______ CAPÍTULO CINCO ______ ⭐

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Desço do jatinho, às cinco da manhã, vendo o sol surgir em meio às montanhas

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Desço do jatinho, às cinco da manhã, vendo o sol surgir em meio às montanhas. A essa hora, ou encontraria um morto em meu quarto, ou um garotinho que ainda não perdeu as esperanças de viver.

Sigo para a minha casa, adentrando o local sem pressa alguma, deixando o paletó no cabide e subindo as escadarias. Eu mal ficava em casa, então não vi problema deixar o garoto no meu quarto, já que os demais estão ocupados com os empregados.

— Senhor! — Reconheço a voz de Maria me chamando, quase minha segunda mãe.

— Sim, Maria? — A olho, vendo-a se esforçar para subir as escadarias para chegar até mim.

— Desculpe não ter ficado aqui ontem. Pedi à minha neta que olhasse o menino. — Se explicou. Sorri, assentindo.

— Tudo bem. Não se preocupe. Hm... Você foi no quarto hoje?

— Não, senhor.

— Certo. — Sigo meu caminho pelos corredores, logo encontrando meu quarto. Abro a porta, sorrindo ao ver Austin encolhido na varanda, sentado no chão e abraçando as pernas. Pelos soluços, parecia está chorando. Notei que seu braço escorria sangue, o que eu estranhei. Segui até ele, me abaixando em sua frente. — Meus parabéns! Você teve uma conquista. — elogio, sorrindo. Ele me olhou, aparentemente confuso, com os olhos inchados e vermelhos, o rosto molhado pelas lágrimas. Suas mãos tremiam e creio eu que ele estava em uma luta interna contra si mesmo.

Me ajuda... — Me surpreendi ao ouvir sua voz, baixa e falha, um tanto quanto trêmula e amedrontada. Ele conseguiu transpassar todos os seus sentimentos naquela curta frase. Ele chorava sem conseguir parar, e só então notei a minha arma abandonada ao seu lado.

A peguei, guardando em meu coldre, me aproximando dele e o puxando para um abraço. Era disso que ele precisava. Um abraço, alguém que lhe estendesse a mão. Nunca fui esse tipo, que ajuda as pessoas. Mas Austin realmente precisava de alguém. Ele foi humilhado e excluído pela própria família, preso dentro de casa a vida toda, tudo porque amava outro rapaz. Eu não vou bancar o bom samaritano e dizer que acho isso normal, para mim tanto faz, desde que não atrapalhe o meu trabalho na máfia, digo isso pelos soldados. Eu não quero saber o que a pessoa faz em casa ou com quem sai, eu quero saber do que ela é capaz na máfia. É isso que eu julgo. Nada mais.

— Vai ficar tudo bem. — O conforto, alisando sua cabeça. Ele ainda chorava, com o rosto afundado em meu peito. Seus braços estavam repletos de cortes e o sangue escorria, consequentemente me sujando. Suas mãos puxavam minha camisa com força, como se tentasse transpassar toda a sua angústia em suas forças restantes. Eu nunca conseguiria explicar, e entender, a dor que ele sentia. De qualquer forma, não precisava entender, apenas amenizar. Porque eu sei que esquecer, ele jamais conseguiria.

Fiquei o tempo necessário ali, até ele se acalmar e acabar dormindo em meus braços. Acredito eu, e tenho quase absoluta certeza disso, que Austin não pregou os olhos a noite toda. Eu podia sentir pesadamente a angústia que o dominava, a briga interna entre a vida e a morte. Ele precisava de ajuda.

O levo para a cama, o deitando na cama e o cobrindo com o edredom. Peguei a pequena maleta de primeiros socorros, limpando aquele sangue e podendo ver todos os cortes que cobriam seus braços. Olho para seu pescoço, vendo um colar simples, com uma lâmina dependurada. Resolvi tirar, o jogando no lixo. Termino de fazer os curativos e me levanto, olhando em meu relógio de pulso. Ainda era cedo. O dia estava finalmente amanhecendo.

Saio do quarto, indo até a cozinha e vendo Maria preparando o café da manhã.

— Bom dia, senhor! O que deseja comer hoje? — Questionou, prestativa.

— Apenas café, Maria. Já comi na viagem para cá. Aliás, preciso de alguns favores seus. — Falo, vendo-a me olhar rapidamente, me dando total atenção.

— É só dizer.

— Eu não confio em outra pessoa nessa senão você. Então vou deixar a missão de que cuide 24 horas por dia do garoto que está em meu quarto.

— Eu?! — Exclamou, com espanto. — Bom, posso fazer isso, mas e a casa? A cozinha?

— Não se preocupe com isso. Vou contratar novos empregados para fazerem isso. Aquele garoto passou por muitas coisas e precisa de alguém com um coração gigantesco como o seu. Eu tenho muito trabalho, não tenho muito tempo, e por enquanto é melhor ele não ficar sozinho. Vou buscar um psiquiatra particular, talvez isso seja um grande passo para ajudá-lo. — Maria sorriu, me olhando.

— Que gentileza! 55 anos da minha vida, te conheço desde que nasceu e é a primeira vez que te vejo ajudando alguém. — Insinuou, me lançando um sorrisinho debochado.

— Que isso, Maria?! Falando assim, até parece que sou um monstro!

— Um monstro lindo e bonzinho.

— Fala esse bonzinho de novo e corto metade do seu salário. — Ameaço, mas ela sabe que eu não faria isso. Maria apenas riu, erguendo as mãos em rendição.

— Tudo bem, senhor gelo-coração-de-pedra. — Brincou, voltando a cortar alguns legumes na bancada.

— Assim está melhor. — Brinco, sorrindo.

— Besta! — Resmungou, o que me fez gargalhar. Vou até ela, a abraçando e tascando um forte beijo em sua bochecha.

— Também amo você, minha baixinha que faz a melhor comida do universo! — Ela soltou um risinho tímido, me dando um tapa leve no ombro.

— Para com isso, menino!

— Menino? Meus 30 anos agradecem. Bem, vou no cassino rever algumas burocracias, então... seu novo trabalho começa a partir de agora. — Falo, já saindo.

— Mas e o café?!

— Tomo depois. Tchau! — Pego meu paletó no cabide e o visto, vendo que minha camisa branca estava suja de sangue, por conta de Austin, mas tudo bem, não vou morrer por conta de uma camisa suja, mas talvez eu morra se a droga do cassino não for inaugurada logo! Odeio incompetentes!

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Era para eu ter postado ontem, mas a correria com a volta às aulas me deixou totalmente perdida.
Então estou postando hoje para não os deixar em falta. Mas as atualizações serão todas as terças ❤

ANJO FERIDO - Seu amor é a minha cura [ROMANCE GAY] Where stories live. Discover now