Capítulo 34

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- Mai? Amiga, fala comigo - Dulce passa as mãos pelo meu rosto enquanto eu somente olho pra frente.

A notícia da gravidez me deixou em choque, eu realmente não esperava que isso acontecesse agora. Justo em um momento que minha vida não está instável o bastante pra receber um novo ser, um filho!

- Tá me deixando preocupada... Mai, se não nos der nenhum sinal de que não deu um piripaque, eu vou ser obrigada a chamar o Will... - Any se dirige até a porta mas antes que ela a abra eu corro até ela e a puxo pelo braço.

- Não vai chamar, eu não dei um piripaque tá legal... - Respiro fundo - Eu só estou em choque... E nervosa, com medo... Com muitas coisas. Vocês sabem que eu não estou preparada pra ter um bebê, olha como minha vida está. Estou cuidando da minha irmã grávida porque ela não tem onde ficar, juntando quase todo o meu salário para ajudar meus pais falidos, moro em um apartamento pequeno... Eu não sei o que fazer! - Solto o braço de Any e me sento na cama

- Te entendemos Mai. Sei que a ideia de ter um filho sem planejamento é muito assustadora, mas você tem a nós, e tem ao William. Sei que ele nunca te deixaria sozinha nesse momento, você precisa contar pra ele... - Eu nego com a cabeça

- Não vou contar... Não agora.

- Não pretende esconder isso dele não é?

- Não esconder, afinal ele é o pai... Uma hora eu irei contar pra ele. Depois que... Que nós voltarmos da viagem, eu conto pra ele, e pra todos.

- E por que não conta agora Mai? Seria uma ótima oportunidade... - Any fala se sentando ao meu lado.

- E se ele não aceitar Any? E se ele não gostar da ideia de ter um filho com uma babá, o que eu acho bem provável... Além disso, esse teste pode estar errado... Já ouvi falar muitas vezes sobre testes que falharam... - Falo enquanto me levanto

- Mai, pelo amor de Deus! Quer parar de falar essas bobagens! O William não é tão canalha a ponto de fazer isso. Você ser uma babá não muda nada o fato de ele gostar de você, de amar você! Então para de falar essas merdas e não surta tá legal? Vamos estar aqui com você... - Suspiro e assinto tentando fazer exatamente o que ela falou. Não surtar. Talvez não seja ruim como eu estou pensando, talvez ele goste da ideia e... Eu não posso pensar assim... Não posso pensar que se ele não gostar da ideia, eu vá ser infeliz. Se ele rejeitar o nosso filho, eu o crio sozinha. Não posso virar uma mulher dependente de um homem, eu nunca fui assim. E não vou ser agora, no momento em que eu preciso ser forte. Eu não vou negar que eu estou torcendo muito, assim como gostaria, que ele, pelo menos, assumisse o bebê... Mas se isso não acontecer, eu tenho que seguir em frente. Mesmo que eu ache que William não seria capaz de fazer isso, é uma possibilidade, e por mais que eu não queira, eu estou pensando muito nisso. Eu vou esperar até que voltemos, não vai demorar tanto. Assim, eu me preparo mais.

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1 semana depois...

Nessa semana que se passou, eu consegui esconder a gravidez de William, mesmo que as vezes ele me pegou passando mal, eu dava uma desculpa, e mesmo que não fosse muito convincente, eu dava um jeito de desviar de suas perguntas. Os telefonemas continuavam, mas agora, antes de atender ele sempre saía do quarto para depois voltar. Eu acordava todas as noites com ele levantando da cama, com o telefone tocando. Ligavam sempre na madrugada, e isso me deixava ainda mais intrigada para saber o que é.

Nesse tempo que passou, eu também soube não ficar tão desesperada diante da notícia da gravidez. Eu agora via como algo bom, que veio à minha vida com um propósito, tentava não pensar muito no futuro, e sim no presente, no que me acontecia naquele momento.

Agora que já voltamos de viagem, eu posso tentar arrumar minha vida e dar a notícia ao William. Minhas amigas insistiram para que eu contasse na viagem mesmo, mas eu não me sentia preparada. Agora estou dentro de um táxi enquanto falo com Hélen pelo telefone.

- Eu já estou chegando em casa, tenho novidades pra te contar - Ela fala e percebo que está bem feliz.

- Então eu não sou a única com novidades - Sorrio enquanto abro a porta do carro.

- Tem novidades também? Espera que estou correndo pra casa

- Tudo bem, eu já cheguei

Me despeço dela e pago o taxista entrando em casa logo em seguida. Suspiro quando me deparo com uma bagunça sem fim, eu deveria saber que não poderia confiar na minha irmã pra cuidar da casa. Ela não se dá bem no quesito arrumação. Coloco as chaves na mesinha e começo a arrumar algumas coisas que estavam me incomodando.

Virei Uma BabáWhere stories live. Discover now