Parte 1

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SOOOOOOOOOOLTA NEGADA!
Um presente para o meu assumidamente personagem favorito: Sasuke Uchiha.

Nada é mais humano que o amor.

Note que o amor cresce com o humano:

Ao nascermos, ele nasce para amarmos quem nos deu a vida. Amamos nossos pais, nossos irmãos, nossos parentes, amamos a vida e as coisas simples. O amor é simples como um céu azul.

Crescemos, conhecemos a nossa personalidade e o amor se reveste dela. Amamos quem se parece conosco. Amamos aquilo onde podemos ver um pedacinho nosso. 

Nosso amor adolescente é rebelde e deseja ousar, não pensa nos atos e não anda: corre, salta, voa, vai às estrelas como um foguete que quer entrar em órbita e, como nós que buscamos novas experiências porque temos sede por mais, nosso amor rebelde quer amar a todos e não amar ninguém.

Então chegamos naquele momento em que somos um jovem adulto. Ainda temos a voracidade da adolescência, mas somos adultos o suficiente para sabermos o que nos sacia. Queremos nosso lugar no mundo. O amor, tão humano, se torna um lobo em busca da sua matilha, seja construindo-a ou sendo adotado por outra, ele quer "pertencer".

O amor morre também, quando chega naturalmente ao fim, quando não é bem cuidado, não é assassinado de forma brusca, quando tem que morrer.

O amor velho, porém, como todos os idosos, é o mais sábio, é o mais forte e mais incondicional. O amor velho viveu tempo suficiente para saber que pode existir sem preocupar, pois sua maturidade e sua sensatez o tornaram imortal. O amor velho enxerga suas longas barbas ou seus cabelos grisalhos como as raízes profundas da sabedoria e da temperança.

Mas não se engane, o amor não é traiçoeiro e nem falso, tampouco vai mentir. Não. O amor é humano, pode adoecer e se converter em ódio, ou em ciúme, mas nunca será traição. O amor de verdade, o amor que existe, sabe que a traição machuca e o deixa doente e nenhum amor quer adoecer.

Note que somos orgulhosos e gostamos de atenção, o amor não é diferente. Jamais fará algo para se ferir ou se manchar. O amor é mais inteligente do que se espera, pois ele não se liga a qualquer um. Não são todos que são "meu amor". Nada é mais humano e orgulhoso que o amor, nada é mais seletivo que o amor, ele é tão exigente que nem nos deixa escolher.

Amamos de repente, quando trocamos um olhar, quando vimos de relance, quando sentimos um perfume ou ouvimos algo bom. O amor de verdade é um eterno vigia e o mais poderoso guarda protetor: espera por aquilo que o fará brilhar e quando encontra, nada o tira de sua máxima atenção. O amor não deixa que façamos planos ou que tenhamos controle, não por sermos egoístas ou porque ele é cego, mas porque é muito caprichoso e esperto.

Ele escolhe quem nos completa, quem nos faz bem, quem se liga a nossa alma, quem nos deixa descansar e quem nos dá conforto, o amor escolhe quem nos dará um amor verdadeiro.

O amor não é egoísta. Pode ser monogâmico, casar apenas com outro amor, mas nunca deixará de amar tanto quanto puder, pois os humanos se conectam com tudo e com todos quanto puder. E ele não tem gênero, apenas sabe que tem que amar quem nasceu para ser amado por ele. O amor humano ama.

Amamos nossos pais.

Amamos o céu.

Amamos nossos irmãos.

Amamos um amigo.

Amamos uma comida.

Amamos uma estrela.

Amamos um hobbie.

Amamos uma música.

Amamos uma cor.

Amamos um animal.

Amamos um pedaço nosso.

Amamos um pedaço do outro.

Nos amamos.

Amamos o outro.

E o amor de todas as cores, ou de uma cor solitária, nasce quando quando aquele sorriso mais puro que o orvalho na pétala da rosa encontra um olhar mais brilhante que a estrela mais clara.

Não precisa de justificativa para escolher. Os humanos não gostam de satisfações, então não esperem do amor, que ele não dará. Só vai ficar martelando na sua cabeça "é essa pessoa" até que o prego esteja seguro na madeira. Quando um amor encontra o seu par, os dois se ligam sem pedir licença. 

Humano é teimoso. O amor é também. Você vai querer dá-lo a outro amor, vai querer disfarçá-lo de outra coisa, mas o amor vai bater de frente. Não duvide da teimosia do amor: ela tem razão e te faz enxergar a verdade, mesmo que o amor seja cego. Ele consegue fazer todos enxergarem-no.

Foi assim que este amor encontrou o seu par e aquele amor encontrou este aqui.

O sorriso mais lindo do mundo, que estava sem alguns dentes por causa de uma queda bem arteira, se deparou com os olhos mais brilhantes do universo e os amores nasceram de mãos dadas.

-Saiam, seus moleques feiosos! - berrou o sempre estridente menino do sorriso banguela. Ele chutou o ar depois de muito bater nuns meninos maiores e suspirou, tentando ignorar a dor que o faria chorar daqui a pouco. Fitou o outro e se sentou do lado dele. - Tudo bem? Se machucou?

Aquele não respondeu, apenas se levantou e saiu correndo, sem se importar com seu joelho ralado e seu corpo dolorido. Não queria parecer frágil e, por isso, enfrentou os meninos mais velhos, porém seu corpo fraco não lhe ajudou em seu intento. Agora, fora salvo por um menino sujo de lama e de grama, ou seja, nunca seria um menino forte na vida.

Mas antes de ir embora, antes de realmente sumir das vistas do seu salvador, parou a carreira e fitou aquele menino. Ele estava tão machucado quanto si, o que significava que não era mais forte, apenas igualmente burro por enfrentar meninos maiores. Acenou para ele e recebeu o maior e mais lindo, mesmo banguela, sorriso do mundo, o que rendeu o mais incrível olhar de surpresa que o outro vira.

Todos os dias aquelas crianças se viam e, de alguma forma, o mundo se transformou: descobriram que estudariam na mesma escola e seriam colegas de classe, descobriram gostos em comum e rivalidades típicas de meninos com personalidades fortes, descobriram que eram inseparáveis mesmo distantes um do outro e que o dia segue a noite tal como a noite persegue o dia, ou seja, nasceram para serem os melhores dos melhores dos melhores amigos.
Quando mais velhos, adolescentes cheios de hormônios e de incertezas, ficaram bastante tempo separados por motivos pessoais, mas mesmo depois de três anos, quando se reencontraram, só aumentou a certeza de que, de alguma forma, eles se pertenciam.

Os anos passavam e eles maturavam em todos os sentidos, ganhando corpo, forma, cor, personalidade e estilo próprios. As dúvidas receberam suas respostas, os espaços vazios foram preenchidos, algumas verdades foram descobertas e eles chegaram ao ponto daquela sintonia que chamamos, ainda que de forma lúdica, de telepatia. Distantes, um sentia o que o outro vivia. Próximos, um sabia dos pensamentos do outro só de olhar.

Não estranhem se depois desse longo processo, os dois vivessem juntos. Suas perspectivas coincidiam das mais curiosas e improváveis vezes, de modo que com a desculpa de ser mais conveniente, os amores os convenceram a viverem juntos. E aqueles amores são profunda e egoisticamente monogâmicos.

Não se intrometa no caminho daqueles amores, mesmo que seus donos ainda desconheçam suas personalidades destrutivas por causa de algum tipo de censura social muito poderosa.


Os Anos Passam e Eu...Where stories live. Discover now