Ela fala que me adora, mas a cada dia se afasta mais. No fundo, me sinto entristecido por não me importar como achei que me importaria, minhas expectativas não me frustram, pois elas nem sequer existem.
Eu sinto o frio gelado dessa cidade, e pra falar a verdade nada mudou desde a última vez em que você esteve aqui. Eu estive me sentindo lento, triste e muito cansado, passo os dias fingindo para ti que está tudo bem, fingindo que não noto a frieza em tuas palavras que me deixam confuso até o sol nascer. Eu sou o próprio diabo, iludindo as pessoas ao meu redor e conseguindo iludir até a mim mesmo só pelo amargo prazer de sentir as pessoas em minhas mãos. Como dói ser um canalha de merda.
Você percebe que está insano quando a dor começa a ser boa, quando tenta tirar as merdas da cabeça, mas percebe que sem as merdas não te resta nada, e então, você fode tudo e inicia o ciclo novamente. Você cai, levanta sabendo que vai cair de novo, mente para si mesmo que as coisas serão diferentes e quando menos espera você se sente só, independente do número de pessoas ao seu redor. O coração pesa, pode-se sentir cada batida dele, lágrimas e o sentimento de culpa tomam conta da nossa alma.
Eu sabia, ela não fazia nada daquilo por mal. Ela me amava, era real, era intenso. Eu, por outro lado, me sentia cada vez mais distante, com o sentimento de incapacidade me puxando e arrastando para o lado contrário. Enquanto eu evitava ela, sentia que tinha uma melancólica paz, mas ainda assim era paz. Foi quando eu percebi que me dou muito melhor sendo um homem só.