O Dissimulado

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A situação na casa de aquário não era nada fácil para Milo, porque Hyoga agia como um verdadeiro dissimulado. Na frente de Camus, se desmanchava em mimos para o escorpiano e quando o Mestre virava as costas só faltava dar um tiro naquele que considerava um estorvo em sua vida.

Milo estava absolutamente focado no casamento, se dividia no chá-bar, no noivado, no casamento civil e no religioso – sem contar na grande recepção que planejava. Passava todos os dias em degustações de buffets, mostras de decoração de mesas e escolha de DJ e banda.

Camus não aguentava mais, pensava que vomitaria se tivesse que provar sequer um bem-casado. Não aguentava mais ter que escolher entre as opções absolutamente sem importância que Milo lhe dava... Terra-cota ou Cor de lavanda para os arranjos? Terracota? Isso lá era uma cor?

Em meio a toda essa confusão, Hyoga se portava maravilhosamente bem. Trabalhava conforme seu castigo no escritório do Santuário, ajudava nos afazeres domésticos de casa e tratava Milo bem na frente do Mestre. Camus estava satisfeito com Hyoga e cada vez mais casado da histeria de Milo que só pensava em casamento e reclamava de Hyoga.

Camus não sabia que as reclamações de Milo eram justas, que Hyoga estava levando o escorpiano à loucura absoluta. As caretas pelas costas do Mestre, a bagunça em sua papelada de preparativos do casamento, os telefonemas que dava para os fornecedores se passando por Milo para desmarcar compromissos para os quais Milo acaba comparecendo e dando de cara com a porta.

Milo começara a ficar nervoso demais, não apenas com Hyoga, mas com a descrença de seu noivo...

– Chega Milo! Você está nervoso com tantos preparativos e descontando no pobre do Hyoga!
– POBRE DO HYOGA? - Gritava Milo – POBRE DE MIM QUE TENHO QUE AGUENTAR O PATO TONTO BAGUNÇAR MINHA VIDA E VOCÊ NÃO FAZ NADA!
– Milo, páre de gritar... Assim é impossível conversar...
– NÃO HÁ NADA PARA CONVERSAR! OU VOCÊ ACREDITA EM MIM OU NÃO!
– Amor, eu não digo que não acredito em você, apenas acho que o stress que você está passando está afetando seu julgamento – Disse Camus calmamente se aproximando de Milo e colocando suas mãos em seus ombros para iniciar uma pequena massagem – Porque não deixamos essas coisas de casamento mais tranquilas, menos festa...
– MENOS FESTA?????!!!! ERA SÓ O QUE ME FALTAVA – Milo colocou as mãos na cintura e começou a falar de maneira estridente – EU NÃO VOU DEIXAR DE...

Foram, então, interrompidos por Hyoga que chegou com um copo de chá de maracujá gelado nas mãos e disse educadamente.

– Milo, trouxe essa chazinho para você se acalmar...
– SEU MOLEQUE DE UMA FIGA!!! NÃO ADIANTA MAIS FAZER ESSES TEATRINHOS NA FRENTE DO CAMUS!!!

Camus virou as costas e fechou os olhos, achava absurdo Milo tratar Hyoga que tentava agradá-lo a maior parte do tempo daquele jeito. Porém, assim que Camus virou as costas, Hyoga sorriu para Milo e deu uma pequena cuspida no copo e mexeu com o dedo.

– Camus, ele CUSPIU NO COPO!

Camus revirou os olhos e pegou sua pasta de trabalho.

– Estou cansado Milo, vou trabalhar...

Hyoga sorriu para Milo, estava feliz por conseguir o que queria. Sabia que os separaria de um jeito ou de outro, dessa vez agia com inteligência e não com rebeldia. Os separaria a qualquer custo.

Milo respirou fundo algumas vezes e saiu também, tinha que visitar alguns fornecedores do chá-bar deles. Faria um com o tema “branco e preto”, cheio de fotos dos dois e convidaria todo o santuário.

Havia problemas com a lista de convidados, não sabia ao certo quem convidar da parte de Camus – já que ele simplesmente disse que não tinha convidados. Milo estava decidido a resolver os problemas de infância que Camus insistia em ignorar.

Milo estreitou os olhos pensando sobre todos esses assuntos e ainda ter um adolescente chato tentando tornar as coisas ainda mais difíceis. Tentou colocar a cabeça no lugar e ser mais esperto que Hyoga, não cederia aos joguinhos infantis dele.

Se era guerra que o loirinho queria, era guerra que ele daria. Um pequeno sorriso torto escapou do rosto moreno do escorpiano, uma alegria quase velada, ele lutaria com toda a força para se casar com seu amor.

Preparativos e Provocações Where stories live. Discover now