Storm

One

Maxon Schreave's Point of View

Eu digitava rapidamente no computador. Os meus dedos corriam pelas teclas e muitas vezes eu nem conferia o que eu escrevia, apenas confiava que meus dedos já soubessem a localização de cada tecla por impulso ou costume.

O meu local de trabalho era caracterizado por várias pessoas batendo no teclado ao mesmo tempo, umas mais rápidas que as outras, ou com mais raiva. Eu levantei meus olhos da pilha de papéis do qual eu tirava informações apenas por um instante, apenas para observa-la.

Eu me sentia o cara mais sortudo do mundo tendo uma namorada como aquela. Seus cabelos castanhos estavam soltos em ondas, que caiam pelas suas costas. Ela prestava muita atenção nas informações que seu chefe passava para ela, o que me deu uma enorme vontade de beija-la.

Kriss pareceu sentir que eu a encarava, porque ela olhou em minha direção, dando uma risadinha ao perceber que eu a encarava. Eu estava longe dela, mas eu podia quase garantir que ela havia corado.

- Para de babar nela, cara! – Carter resmungou, no meu lado. Ele era o mais próximo que eu tinha de um amigo naquela sala. Todos ali sempre queriam apenas se mostrar melhores para serem promovidos e sair da parte administrativa. Eu, pelo contrário, gostava da parte administrativa.

- Eu não consigo, ela causa esse efeito em mim – respondo, brincando. Ele revira os olhos e roda na sua cadeira.

- Você podia pedir para a queridinha do chefe tirar a gente daqui de uma vez, não é? – ele resmungou, fazendo uma cara de cachorrinho sem dono para cima de mim. Eu tive que rir.

- Kriss não é a queridinha do chefe! – defendo minha namorada – Ela é só uma agente competente! Ela não tem influência para cima do chefe.

- Duvido disso, mas tudo bem! – ele resmungou. – Qual a graça de trabalhar no FBI e ficar preso na parte burocrática? Não tem como uma pessoa querer isso! Você nunca ouviu alguém dizer "Nossa, meu sonho é ser agente do FBI para digitalizar todos os relatórios de missões!"

- Eu gosto de trabalhar aqui! – digo, voltando a digitar palavras no meu computador.

- Eu acho que você está acostumado a trabalhar aqui, Maxon! – Carter fala, virando minha cadeira para voltar a encara-lo – Eu acho que você continua aqui porque tem medo de sair em campo de novo!

- Não começa, Carter!

- Não tem outro motivo pro melhor agente dessa Agencia estar aqui sentando ao meu lado, se não for o medo! – ele fala, tentando arrancar alguma coisa de mim.

- Eu estou feliz como eu estou, Carter! Eu tenho um emprego que paga bem, tenho uma namorada maravilhosa e um bom amigo! Não tem porque eu querer mudar qualquer uma dessas coisas! – me defendo, torcendo para ele ficar satisfeito com as minhas palavras.

- Humm, interessante uso de palavras – ele diz, como se quisesse ler minha alma – Você disse um emprego que paga bem, não um emprego que você gosta...

- Não é por dinheiro que todo mundo trabalha? – pergunto, fazendo ele recuar por um momento.

- Muitas pessoas podem trabalhar apenas por dinheiro, mas Maxon Schreave não é um deles! Você nem precisa de dinheiro! Você já nasceu num berço de ouro brincando com brinquedos de ouro! Não duvidaria se você falasse que seus pais moram num castelo!

- É claro que eu preciso de dinheiro! Não vivo as custas dos meus pais! – debato, feliz pela repentina troca de assunto.

- Ah, claro! Até parece que você paga aquele apartamento enorme apenas com o dinheiro que ganha trabalhando aqui! – ele fala, revirando os olhos, me fazendo rir – Eu ganho o mesmo tanto que você e mal dou conta de um apartamento que cabe dentro do seu quarto!