Julgamento

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Mais alguns dias se passaram, enquanto aguardávamos o julgamento de Gawain.  Nós estávamos impacientes e eu, mais do que todos, queria partir logo para rever Marion e já não me importava se o maldito escudeiro seria condenado ou não. Que ele fosse para o inferno, desde que fosse rápido!

No entanto, um julgamento de um nobre não era algo tão simples, principalmente um como Gawain que tinha uma família com renome e poder por trás dele. John trazia as novidades do castelo: testemunhas foram ouvidas, cartas trocadas, advogados e bispos conversavam entre eles e com o xerife.

Infelizmente, a cada dia o arqueiro parecia mais desanimado, embora tentasse fingir que ao final a justiça prevaleceria. Gawain praticara atrocidades contra os camponeses e servos do castelo e da vila de Aslan, no entanto, muitos consideravam que apenas uma reprimenda bastaria.

Thiago voltara a falar comigo e com Gillian. Nós três treinávamos com as espadas no pátio de Elizabeth, isto é, eles treinavam enquanto eu, sentado em um canto, dedilhava no alaúde uma das canções de Guillaume, quando John e Elizabeth aproximaram-se com ares preocupados.

— Amanhã será o julgamento — Elizabeth avisou-nos. — No entanto... — hesitou, e olhou para John, deixando que ele continuasse.

— Como novo senhor de Aslan, — John começou a explicar, —  ele tem o direito de agir dentro de suas terras como quiser, desde que não ofenda outro nobre ou um membro importante da igreja... — baixou os olhos, envergonhado, como se tivesse culpa por ter determinado essas leis. Então, com um suspiro de pesar, confessou: — Provavelmente, ele será solto... E eu advertido por tê-lo trazido à Nottingham e incitado as acusações.

No fundo, eu esperava isso. Eu era um nobre e sabia como as leis funcionavam. E John podia ser teimoso, mas não era estúpido. Provavelmente esperara o mesmo quando nos impedira de matar Gawain; ainda assim, quanto mais  pensava sobre aquele dia, mais considerava que ele agira corretamente.

— Fizemos o que tinha que ser feito — eu lhe disse.

Ele assentiu, chateado, e afastou-se de mãos dadas com Elizabeth. Decerto ela irá consolá-lo o restante da tarde entre os lençóis..., imaginei com  inveja, mas também ardendo com um misto de decepção e raiva.

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Não podíamos entrar na sala onde acontecia o julgamento, então esperávamos no salão do castelo de Nottingham. John estava lá dentro, pois trouxera Gawain e era quem efetuara a queixa.

Enquanto isso, eu, Gillian e Thiago tentávamos nos distrair com os relatos de Percy sobre seus últimos encontros. Desde que partíramos de Locksley, eu e Guillaume o ensinávamos a arte de cortejar as garotas e ele aprendia com facilidade.

— Você está indo bem, Percy, mas jamais deixe que uma delas saiba da existência da outra ou... — comentei, ao ouvir que ele envolvera-se com a filha de um estalajadeiro e também com uma das criadas do castelo.

Gillian franziu o cenho e interrompeu-me:

— Que espécie de conselhos está lhe dando? Uma pessoa não deve se ligar a dois amores ao mesmo tempo!

Percy defendeu-nos:

— É verdade! Mas enquanto eu não apaixonar-me preciso diversificar minhas experiências...

Assenti com um meio-sorriso. O garoto era esperto!

Thiago estreitou os olhos e encarou Gillian com um ar de acusação.

SOBRE AMOR E LOBOS Vol. 2,5: Regras de Amor e Guerra (Completo)Where stories live. Discover now