10. Life

577 54 19
                                    

- O que vocês esperam da sua vida daqui há dez anos? - O professor perguntou, nos olhando, enquanto caminhava de um lado para o outro. - O que vocês querem da sua vida daqui há dez anos?

O pensamento me fez ficar um pouco reflexiva durante alguns minutos e notei, estranhamente, que não tinha um sonho de verdade.

Quer dizer, estava acostuma a pensar que concretizar corretamente o ensino médio inteiro constasse como sonho, mas era óbvio que não. Isso era apenas um etapa da vida.

- Ser rico e ter várias mulheres! - Um garoto sentado na frente respondeu.

Era o Ty. Piadista da sala.

E como de costume, todos que estavam na sala riram de seu comentário, menos eu, que continuava reflexiva. E Jaebum, que dormia despreocupadamente ao meu lado.

Apesar da noite anterior, a qual eu não havia conseguido pregar o olho, nós não havíamos trocado uma palavra sequer hoje.

Nem mesmo quando ele chegou, atrasado, e me encarou por alguns segundos antes de baixar sua cabeça e dormir por três aulas seguidas.

Será que ele também tinha um sonho? E qual era ele? Talvez, o garoto considerado problemático desejasse ser um grande médico. Ou um advogado renomado. Até mesmo um empresário de sucesso, entre varias outras possibilidades.

E ninguém sabia. Ninguém nunca sabia porque tinha essa linha invisível entre ele e eu, entre ele e os demais alunos, impossibilitando-os de se aproximar.

Mas por que isso parecia tão errado para mim agora? E por que eu precisava me importar?

- Eu quero ser atriz - Loren resmungou, sorrindo. - Ser conhecida mundialmente e ganhar bem insuficiente para me manter se parar de trabalhar.

- Certo, alguém mais? - O professor continuou insistindo.

Mas por qual motivo? E qual era exatamente o significado por trás daquelas informações?

Era óbvio que todos nós já estávamos cientes que o exame de aprovação dás faculdades estava próximo, mas isso não mudava muita coisa.

Admitir seus sonhos em voz alta era mesma coisa que admitir o fracasso se tudo desse errado também. E eu detestava.

Mais alunos foram interagindo diante aquele debate, mas fiquei calada. Em alguns momentos, sorria com alguns comentários, como quando Natály disse que desejava ser veterinária mas tinha medo de desmaiar em todas as cirurgias por causa de seu pavor a sangue, e Jinhe quando falou que seguiria a carreira do pai: ficar em casa e jogar vídeo game até o amanhecer.

Lentamente, os outros começaram a se empolgar, dizendo por qual motivo estavam estudando, quais seus planos para depois da escola, objetivos de vida, mas simplesmente não fui capaz de interagir.

Porque eu nunca havia pensado em um depois. Para mim, para todos os meus planos, tudo acabava aqui.

E parando para pensar, soava tão idiota. A vida continuava, o ensino médio não era tudo. Logo, eu estaria à beira de mais incertezas e isso me assustava. A pressão de ser alguém me assustava.

Encarei a paisagem da janela algumas vezes e a imagem de Jaebum se fez presente em minha mente.

Por alguns segundos, enquanto observava o chacoalhar das árvores frescas e o vento bater, mesmo que suavemente pelo meu rosto, inundando a sala de frescor, isso fez minha mente parar um pouco.

Era por isso que ele olhava a janela? Para ter um pouco mais de calma interior?

Encarando o garoto ao meu lado, ele parecia tão calmo como o habitual. O cabelo escuro desengrenado e longo, a farda um pouco bagunçada, o tênis manchado de uma caneta azul, onde estava escrito a frase, mesmo que pequena, "kill me", e seu típico mp4 em mãos.

Comfortable ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora