XIX

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£ Carmem

- O QUE É ISSO? - grito quando vejo meu pai caído e ensangüentado ao chão, tudo bem que nossa convivência era demasiadamente complicada devido ao álcool, mas ele ainda era o meu pai, me doia ve-lo nessas condições... Precisava saber o que estava acontecendo.

Naquela manhã, deixei André repousando em um sono relaxado e gostoso, era lindo dormindo e apesar das maravilhas que vivemos uma inquietação, um pressentimento ruim me assombrava e eu precisava ir até ao acampamento, me lembro da ultima vez que estive assim, eu era mesmo muito nova mas um sentimento que me tomava era quase o mesmo que me arrebatou quando perdi minha matriarca, pela segunda vez em anos eu estava em pânico mesmo sem saber o que de fato estaria acontecendo. E eu não estava enganada como já desconfiava.

- Pai!! - Grito indo para junto de seu corpo ferido, arregaçado e a pequena Zaíra num gesto de amor e proteção mesmo sendo tão pequenina me acompanhou. - fale comigo pai - grito em meio a visão embasada pelas lagrimas, olho ao redor e vejo alguns borroes, pessoas cochicam e uma voz desagradável soa um tanto mais alta em provocação...

- Parece que Argemiro estava cheio de dívidas... - Rânia ralhou com maldade, seus olhos crepidando felicidade. As vezes me pergunto o que fiz de tão grave a essa mulher, como ser feliz diante da desgraça alheia?

- Dívidas no bar? - sussurro em investigação olhando para o estabelecimento da esquina. - Sem problemas, eu vou resolver com o dono, nunca imaginei que ele seria capaz disso, pagar pra dar uma surra em devedores? Era só me procurat - minhas pernas se sacodiam com se tivessem vontade própria, estava tremendo de raiva e medo.

- Não queridinha, a dívida é com os moleques do morro, daquela favela logo depois da linha do trem, - aponta com as unhas bem pintadas a direção com a postura ereta, ela havia de maneira bem baixa conquistado a confiança de nosso clã -  são dívidas com drogas, DROGAS ouviu bem? Ou quer que pendure uma faixa?- Seu sarcasmo e maldade atingem em cheio meu estômago, ela sorria em um deboche maligno, isso me assustava.

- Por Deus, Nao! - um choro de desespero me ataca. - Drogas não - meu corpo sacodia tanto que sentia dores na costela.

- Drogas sim meu bem, coisas da vida, descobrir que a filha que o abandonou se tornou uma putana barata de um milionário gadjo não deve ser nada fácil- sem pensar muito eu vôo pra cima dela mas Cristiano me impede.

- Eu não o abandonei sua cadela cretina - Cuspo em sua cara e parece que minhaa palavras a atigiriram em cheio, seus olhos cheios de furia me contaram.

- Putana Porca - Grita e nos encaramos em batalha, Zaíra me olha como se torcesse por mim.

- Não vale a pena Carmem, vou ver o que podemos fazer pelo seu papá, ele ficará em segurança. - O cigano amigo me garanre e tranquiliza, seus olhos cheios de ternura, eu ainda tinha o meu amigo afinal.

- Papá... Há quanto tempo não o chamo assim... Acho que desde que me abandonou a própria sorte, perdemos a intimidade quando me colocou sutilmente como culpada pelo acidente que levou mamãe, Oh minha santa Sara até quando as dívidas que não me pertecem cairão sobre mim? - Suspiro em desalento.

- Vá embora daqui putana! - Rânia berra em ataque ao se dar conta que nem todos ali me odiavam como ela - Você foi expulsa de nosso território, é suja é não é bem vinda, vá embora ou terei que avisar aos mais velhos. - diz estufando o peito - e você cristiano honre suas calças homem, saia de perto dessa daí. - ela o avisa.

- Rânia, de minha vida cuido eu, Carmem foi expulsa do clã mas eu quero e vou continuar sendo seu amigo, os mais velhos ja sabem não se preocupe - ela o olha com surpresa - Vou leva-la até o trevo - ele a responde de maneira irritada e direta e sinto algo estranho ocorrendo entre os dois.

A sorte está LancadaOnde histórias criam vida. Descubra agora