XV- Fugindo

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Consegui uma passagem pra duas horas depois, liguei a Bianca pra avisar e ela ir me buscar, ignorei todas as chamadas do Jonathan, não queria falar com ele. Eu entendia tudo perfeitamente, fui uma boba, achando que o que quer que ele alegasse sentir por mim era real, que ele abriria mesmo mão de qualquer uma que aparecesse só porque esta comigo.

Contei com a vantagem que ele achou que ia pegar minhas coisas, a Bi me ligou, super preocupada, eu não tinha contado pra ela, pedi mais uma vez pra nem ela e nem o Mi falarem pra ele onde eu estava e nem que ia voltar pra casa. Segundo eles, o Jonathan tava indo pro aeroporto naquele momento, mesmo eles não falando onde eu estava.

Consegui ser a primeira a embarcar no voo, assim quando ele chegou, eu já estava confortável na minha poltrona, sem chance dele me alcançar. Eu não derrubei nenhuma lagrima durante o percurso até o aeroporto, nem no voo e nem quando a Bi e o Mi me abraçaram, preocupados e assustados, não contei nada pra eles, melhor assim.

A Bi me deixou em casa e eu falei pra ela ficar tranquila e ir curtir o domingo com o namorado porque eles mereciam. Depois que ele saíram, tomei um banho e deitei na minha cama, ai sim me permiti chorar, lágrimas e mais lágrimas, que se tornaram soluços e nem o carinho da minha mãe foi o suficiente pra me consolar.

- o que aconteceu? - ela perguntava enquanto me enchia de carinho e me deixava chorar no colo dela

- ele me traiu- eu chorei enquanto contava a história inteira, ela só ouvia e me apertava num abraço que sempre pode curar tudo e agora só me consolava.

Depois de ouvir a história, ela parou pra pensar algum tempo, respirou fundo e me disse:

- você não pode ter certeza, o Jonathan é um bom menino, sempre foi correto com você, desde o início, você sempre reclama dessa Barbara, deve ter sido algum tipo de armação dela, ele não faria isso com você.

Minha mãe me deixou sozinha com meus pensamentos, eu acabei dormindo de tanto chorar, acordei no meio da tarde, com minha mãe me falando pra levantar, ir tomar um banho e comer porque se não eu não ia dormir a noite.

O domingo se arrastou, tal qual as chamadas do meu celular que eu não atendi. A Bi me avisou que ele ia pegar o voo as 18:00, se eu não queria ir dormir lá pra evitar que ele me achasse, já que em teoria, ela estaria no apartamento com o Mi. Minha mãe também achou uma boa ideia, deixar a poeira baixar primeiro.

Quando eram 20:00 minha mãe ligou, avisando que ele tinha ido em casa e tinha acabado de sair de lá, falou que não voltava pro Rio até falar comigo:

- ele me contou o lado dele da história, você devia ouvir, pode se surpreender- ela disse- quem sabe você não descobre o que realmente aconteceu se juntar a cena que você viu e o que ele conta.

- obrigada mãe, mas não, não quero falar com ele e nem dele, boa noite- era tão difícil não chorar só de pensar nele

O Mi ligou pra avisar que ele tava indo pra casa da Bi, que não acreditou que eu não tava lá.

- Ai não acredito, por que ele não desiste amiga? - eu nem tentava segurar as lágrimas, tinha desistido

- porque ele quer conversar com você, ele te ama. Eu to te acobertando porque você é minha melhor amiga, mas a verdade é que por mim vocês conversariam e fariam as pazes - ela dizia, no mesmo tom de voz que minha mãe tinha usado

Bom, se ele quer me ver, que seja:

- me leva pro apartamento dele Bi? Por favor - tinha que ser agora, eu não posso pensar duas vezes, se não eu vou mudar de ideia.

Ela pegou a chave do carro e nós fomos, no meio do caminho mandei uma mensagem pra ele:

* seu apartamento, 20 min*

Ele não respondeu, mas eu sei que ele viu. A Bi me deixou lá e perguntou se eu queria companhia até ele chegar, mas eu precisava ficar sozinha, clarear as ideias.

O apartamento estava tão quieto e frio, como a distância que havia sido criada entre o Jonathan e eu, em tão pouco tempo. Olhei nossa foto e meu sorriso me fez querer chorar de novo, abaixei a foto, não posso chorar na frente dele.

Ele chegou menos de dez minutos depois e dava pra ver que o dia dele não tinha sido fácil, ele estava com os olhos vermelhos, inchados e ainda molhados de quem parou de chorar há pouco tempo. Ele me viu e veio na minha direção, consegui colocar a mão no peito dele e impedi-lo de me abraçar:

- não Jonathan, me falaram que você queria conversar, é só isso que a gente vai fazer - era tão difícil, estar tão perto e ter que me manter tão distante, mas ele não ia saber o quão magoada eu estou.

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