Raios de Sol

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"Agora eu sou forte 

Você me deu tudo

Você deu tudo o que você tinha

E agora eu estou inteira"

Aos poucos meu consciente ia sendo despertado, estimulado pela fraca luminosidade que atravessas as longas e espessas cortinas no quarto. Abro meus olhos piscando lentamente devido o estado sonolento que meu corpo se encontrava, para só depois sentar na cama me levantando, removo o lençol da cama e envolvo meu corpo.

Ando até a varanda do quarto, abrindo a porta de vidro que desliza macia pelos trilhos. Um jato de ar frio envolve meu corpo. Sento numa das poltronas que ali ficam para observar a paisagem.

Hoje a manhã não está ensolarada. Los Angeles tem a média de seis meses de chuva que geralmente iam do mês de outubro a abril, nesses seis meses de chuva, apenas 31 dias eram chuvosos de fato.

Estamos na metade de agosto. Contudo, seja por coincidência ou não, hoje não havia um sol brilhante, não havia um céu azul e limpo de nuvens. Hoje o céu era cinza, repleto de nuvens pesadas e revoadas de pássaros que buscavam um lugar para fazer de abrigo antes que toda aquela água precipitasse.

Era como se de alguma forma inexplicável a natureza, o planeta, o cosmos, seja lá qual for a denominação da entidade. Também sentisse a nossa dor, a dor da perda, a dor sepultar um anjo em forma em forma de ser humano. Um anjo que iluminou e guiou meus passos quando caminhos difíceis surgiram na minha vida.

Como eu poderia me despedir de alguém assim? Lembrei de uma conversa a muito tempo que havíamos tido sobre morte, eu obviamente havia me recusado de todas as maneiras a falar sobre o assunto, mas Julie? Julie tinha o dom de me convencer sobre as coisas, ela disse.

- Não tenha medo Claire. – Segurou minha mão e apertou. – Está vendo essa luz? – Apontou para os raios de sol que atravessavam a janela da sua cozinha. – Quando sentir minha falta ou quando a vida ficar muito difícil, eu serei essa luz. Serei a luz que banhará seu rosto pela manhã todos os dias, a luz que continuará guiando você de onde quer que eu esteja.

A lembrança fez uma lágrima solitária escorrer pelo canto dos olhos e me fez procurar algum raio de sol que conseguisse vencer a espessura daquelas nuvens e ultrapassa-las. Mas não havia nenhum, ela não estava ali.

- Claire? – Virei o rosto, atendendo ao chamado de Henry, olhando por cima dos ombros. – É melhor entrar, está frio aqui fora.

- Já entro, me dê mais um minuto. – Digo dando um sorriso.

- Tudo bem. – Responde fechando as portas novamente.

Encarei mais uma vez a paisagem. Fiquei ali pensativa por mais um tempo, até o momento em que o lençol que me envolvia se tornou insuficiente para me manter aquecida. Levantei indo em direção as portas para dá de frente com Kal que estava sentado me olhando através do vidro.

- Oi amigão. – Digo assim que abro a porta. – Você estava me vigiando?

- Ele está aí desde de a hora que você sentou lá fora. – Henry Reponde deitado na cama. Me ajoelho ficando na altura do cão lhe dando um abraço. – Querida, precisa se arrumar, está quase na hora.

Aceno concordando e indo rumo ao banheiro para fazer minha higiene matinal. Assim que termino o banho, vou em direção ao closet escolhendo um vestido preto transpassado que vai até a altura dos joelhos com um discreto decote em v e mangas que iam até o pulso, por fim calcei meu par de scarpin preto.

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