quatro: nublado

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Ele apareceu na minha casa, no sábado, quando o dia estava nublado. Eu estava nublado. Com raiva demais. Outono de olho roxo contrastando com a íris azul.

Eu odiava ele.

Odiava gostar tanto dele.

Mesmo naquele estado, eu conseguia ver seu sorriso bobo quando debochei irritado. Me fez sorrir também.

Outono adormeceu no meu coloco aquela noite. Frágil e delicado como uma criança, vi sua respiração subir e descer enquanto chorava quase sem ar. Apertando minha mão com tanta força que doeu meu coração.

Ele tinha medo.

E eu também.

Mas mesmo assim o deixei ficar ali e fiquei também. Talvez eu fosse bobo, talvez Outono precisasse de ajuda. Queria poder salvá-lo de algumas catástrofes, evitar alguns escândalos.

Nunca soube o que houve de verdade, nem porque ele bateu em minha porta.

E não importava.

Por ele, eu o acalmaria gentilmente quantas vezes fossem necessárias.

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