Preocupações

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Sakura tentou limpar o espelho sujo e manchado com a palma da mão. Ela olhou para seu reflexo e suspirou. Não era mais a mesma garota, com metas e bons planos para o futuro. Enrolou a toalha ao redor do corpo e saiu do banheiro, que ficava em seu quarto.

Pelo menos, Itachi teve a consideração de deixa-la ter um lugar só dela.

Escolheu vestir uma camiseta marrom e uma calça jeans preta, bem colada pelo resto da tarde. Lá fora estava frio, mas dentro daquela casa, até que estava quente.

Ela pegou o telefone, discando em seguida o numero da mãe que, depois de alguns segundos, atendeu.

– Sakura! Oi querida! Como vão as coisas? – Perguntou Mebuki animada. Sakura sentiu seu coração se aquecer ao ouvir a voz de alguém conhecido, alguém que não fosse Itachi.

– Oi mãe... – Respondeu, sorrindo. – Sinto sua falta. – Sussurrou e Mebuki parou.

– Está tudo bem, filha? – A preocupação na voz de Mebuki não passou despercebida.

Claro que não!

Pelo menos, era isso que a rosada queria responder, mas escolheu o contrário. Não queria que sua mãe carregasse seus fardos.

– Sim, sim... está tudo bem! Você deveria ver as paisagens aqui, mãe. São maravilhosas! – Fingiu entusiasmo como uma verdadeira atriz.

– Fico feliz que esteja gostando. Como está Itachi? Tudo bem entre vocês? – A rosada afastou um pouco o telefone e respirou fundo, fechando os olhos.

– Sim. Estamos nos entendendo. Tudo vai muito bem.

– Eu vi Sasuke ontem e ele parecia diferente. Estava mais fechado que o normal. Estava até mais sombrio. Você sabe o que está acontecendo? Costumavam ser tão próximos...

– Não sei, não sei mesmo, mãe. Acho que ele só está cansado de ser tão controlado... – Respondeu, mas algo ali a incomodou.

– É, você deve estar certa mesmo. Ah, falando nisso, Ino viajou para a China, com a família. Ela me pediu para dizer que sente sua falta. Ela não sabia exatamente quando ligar.

– Vou ligar pra ela um dia desses. Não se preocupe. Enfim, vou tentar ligar pelo menos uma vez na semana. – Mebuki sorriu.

– Tudo bem, querida. Curta sua nova casa. Eu e papai sentimos sua falta. Se cuida!

– Também sinto falta de vocês... Tchau, mãe. – Sakura sorriu de um jeito melancólico, antes de desligar o telefone e jogá-lo em cima da cama.

##

– Itachi? – Sakura chamou baixo, descendo as escadas.

Sem resposta.

– Ita... – Parou ao ouvir a voz dele, vindo da cozinha.

– Certo. Eu espero pegar ele, antes que ele me pegue. – Ao ouvir isso, ele caminhou a passos curtos e silenciosos, se aproximando da porta que estava entre aberta.

Seus olhos verdes encararam o moreno de costas, falando ao telefone, enquanto batia os dedos impacientemente no balcão.

– Eu não vou atrair ele até aqui. Não colocarei ela em perigo, certo? – O coração da rosada começou a bater mais forte. Ela? Ele estaria falando dela? E quem seria essa pessoa perigosa? Por que ele estaria em perigo por ela?

A mente dela começou a vagar, e ela se imaginava em várias situações diferentes. Mas de uma coisa ela estava certa: Os Uchihas estavam envolvidos em algo perigoso e, muito provavelmente, ilegal. Porque, se não fosse o caso, por que não avisavam às autoridades?

Suas mãos começaram a tremer assim que ela soube que não estava segura. Ela não seria capaz de se defender sozinha e Itachi não arriscaria a vida dele por ela.

Eles eram só parte de um negócio.

E ela tinha certeza de que ele não daria sua vida por isso.

– Mandarei alguém. – Foi a última coisa que ela escutou.

Decidiu ir para a sala de estar e lá, se encolheu em um canto qualquer, abraçando o corpo com os braços e se balançando, como se tivesse esquizofrenia.

Ele guardava muito segredos. Coisas sombrias sobre ele.

Ela tinha se casado com um estranho e jamais saberia de tudo.

Numa mesa de madeira, no meio do cômodo enorme, estava uma pasta amarela. Ela se levantou e caminhou até lá, tocando o objeto com a ponta dos dedos e se preparando para abri-la.

Ela precisava daquilo.

Ela fechou os olhos e pressionou os lábios, tomando coragem.

– Sakura? – A voz dele ecoou pelo ambiente. Ela tirou os dedos da pasta, abrindo os olhos assustada.

A rosada se virou para encarar os olhos negros do marido, que a olhava, aturdido.

– E... Eu... – Tentou se explicar.

– Não ouvi você vindo pra cá. Achei que ainda estava no banho.

Então ele não tinha visto ela...

Isso a fez relaxar e suspirar baixo.

– B... Bom, eu estava. E depois eu liguei pra minha mãe e depois... eh... eu senti fome e quis comer algo. – Disse, apressada. Itachi apenas assentiu.

– Tem comida na geladeira. Pedi para que a empregada comprasse algumas coisas. Ela vem amanhã.

Ele caminhou até estar de frente para a mais nova. Esticou o braço, pegando a pasta e fazendo-a se sentir estranha pela proximidade.

– Estarei fora por algumas horas.

– Pra quê? – Ela perguntou, mas logo em seguida, abaixou os olhos. – Desculpe. – Sussurrou.

– Pra entregar isso para um amigo. – Disse, com a sobrancelha arqueada, a olhando divertido. – Se eu não te conhecesse, diria que está preocupada comigo.

– N... não estou! – Respondeu a rosada, virando a cara.

– Não se preocupe, estará segura aqui. – Ele disse, como se lesse a mente dela. E depois, bateu levemente com dois dedos em sua testa. - Eu volto logo. – Continuou, mas doce que o normal. – Fique aqui dentro.

Ela cruzou os braços e abriu a boca para falar algo e ele se adiantou, passando a mão pelos cabelos negros. – Por favor?

Ela assentiu.

– Certo, não espere por mim. Jante e vá dormir. – Disse, enquanto pegou sua jaqueta do cabideiro. – Tchau. – Acenou antes de sair da casa.

Sakura suspirou alto e foi até a cozinha. Abriu a geladeira e escolheu uma maçã verde. Era tudo o que seu estomago queria naquele momento, afinal, estava preocupada demais para sentir fome.

– Então é isso. Eu vou acabar morta? – Pensou alto, sentindo um arrepio na espinha.

(...)

Atado pelo Orgulho (ItaSaku) {Em Revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora