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Boa leitura! 💙💚

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O trem 723 nunca se atrasava. Uma maravilha da engenharia moderna, que corria pela cidade a 80 km por hora. Harry Styles pegava aquele trem toda manhã de cada dia da semana, e fez isso por dezesseis anos. Ele pegava o trem 538 para casa. Todo dia da semana. Ele ia para o mesmo trabalho, e ele voltava para casa para a mesma esposa, porque ele gostava da rotina. E ele gostava da sua vida. Não era a vida mais incrível. Não era a vida que secretamente esperava para si mesmo, mas foi boa. Ele se encaixava. E na calada da noite, quando todo mundo realmente estava sozinho, isso era tudo o que uma pessoa poderia pedir. Ele tinha um lugar no mundo, e ele se encaixava lá.

O trem 723. Toda manhã.

Harry não era o único que pegava aquele trem toda manhã. Isso queria dizer que Harry notou outro homem em particular todas as manhãs. Ele não era um homem particularmente alto. Ele provavelmente não media mais de 1,72. Ele tinha o tipo de construção sólida que revelava uma história de atletismo. Harry imaginou-o jogando futebol no segundo grau, e começou na equipe da faculdade o mais tardar no segundo ano. Ele tinha cabelo castanho e um grande sorriso. Ele deveria ter um grande sorriso. Harry nunca tinha visto o homem sorrir, porque uma pessoa não tem muito sobre o que sorrir no trem 723. Mas ele tinha linhas nos cantos de seus olhos azuis, e ao redor de sua boca, e Harry imaginava que eram resultados de largos, apaixonados sorrisos.

Ele ouvia um iPod com pequenos fones de ouvido, e lia The New York Times. Ele não descia na mesma estação que Harry. Ele ainda estava sempre sentado quando Harry se levantava para partir, e ocasionalmente, quando ele pegava o trem 538 de volta para casa, ele estava em seu lugar de sempre quando Harry embarcava.

O homem, seu inconsciente companheiro de viagem, tornou-se o ponto mais brilhante na vida de Harry. Ele era bonito, e despertou desejos que Harry havia ignorado por muito tempo. Seus ternos sempre se ajustavam perfeitamente. Eles se ajustavam como roupas deviam se ajustar em um homem, acentuando cada linha. Ocasionalmente, quando Harry era muito sortudo, ele pegava uma breve brisa da água-de-colônia do homem. Era picante, sutil e suave. Era adequado para ele, como se algum bizarro alquimista tivesse sido encarregado da tarefa de inventar o perfume que só podia ser usado por ele.

Conforme as coisas espiralavam fora do controle de Harry, seu companheiro de toda manhã tornava-se mais e mais brilhante. Era uma fixação doentia, mas o que importava? A linha tinha sido desenhada na areia, e todo dia Harry corria em direção a ela, no trem 723 a quase 100 km por hora. Mas, um computador podia fazer todo o trabalho que ele fazia, duas vezes mais rápido, e com uma fração do custo. Então, o que importava se Harry passava a maior parte de suas manhãs pensando sobre a textura da pele do homem estranho, e na forma contundente de suas unhas?

A única diferença entre aquela segunda-feira de manhã e de todas as outras manhãs de segunda-feira, era que Harry já tinha cruzado a linha na areia. O trem não estava levando-o para a Double Door Publishing, onde ele passou os últimos vinte e cinco anos de sua vida, ajustando a fonte tipográfica e preparando os itens para o processo de impressão. O trem não estava levando-o a qualquer lugar. Mas ele estava andando nele uma última vez antes de saltar na frente dele.

Starting Over (l.s.)Where stories live. Discover now