eighth

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A noite de Medellín entendeu que hoje ela precisaria ser fria, para que dois corpos pudessem se esquentar um ao outro. E foi isso que voluntariamente ao decorrer da noite, aconteceu. Jorge em meio ao seu sono, buscou está abraçado ao corpo com belas curvas, que em seus sonhos chegou a sonhar. Involuntariamente, seu corpo procurou no dela o calor e amparo que teve durante o sonho com ela.

O vento que entrava pela janela aberta, esfriava mais ainda o quarto já esfriado pelo o ar-condicionado, fazendo em certos momentos ele contrair mais seu corpo ao de Silvia. Cada assopro do vento frio na direção deles deitado na cama, era mais a distância do corpo dos dois se desfazendo com ele a envolvendo mais ainda em seus braços.

Talvez quando ele acordar ao amanhecer, ele cairá em razão e saberá que esse ato de aproximação não aconteceria com ele em pleno raciocínio.

Manter a linha tênua do correto do que realmente se pode fazer, era obrigação dele como dominador. Atos de extremo carinho poderia confundir a sua submissa, isso ele já viverá em experiência anteriores e nada acabou tão civilizadamente como deveria ser.

Silvia

Não sei qual foi a última vez que me senti assim, tão confortável e protegida em um abraço.

Tenho mais de 10 minutos acordada, mas não ousei me mover e despertar ele e esse momento se desfazer.

Sinto seus braços envolta de mim, me apertando a ele. Como se fôssemos um casal, em lua de mel acordando juntos. Mas não somos, e embora esse momento tenha me surpreendido majestosamente. Algo me diz para ficar com meus pés fincados no chão. Minha relação com Jorge, é instável. Chamo isso que temos de relação, mais ao certo, eu sei que não passa de negócios. Com contratos e cláusulas a serem cumpridas.

Esse discurso que uso como mantra, para tentar que eu mesma acredite que não posso me ilusionar com o pouco que ele me oferece, se eu falar a alguém, ela até pode acreditar. Mas sei que isso não passa de uma tentativa minha de enganar a mim mesma e aos meus sentimentos. Meu coração agora bate em compassos fora do normal, só pela simples sensação de ter dormido a noite toda abraçada a ele.

Fecho os olhos e aspiro o cheiro que desprende dele, curto um pouco mais do momento.

Em certo momento, lembro da delicadeza dele comigo a noite. Eu realmente não esperava a compreensão dele em relação a minha falta de vontade de estar no México, e em falar sobre isso.

Remoer certas mágoas e frustrações na frente dele, pra ele, fazeria eu abaixar minha guarda e me expor a ele da forma que evito. Ele pode ver minha nudez corporal de todas formas que queira e necessite, mas não a nudez da minha alma.

Já não tenho a mínima noção de quanto tempo sigo a acordada, enlaçada a ele, e pedindo aos céus que o fim desse momento seja adiado.

Em certo momento eu deva ter voltado a dormir, e levando em conta os raios solares que entra pela janela e me atinge, acredito que já deva ser um pouco mais de dez da manhã. Olho para o relógio ao criado mudo, e constato que estou certa. Já são quase onze da manhã, e estou só na cama. Suspiro com uma certa frustração, sentindo a falta dele junto a mim.

Ouço a água cair do chuveiro, e sei que Jorge toma um banho.

Será se ele acordou a muito tempo? Se levantou ao acordar ou ficou adiando a separação dos nossos corpos como eu fiz?

Com certeza, a única a agir como uma adolescente apaixonada aqui sou eu. Por mais que eu queira acreditar que ele tenha ficado acordado, me sentindo em seu abraço, sei que isso não aconteceu.

Eu preciso voltar a ser eu, a Silvia de antes.

E ficar aqui, tendo esses pensamentos e questionamentos bobos não faz parte do que eu sou.

double lifeWhere stories live. Discover now