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Callie Torres.

Acordei já na minha cama com uma puta dor de cabeça, não fazia ideia do que havia acontecido na noite anterior e nem o porquê de Arizona estar deitada na minha cama, dormindo tão serenamente que eu quase esqueci que estava odiando ela. Tentei forçar minha memória e lembrar do que havia acontecido mas depois de várias e várias doses de vodca tudo se tornou um borrão.

Me levantei lentamente tentando fazer o mínimo barulho ou minha cabeça explodiria. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, estranhei encontrar um curativo no meu braço mas ignorei e depois segui até a cozinha, precisava de muita água e um analgésico. Depois de voltar pro meu quarto e me deitar novamente, vi que Arizona estava despertando com um sorrisinho lindo no rosto. Porra, eu preciso lembrar do que aconteceu, ontem essa mulher não queria nem olhar na minha cara e hoje ela tá na minha cama, algo bem errado aconteceu.

— Bom dia. – falei me virando de lado, ficando de frente pra ela.

— Bom dia, como está se sentindo?

— Estou bem. Só não me lembro de nada, não sei nem como cheguei em casa.

— Marcela me ligou pra ir te buscar, tivemos que ir ao hospital e você tomou glicose na veia.

— Ah, isso explica o curativo no meu braço. Eu não falei nem fiz nada de mais, né? – ela sorriu, pensou um pouco mas balançou a cabeça negativamente. Suspirei aliviada.

— Só disse que me amava. – deu os ombros e se levantou, arregalei os olhos e me levantei também.

— E o que mais?

— Só isso. – eu a acompanhei até a saída do quarto, encostando minhas costas no meio da porta impedindo-a de sair.

— Arizona, pra você dormir na minha cama, eu devo ter dito muitas coisas. Então, por favor, me conta.

— Primeiro você disse que me odiava, e depois disse que me amava, que eu era egoísta e só pensava em mim, brinquei com seus sentimentos, não me importo contigo e pra fechar, só transei com você por pena.

Senti todo o sangue do meu corpo parar de correr, eu devia estar mais branca que um papel. Comecei a bater meu pé no chão visivelmente nervosa, ela não devia saber dessas coisas, eu não deveria ter dito nada disso. E agora, como eu vou consertar?

Eu tentava me lembrar de uma palavra que eu havia dito, mas era tudo um borrão, me lembrava de estar no carro de Arizona, e me lembrava dela gritando comigo, mas nada além disso.

— Olha só... Me desculpa, eu não... – não sabia nem o que dizer, não conseguia nem olhar nos olhos dela.

Por um momento eu a olhei e as palavras começaram a ecoar na minha cabeça.

— Eu acho que você nunca parou pra pensar na nossa situação. Você é filha do meu marido, porra. Como quer que eu diga que te quero e te prometa o mundo sendo que é impossível nós duas ficarmos juntas?

— Eu sei muito bem qual é a nossa situação. Você não gosta de mim porra nenhuma, Arizona.

— E você tá dentro de mim pra saber se eu gosto ou não? Você é uma criança imatura que quer tudo na hora, não aceita um 'não' Calliope. Você que só pensa em si mesma, não tem noção de como eu iria me foder se seu pai descobrisse o que aconteceu. Eu quero tanto lutar por você, quero tanto ficar com você, mas enquanto eu não achar um jeito pra isso, pode me xingar e me chamar de egoísta o quanto quiser mas eu não vou cair no seu jogo e me entregar pra você sabendo que eu posso foder minha vida.

— Não pode ser... – sussurrei olhando-a.

— Eu não acredito que você lembrou. – ela bateu a mão na testa e se afastou um pouco. – Eu sou muito idiota. Ainda te ajudei a lembrar do meu fracasso.

— Ei! – eu me aproximei mesmo ela tentando se afastar. – Você sabe que precisamos conversar sobre isso. Sobre tudo na verdade, desde o dia do bar.

— Não precisamos, finge que nada disso aconteceu, eu nunca disse nada, e nem você.

— Até quando, Arizona? Não acha que já passou da hora de tocar nesse assunto? Vai ficar fugindo de mim até quando, Arizona?

— Não estou fugindo, você sabe. É muito mais fácil ignorar o que aconteceu.

— Eu não quero ignorar, eu não quero colocar uma pedra em cima e fingir que nunca senti suas mãos em mim. – ela me olhou e negou com a cabeça, eu segurei as mãos dela fazendo um carinho bem de leve. – Quando acontece alguma coisa na minha vida, eu não deixo pra lá, eu resolvo. Você sabe que eu vou até o fim pra colocar as cartas encima da mesa.

— Ok, Callie. Vamos conversar.

Eu sorri convencida e andei até a cama pedindo pra que ela se sentasse ao meu lado, sem soltar a mão dela. Respirei fundo tentando tirar coragem de algum lugar, ela estava nervosa, me olhava de lado tentando suavizar a expressão mas era visível que ela estava morrendo por dentro.

— Vamos do início então. – ela começou. – Depois que nós transamos no banheiro daquele bar, eu pensei em você a semana toda, eu voltei naquele dar todos os dias no mesmo horário torcendo pra que você estivesse lá, pra gente conversar, se conhecer melhor, eu queria me aproximar de você. Mas aí, eu te encontrei em uma ocasião não muito boa, descobri que você era filha do meu noivo, acho que foi aí que tudo começou a dar errado.

— Você nem parecia ser a mesma pessoa que eu conheci naquele bar, eu corri atrás de você, queria consertar as coisas mas você me tratou mal e me humilhou.

— Estava tentando esquecer você, porque eu tinha me apaixonado. – Arizona abaixou a cabeça, eu me virei de lado cruzando perninhas de índio, segurei o rosto dela fazendo-a olhar pra mim e depositei um beijo calmo e rápido nos lábios dela. – Eu não soube lidar com o fato de que você era filha do meu noivo e eu estava mais apaixonada por você do que por ele.

— Tudo bem, tudo bem. – a tranquilizei quando percebi que ela iria começar a chorar. – Eu entendi, vamos falar sobre o agora, ok?

— Eu perdi o controle da situação e nós transamos aquele dia, você me provocou e eu não pensei direito. – ela abriu um sorrisinho e começou a brincar com os próprios dedos. – Não me arrependi, e mesmo eu dizendo que havia sido um erro, não foi. Porque eu quis fazer aquilo. Não foi por dó, e nem porque não tinha ninguém. Foi porque eu gosto de você, e porque eu queria transar com você.

— Eu gosto de você, Arizona, e você gosta de mim. Porque não podemos tentar?

— Queria que fosse simples assim, Callie.

— O que eu preciso fazer pra você entrar nessa comigo? Você quer que eu prometa que vou lutar por você, vou passar por cima de tudo e todos com você? Eu prometo, Arizona. Te prometo qualquer coisa, só fica comigo, por favor.

Eu estava mesmo implorando e não me importava nem um pouco com isso. Nunca fui de ir atrás, insistir mesmo quando vejo que a pessoa não quer, mas com Arizona era diferente. Eu precisava saber que fiz de tudo, tentei de tudo pra ter ela, e se isso significava pedir de joelhos pra ela não desistir de tentar, eu faria.

— Não quero que me prometa nada, Callie. Parece que você não tem noção de como isso é errado. Seu pai vai acabar com a minha vida e provavelmente a sua também.

— Ele não precisa saber e nós não precisamos pensar nisso agora. Por favor, Arizona, eu não tô te pedindo uma coisa absurda e você sabe. – ela me encarou parecendo pensar um pouco no que eu havia dito, ela segurou meu rosto com uma mão fazendo carinho na minha bochecha. – Estou pedindo pra dar uma chance pra nós duas.

— Porra, porque você é tão irresistível assim?

— Isso é um sim? – perguntei sorrindo.

— Isso é um talvez. – meu sorriso só aumentou, eu abracei Arizona forte.

— Prometo que você não vai se arrepender, vou fazer de tudo pra dar certo. Confia em mim. – ela balançou a cabeça em afirmação dando vários beijos no meu rosto.

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Querida madrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora