O Detector.

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Conheço uma pessoa que é uma espécie de "detector humano", pois cada um que cruza o seu caminho ou o meu, Dexter dificilmente está equivocado sobre "como é" e como procederá. Simplesmente em ver seu rosto, algum objeto de valor ou seu jeito de escrever. Houve um rapaz pelo qual eu fui apaixonada. Contei para Dexter como ele era brevemente e colei uma de nossas conversas para ele ver:
_ Senhorita, o garoto sofre de ansiedade. É calado. Pessimista. Rude e medroso. Não quer dizer que é má pessoa, mas é louco da cabeça. - Disse Dexter.
_ Exato. Ansioso ele é. Calado também, e é muito culto.
_ Deve ser voltado para área de exatas. Normal. Você é livre e desimpedida, então tenta. - Respondeu.
Sai com o rapaz. Depois do nosso primeiro encontro, a relação esfriou totalmente. Dexter não errou:
_ Ele nunca mais me procurou, Dexter. - Contei.
_ Ficou nervoso ao te conhecer, pois pensa que nunca vai suprir aquilo que ele acha que você precisa.
_ Como assim?
_ Você é um mulherão, logo ele se assustou. Não dou seis meses para ele tentar algo com você novamente. Não espere ele te mandar mensagem ou ligar tão brevemente, porque não vai. - Respondeu de forma direta.
Passou um tempo, comecei a me interessar por outro rapaz. Com um senso de humor inabalável, Thor.
_ Dexter, quero te contar sobre o Thor. - Comentei.
Não precisei nem mostrar uma foto ou diálogo, ele simplesmente pediu uma breve descrição.
_ 20 anos, bom senso de humor e gosta de jogos e música.
_ Tem uma tristeza incurável, uma pendência com o passado que possivelmente é relacionada com ex-namorada. Não dou duas semanas para você descobrir o que há por trás. Então presta a atenção, o senso de humor dele é relativo a suas desgraças. E talvez ele percebendo que você é madura, vai se afastar por tratar as coisas com seriedade por trás de aplicativos de relacionamento para "tapar buraco". - Disse Dexter.
_ Que seja bom enquanto durar. - Respondi.
Na mosca. Thor tinha uma pendência com sua ex-mulher. Ele ainda a amava. Ela estava grávida e ele acreditava que o filho dela era dele, sendo que a mesma já havia casado com outra pessoa após o rompimento, mas ele queria estar ligado a ela de alguma forma. Logo se afastou completamente de mim.
Contei tudo para Dexter, ele não estava nenhum pouco surpreso.
_ Detesto admitir, você é um desgraçado que sempre está certo quando se trata de relações rasas.
_ Pessoas são previsíveis, não precisa de muito esforço. - Respondeu.
Dexter sabia sobre todos. Mas houve uma época em que ele não soube como designar uma pessoa. Uma pessoa que não era somente interesse. Eu não disse nome e nem mostrei foto ou colei conversa. Apenas disse:
_ Dex, tem uma pessoa qual eu me importo. - Disse.
_ Descreva-o.
_ Eu o conheço há anos, é uma pessoa incrível. Tem mais conteúdo do que muitas enciclopédias juntas. Uma enciclopédia ambulante. Ele sempre tem a razão. De tudo. Sobre tudo. Nunca vi mais sábio e é mais teimoso do que um touro.
Dexter me interrompeu e disse:
_ Sujeito que tem a vida vazia e preenche de conhecimentos que para muitos poderia ser inútil. Ele deve ter tentado desistir da vida.
_ Exatamente. Mas ele não percebe isso.
_ Entendo. Permita-me conhecer esse sujeito.
_ Ele não gosta de conhecer gente. - respondi rindo.
_ Tá certo ele. Mas me conte mais sobre ele. - Dexter levantou curiosidades extremas.
_ Tem bom gosto musical, escreve bem, toca guitarra e tem facilidade em aprendizado. Recusa imitações. - Salientei.
_ Permita - me conhecer o sujeito. Eu insisto. Você parece gostar dele, e não somente ter um interesse raso. - Insistiu Dexter.
_ Essa não seria a hora de você dizer pra mim sobre meu futuro com o sujeito? - Perguntei afrontosa.
_ Não consigo. Ele não parece humano. Me permita conhecê-lo ou ver uma foto.
De tanta insistência, concedi a Dexter o pedido. Chamei Dexter para sair, prometendo entregar em mãos uma foto do sujeito que eu não só gostava, mas acreditava sentir química e amor. Saímos. Dexter me buscou de carro e fomos até a praia. Eu estava com a evidência do sujeito guardada em minha bolsa dentro de um livro. Dexter me perguntou:
_ Esse sujeito já namorou?
_ Já, foram tentativas frustrantes e só amou uma só mulher de verdade em sua vida. Transou com várias, beijou várias, mas amar, somente uma.
_ Entendo. E você? O que acha que ele pensa de você?
_ Não sei, ele é uma incógnita. Mas na verdade é o cara mais sensível que eu já vi, mesmo que ele me diga o contrário.
_ Entendo.
Dex estava curioso e aflito para ver a foto do sujeito. Chegou mais perto de meu corpo e então falei que iria mostrar a foto do sujeito. Pedi que Dexter fechasse os olhos enquanto tirava o livro da bolsa. Enquanto Dexter estava de olhos fechados eu abri a página onde estava o retrato e posicionei em frente a seu rosto.
_ Pode abrir os olhos, Dex. - Respondi.
Dexter abriu os olhos e não entendeu o que viu. Era um espelho, era ele mesmo. Então perguntou onde estava a foto.
_ Você é inteligente pra tanta coisa mas tão lerdo em outras. - Respondi rindo.
_ Sua danada! - Respondeu rindo.
Antes que eu o respondesse Dexter me beijou. Nos entregamos um ao outro fazendo amor, e não simplesmente sexo. Sentíamos algo forte, talvez amor. Mas Dexter não era humano, era um anjo, um anjo caído coberto de razão que vagava pela terra há muitos anos.

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⏰ Last updated: Nov 30, 2019 ⏰

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Detector Humano.Where stories live. Discover now