Twenty three

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  Quando eu vou para meu quarto Carol ainda não está de volta, as aulas dela terminam duas horas depois das minhas. Enquanto preparo meus livros e anotações para começar a estudar, resolvo ligar para Valquíria. Ela não atende, deve estar ocupada. Eu queria tanto que ela tivesse entrado na faculdade comigo, seria tudo muito mais fácil e confortável. Nós poderíamos estar estudando ou vendo um filme juntas agora. Minha culpa por ter beijado Natasha está me consumindo, Valquíria é tão doce, e não merece ser traída. Eu tenho muita sorte de ter ela em minha vida, ela me conhece melhor do que ninguém e sempre está lá por mim. Nós nos conhecemos desde sempre. Quando seus pais mudaram para a minha rua eu fiquei super animada por ter alguém da minha idade e mais animada ainda quando a conheci melhor e percebi que tinha uma alma mais madura, assim como eu. Juntas nós fazíamos tudo, levamos vida para a estufa que tinha atrás de minha casa. Era lá onde eu me escondia quando meu pai voltava bêbado para casa, apenas Val sabia onde me achar. Com o passar dos anos nossa amizade se tornou algo a mais, e nenhuma das duas tinha namorado antes.

Eu mando uma mensagem falando que a amo e decido tirar um cochilo de vinte minutos antes de estudar.

  Não haviam se passado nem dez minutos de cochilo e uma batida na porta me acorda. Carol deve ter esquecido sua chave. Ah, claro que não é ela, é Natasha.

- Carol ainda não está de volta. - eu digo e volto para minha cama, deixando a porta aberta para ela. Porque ela se dá o trabalho de bater? Eu sei que ela tem uma chave extra que Carol deu para ela caso a loira se trancasse do lado de fora. Eu preciso de falar com ela sobre isso.

- Eu vou esperar.- ela diz e senta na cama de Carol.

- Sinta se a vontade. - eu reclamo e ignoro a risada que ela dá quando puxo meu cobertor e fecho os olhos. Não tem a menor chance de eu dormir sabendo que Natasha está em meu quarto, porém prefiro fingir estar dormindo do que ter que forçar um diálogo estranho. Eu tento ignorar o barulho dela tamborilando os dedos na cabeceira, então o alarme dispara.

- Vai em algum lugar? - ela pergunta e eu reviro os olhos, ainda que ela não possa me ver.

- Não, eu estava tentando tirar um cochilo de vinte minutos.- eu digo e me sento.

- Você coloca um alarme para garantir que vai dormir apenas vinte minutos? - ela ri.

- Sim. - qual o problema dela? Tudo que ela faz é me zoar. Eu coloco meus livros na ordem das aulas que eu tive, e as anotações de cada matéria em cima de cada um deles.

  - Você tem TOC ou algo do tipo?

  - Não, eu só gosto das coisas feitas de certa maneira. Não tem nada errado em ser organizada, Natasha. - eu retruco e ela ri. Eu me recuso a olhar para ela, mas percebo que ela está se movendo. Por favor não venha para cá, por favor não venha para cá. Ela para do meu lado e pega minhas anotações de literatura. Eu levanto o braço para pegá-las. Ela, como a idiota que é, as levanta mais alto e eu tenho que levantar para alcança-las, então ela as joga para o alto, fazendo uma enorme bagunça.

- Pega agora! - eu mando e ela dá um sorrisinho debochado antes de pegar as de sociologia e fazer a mesma coisa. Eu me abaixo rapidamente para pegar as anotações, antes que ela pise nelas e a ruiva apenas ri. - Natasha para! - eu digo e ela pega outras anotações e faz a mesma coisa. Eu as pego de chão e levanto, empurrando Natasha com força para longe de minha cama.

- Uh, alguém não gosta de ter suas coisas bagunçadas. - ela diz, ainda rindo. Porque ela está sempre rindo de mim.

- Não! Eu não gosto! - eu grito e empurro-a novamente. Ela dá um passo a frente e segura em meus pulsos, me empurrando contra a parede. Seu rosto está a centímetros do meu e eu estou respirando rápido demais. Eu quero gritar para mandar ela me soltar e ir embora, ou obrigá-la a pegar minhas anotações ou até mesmo dar um tapa nela, mas eu não consigo, estou paralisada. Eu estou congelada contra a parede e hipnotizada com seus olhos verdes azulados queimando nos meus.

  - Natasha, por favor. - eu finalmente acho as palavras.

Não sei se estava pedindo para ela me soltar ou para me beijar. Minha respiração ainda não tinha diminuído o ritmo e a dela estava aumentando. Segundos parecem horas e ela finalmente solta uma mão dos meus pulsos. Por um segundo achei que fosse me bater, porém sua mão sobe lentamente para a minha bochecha, removendo o cabelo e colocando-o atrás da orelha. Eu juro que posso ouvir sua pulsação quando seus lábios gentilmente tocam os meus e o fogo espalha por meu corpo. É essa, a sensação que eu estou procurando desde sábado a noite. Se eu pudesse sentir apenas uma coisa pelo resto da minha vida, seria isso. Eu não me permito pensar no porque de eu estar fazendo isso, ou em todas as coisas horríveis que ela vai dizer depois.

Tudo que eu quero focar é na maneira como ela solta meus pulsos, e como ela pressiona meu corpo contra o dela, me apertando mais contra a parede, e também como sua boca tem gosto de menta novamente. Como minha língua segue a dela e a maneira como meus braços enrolam em seu pescoço. Suas mãos seguram o topo de minhas coxas e ela me levanta, minhas pernas automaticamente envolvem sua cintura. Fico impressionada com a maneira a qual meu corpo reage ao dela. Eu penetro meus dedos em seu cabelo, puxando-o gentilmente, ela vai andando devagar para a cama, seus lábios ainda colados nos meus.

Meu subconsciente consegue me alertar, de alguma maneira, que é uma má ideia, mas eu simplesmente ignoro. Eu não vou parar dessa vez. Eu puxo o cabelo de Natasha com um pouco mais de força, ouvindo um gemido dela. Esse som me faz gemer em resposta, é o som mais sexy que já ouvi e faria qualquer coisa para ouvir novamente. Ela se senta na cama, comigo ainda em seu colo e suas mãos em minha cintura, seus dedos apertam minha pele, a dor é maravilhosa. Eu começo gentilmente a me movimentar em seu colo, indo para frente e para trás lentamente e seu aperto fica mais forte.

- Porra. - ela respira em minha boca e eu sinto algo que nunca senti antes, estando em cima dela. O quão longe eu vou deixar isso ir? Eu me pergunto, mas não tenho a resposta.

Suas mãos soltam minha cintura e vão em direção a barra da minha blusa e ela começa a puxar para cima. Não acredito que estou deixando, mas não quero parar. Ela para nosso beijo quente para puxar minha blusa pela cabeça. Seus olhos encontram os meus e vão em direção aos meus peitos. Ela morde os lábios, parece estar admirando meu sutiã preto liso.

- Você é tão sexy, Wanda. - a ideia de falar coisas inapropriadas durante esses momentos nunca pareceu tentadora para mim, mas ouvir Natasha dizendo essas palavras é a coisa mais sensual que já ouvi.

Eu nunca compro nenhuma lingerie chique, por que ninguém, nunca vê, porém agora eu gostaria de estar usando uma. Ela provavelmente já viu todos os tipos de sutiã, a voz irritante na minha cabeça me lembra.

  Para tirar os pensamentos da minha cabeça eu me movimento um pouco mais rápido em seu colo, ela me envolve com seus braços e me puxa para mais perto dela, nossos seios estão se tocando quando a maçaneta da porta se abre. Eu me jogo para o lado, saindo do colo de Natasha, o transe que eu estava se desfaz enquanto visto minha camisa rapidamente.

Carol entra no quarto e olha para mim e Natasha. Sua boca imita o formato de um pequeno "o" quando ela se depara com a cena. Eu sei que minhas bochechas estão muito vermelhas, não só pela vergonha, mas também pela maneira que Natasha me fez sentir.

- O que foi que eu perdi?- ela diz enquanto nos encara com um grande sorriso.

- Nada. - Natasha diz e levanta, saindo do quarto sem nem olhar para trás, assim que ela sai do quarto, Carol começa a rir e eu fico ainda mais vermelha.

Depois de Você - WantashaWhere stories live. Discover now