#24

87 12 23
                                    

Sim, Larissa me achou um pouco esquisita quando pedi a ela para me ajudar a pesquisar empresas de limpeza em Copacabana. Todavia, depois de explicar minuciosamente o objetivo da busca, minha amiga concordou em participar da loucura.

Depois de horas em frente ao celular tomando limonada e stalkeando lugares que vendiam detergente e alvejando como se fossem contrabandos, eu e La chegamos à conclusão de que as suspeitas mais prováveis eram Perolin, Hipê e Paux, pois as três permaneciam ativas até às 2 da manhã, mesmo estando fechadas para visitação e tudo mais.

Quando já era por volta das 23h, tomei meu banho, pus um short soft e uma regata preta. Mesmo que eu quisesse bancar a "bandida" saindo à noite toda de preto, infelizmente ainda estava em Copacabana, onde até de noite o calor era insuportável.

Numa pequena bolsinha, coloquei algumas coisas para casos de urgência, como meu celular e alguns trocados.

Olhei o horário. 23h29. Naia já devia estar quase...

— Ô, Clara, você viu minha meia bran... oxi, que roupa é essa?!

Droga! Eu havia esquecido de fechar a porcaria da porta.

— É um pijama estiloso, seu chato! E não, eu não vi sua meia! — Disse já o empurrando para fechar a porta.

— Estiloso? E agora até pra dormir as pessoas têm que estar estilosas? Se é que dá pra chamar essa coisa estranha aí de "estilosa". — Debochou.

Quase bufei.

— Tchau, Mateus! — Tranquei a porta.

Foi quando escutei dois toquinhos na janela.

Naia...

— Já vou... — Sussurrei perto da mesma, já virando a trava. — Pronto.

— Que bom que realmente fez como pedi. Pensei que estaria dormindo. — Falou rindo ao passo que pulava a abertura. Mostrei a língua para ela discretamente. — A propósito... está pronta, né?

— Aram. — Concordei com a cabeça. — Até já arrumei minha bolsinha de emergência.

— Olha que menina mais inteligente! — Naia exclamou orgulhosa. — Vamos ver o que tem nessa...

O sorriso murchou.

— Um band-aid, uma barrinha de cereal, uma chuquinha de cabelo e 50 centavos? Clara, quantos anos você tem mesmo? — Questionou com sarcasmo.

— Ué, band-aid pra caso de um machucado, uma barrinha de cereal pro caso de bater fome, uma chuquinha de cabelo pra caso precisemos amarrar alguma coisa e 50 centavos pra caso precisemos comprar algo.

Piscando lentamente enquanto desviava o olhar, como quem até desiste de argumentar, ela simplesmente fechou a bolsa. Não contive o riso.

— Vamos? — Perguntou já se preparando para pular a janela.

Olhei para trás um instante, apaguei a luz e, respirando fundo, refleti sobre o que estava prestes a fazer.

Ok que não era o mais correto sair escondida de madrugada, mas havia uma razão muito boa para aquilo. E como havia...

Então, sentindo a adrenalina se misturar gradativamente ao sangue em minhas veias, me permiti respirar fundo mais uma vez e soube que sim; eu queria ser a heroína daquele imenso horizonte azul cheio de vidas.

E iria.

— Sim, Naia. Vamos lá salvar o mundo.

*~*~*~*

Tudo Começou Aqui [Concluído]Where stories live. Discover now