Sim, Larissa me achou um pouco esquisita quando pedi a ela para me ajudar a pesquisar empresas de limpeza em Copacabana. Todavia, depois de explicar minuciosamente o objetivo da busca, minha amiga concordou em participar da loucura.
Depois de horas em frente ao celular tomando limonada e stalkeando lugares que vendiam detergente e alvejando como se fossem contrabandos, eu e La chegamos à conclusão de que as suspeitas mais prováveis eram Perolin, Hipê e Paux, pois as três permaneciam ativas até às 2 da manhã, mesmo estando fechadas para visitação e tudo mais.
Quando já era por volta das 23h, tomei meu banho, pus um short soft e uma regata preta. Mesmo que eu quisesse bancar a "bandida" saindo à noite toda de preto, infelizmente ainda estava em Copacabana, onde até de noite o calor era insuportável.
Numa pequena bolsinha, coloquei algumas coisas para casos de urgência, como meu celular e alguns trocados.
Olhei o horário. 23h29. Naia já devia estar quase...
— Ô, Clara, você viu minha meia bran... oxi, que roupa é essa?!
Droga! Eu havia esquecido de fechar a porcaria da porta.
— É um pijama estiloso, seu chato! E não, eu não vi sua meia! — Disse já o empurrando para fechar a porta.
— Estiloso? E agora até pra dormir as pessoas têm que estar estilosas? Se é que dá pra chamar essa coisa estranha aí de "estilosa". — Debochou.
Quase bufei.
— Tchau, Mateus! — Tranquei a porta.
Foi quando escutei dois toquinhos na janela.
Naia...
— Já vou... — Sussurrei perto da mesma, já virando a trava. — Pronto.
— Que bom que realmente fez como pedi. Pensei que estaria dormindo. — Falou rindo ao passo que pulava a abertura. Mostrei a língua para ela discretamente. — A propósito... está pronta, né?
— Aram. — Concordei com a cabeça. — Até já arrumei minha bolsinha de emergência.
— Olha que menina mais inteligente! — Naia exclamou orgulhosa. — Vamos ver o que tem nessa...
O sorriso murchou.
— Um band-aid, uma barrinha de cereal, uma chuquinha de cabelo e 50 centavos? Clara, quantos anos você tem mesmo? — Questionou com sarcasmo.
— Ué, band-aid pra caso de um machucado, uma barrinha de cereal pro caso de bater fome, uma chuquinha de cabelo pra caso precisemos amarrar alguma coisa e 50 centavos pra caso precisemos comprar algo.
Piscando lentamente enquanto desviava o olhar, como quem até desiste de argumentar, ela simplesmente fechou a bolsa. Não contive o riso.
— Vamos? — Perguntou já se preparando para pular a janela.
Olhei para trás um instante, apaguei a luz e, respirando fundo, refleti sobre o que estava prestes a fazer.
Ok que não era o mais correto sair escondida de madrugada, mas havia uma razão muito boa para aquilo. E como havia...
Então, sentindo a adrenalina se misturar gradativamente ao sangue em minhas veias, me permiti respirar fundo mais uma vez e soube que sim; eu queria ser a heroína daquele imenso horizonte azul cheio de vidas.
E iria.
— Sim, Naia. Vamos lá salvar o mundo.
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Tudo Começou Aqui [Concluído]
FantasyMaria Clara tinha uma vida de adolescente quase normal. Terceiro ano do Ensino Médio, uma melhor amiga, um irmão mais velho chato, uma mãe louca, um pai implicante, colegas idiotas na escola e uma coisa detestável chamada "invisibilidade social". P...