O Combinado

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Só havia uma coisa a fazer, e Rony sabia disso. Harry e Hermione não podiam se machucar, estavam completamente desprotegidos. Apesar de que com certeza se machucaria, isso se não pior, aquilo era maior do que seu próprio umbigo, se Snape pegasse a pedra, Voldemort voltaria, e o mundo seria ameaçado.
- Espere um momento... - disse Harry.
- Você entendeu não é, Harry, quando eu fizer o check, a rainha irá me comer, e então você estará livre para fazer o check-mate - explicou Rony, e Hermione estava confusa.
- Rony, NÃO - gritou Harry. Hermione gelou: seja lá o quê Rony fosse fazer, não seria nada bom.
- O quê? - ela perguntou.
- Ele quer se sacrificar! - respondeu Harry. O coração de Hermione errou uma batida e parou por uns segundos. O desespero tomou conta do seu corpo como nunca, e ela sentiu seu sangue congelando pelas suas veias, mas não prestou muita atenção, tudo que pensava era Rony.
- NÃO! - foi tudo o que ela conseguiu fazer: gritar. Mas mal sabia ela como esse grito abalou Rony. O de Harry já havia lhe causado um pesar no coração, o de Hermione perfurou suas entranhas como facas. Mas era por eles, pelo mundo, pela segurança de todos.
- Vocês querem evitar que Snape pegue a pedra ou não?! - ele disse. Nem Harry nem Hermione responderam - Olha, Harry, se tem alguém que tem que continuar esse alguém é você! Não sou eu, nem Hermione, é você - ele afirmou. Os dois continuaram calados, então ele ordenou:
- Cavalo na H3 - a sua peça começou a se mexer, tentava não pensar no que aconteceria quando a rainha o atingisse, mas sim no que aconteceria se eles não impedissem Snape. E foi com esse pensamento que ouviu um barulho alto, o seu cavalo desmoronou, algo bateu em sua cabeça, mas ele não teve tempo de sentir dor. Simplesmente apagou.
E Rony caiu no chão, inconsciente.
- RON! - ela gritou, saindo da sua casa.
- HERMIONE! NÃO! ainda estamos jogando! - lembrou Harry. Com um aperto no coração, a garota assentiu. Harry saiu do lugar e Hermione precisou se controlar para não correr atrás dele, para o impedir...
- Check-mate - anunciou o menino. A espada do rei caiu: o jogo terminara. Hermione correu para ver o ruivo.
- Ele vai ficar bem, temos de continuar - disse Harry, com a mão no seu ombro. Ela disfarçadamente enxugou uma lágrima e assentiu.
*
Quando saiu da sala, foi direto ver Rony. Ele ainda estava inconsciente. Com certo esforço a menina o levantou e passou a mão de Rony pelo seu pescoço, colocou a mão na cintura do menino e saiu de lá, mancando um pouco.
Ela passou pelas chaves sem problemas, atravessou a lateral, evitando o visgo, e se deparou com um problema: como passaria por fofo, se sua flauta estava perdida? Foi quando música clássica começou a tocar. Ela prontamente puxou a varinha, apontando para o alçapão, e Dumbledore apareceu, para seu alívio.
- Srta. Granger! - disse o homem - Vá com o Sr. Weasley para a Ala Hospitalar, Madame Pomfrey cuidará de vocês... Espere um momento, onde está Harry?
- Está lá dentro, depois das poções - afirmou Hermione.
- Ah, obrigada, e Fofo continua dormindo, não se preocupe - ela agradeceu com a cabeça e subiu. O cachorro de três cabeças babava e dormia, o som da música ao fundo. O mais rápido que pode, Hermione chegou à ala hospitalar.
- Céus! - exclamou Madame Pomfrey ao vê-los. Ela deitou Rony em uma cama, aplicou uma poção na sua cabeça e o fez beber outra, ainda inconsciente. Já para Hermione ela agitou a varinha e seu pé parou de doer imediatamente, mas só Rony importava, Rony e Harry.
- ...Mione? - ela se assustou: Rony havia acordado.
- Sim? - ela respondeu, sorrindo.
- Cadê Harry?! - ele perguntou.
- Dumbledore foi ajudá-lo, ele está bem - ela respondeu, o tranquilizando.
- Desculpa te chamar de pesadelo, você não tem nada de pesadelo - ele disse. Ela sorriu.
- Você já se desculpou, e eu devia te agradecer, se não tivesse dito aquilo eu não teria ficado amiga de vocês - ela disse.
- E por que isso é tão importante? - quis saber o ruivo. Ela exitou um pouco, mas Ron já era seu amigo de verdade, e tinha direito de saber.
- Antes de eu vir pra Hogwarts, eu estudava em uma escola trouxa, e lá eu era vítima de bullying, porque eu era... Um pesadelo - o peso atingiu o estômago de Rony, o peso da culpa e do remorso - E as pessoas não me deixavam em paz. A única coisa que eu queria era ter amigos, mas o pior: eu tinha poderes que não sabia controlar... E eu... Tive tanto medo... - ela começou a chorar, e muito. Rony a abraçou.
- Tudo bem, agora você sabe controlar seus poderes, e você tem amigos, e não é um pesadelo, eu fui um idiota de ter dito aquilo - ele disse ainda abraçado à ela.
- Tudo bem, isso é passado - ela respondeu, e eles se separaram. Neste momento Dumbledore entrou na sala com Harry nos braços, inconsciente.
- Pelas barbas de Merlin! - exclamou Madame Pomfrey. Rony e Hermione saíram correndo atrás do menino.
- Ele está bem? - perguntou Hermione, com o coração na boca.
- Só desmaiou, em breve estará bem - disse a mulher. O alívio invadiu os dois com tanta força que começaram a rir sem motivo.
- Uau, que bizarro - comentou Rony, quando acabaram de rir.
- O que é bizarro? - perguntou Hermione.
- Eu e o Harry desmaiamos, mas você não - disse Rony.
- Mulheres são seres superiores - disse Hermione, em tom divertido, e começaram a rir novamente, agora com um motivo. Após falarem com Dumbledore e descobrirem que era Quirrel e não Snape, eles saíram para os jardins, pois ambos já estavam bem.
- Hermione?
- Hm?
- Vamos fazer um combinado? - perguntou o ruivo.
- Que tipo de combinado?
- Vamos trocar cartas o verão inteiro, sem deixar de nos falarmos, pode ser? - a felicidade de Hermione não cabia nesse universo. Ela pulou em cima de Rony, o abraçando e quase o fazendo cair.
- Obrigada! - ela disse, ao se afastarem.
- Não me agradeça, eu é que devia te agradecer - disse Rony.
- Por que?
- Por você nos ajudar nas matérias, por ter salvado nossas vidas várias vezes e por estar viva - ele respondeu, e suas orelhas ficaram levemente vermelhas.
- Owwn! Valeu, Ron, e você salvou minha vida primeiro - ela disse.
- Mas você salvou depois, o tempo não torna menos importante - ele disse.
*
Hoje era a partida, onde iriam pra casa. O trem parou na estação lotada de gente. Eles desceram, atravessaram a plataforma juntos e saíram em King's Cross. Hermione correu para ver seus pais, Rony igualmente, já Harry só queria distância dos tios. O Sr. Weasley, pai de Rony, ficou encantado em conhecer os pais de Hermione. Os meninos se despediram de Harry, e voltaram um para o outro.
- Não esqueça nosso combinado - lembrou o ruivo.
- Nunca - ela respondeu, sorrindo, e com um último abraço no amigo, Hermione saiu da estação, e Rony foi em seguida.

Love Is The Name - RomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora