Um dia para ser esquecido
Mulheres e crianças aguardavam escondidos em seus lares os soldados que bravamente tentavam resistir ao ataque aos portões em Ēlýsion. Mesmo distante da vila ouvia-se o barulho de metal e os gritos dos combatentes que resistiam às forças de ataque.
Em cima de uma montanha, Hansen comandava o exército de criaturas do submundo, entre eles os batedores sicários, seres de velocidade, agilidade e força além dos mortais e, no céu, quatro imensos dragões se divertiam com o extermínio abaixo, incendiando tudo à frente. O calor aumentava cada vez mais, cinzas de destruição espalhavam-se por todos os cantos misturando-se ao sangue dos combatentes abatidos. O som estridente dos dragões negros nos céus era o cântico da morte anunciada. "Não os deixem aproximar do portão" - gritava o estratego à tropa que resistia bravamente, mas sem muito sucesso. "Mantenham a chama acesa."
Não muito longe dali, quem ainda se mantinha vivo corria inutilmente de um lado para outro com os rostos tampados pelas finas vestes de tecido branco. O chão tornou-se incandescente pela brasa vermelha. O pânico era geral.
Alguns se ajoelhavam dentro de casa, orando por Zeus e para Héstia pela proteção dos céus, que nunca chegou. Os gritos aumentavam cada vez mais. Famílias inteiras viravam cinzas em segundos, tornando-se pó, juntando-se ao telhado que desabava incandescente. Tudo era destruição e chamas.
Em meio ao pânico, um guerreiro destemido escoltado por uma pequena armada tentava ajudar os sobreviventes que ainda restavam, mostrando um lugar seguro onde os horrendos dragões não poderiam alcançá-los. Tudo aconteceu muito rápido e cada instante que passava era importante para salvar o máximo de pessoas possível, em meio a probabilidade que ficava cada vez mais reduzida, com o suor escorrendo pela testa e o coração acelerado ele rezava para que ainda tivesse a chance de encontrá-los com vida. " Por Hera, que estejam bem."
Sua roupa de paladino composta por uma armadura de fácil mobilidade e capa não era o bastante para lhe proteger do calor.
Passou por alguns vales onde haviam pedras e rochas. Bem no alto havia um lugar isolado, totalmente longe da área de combate, mas não incólume às chamas dos dragões negros. Era um templo vermelho, neste momento coberto pela fuligem branca. O cheiro de queimado no local era horrível, Admus não se arriscaria a olhar para o lado, onde haviam pessoas caídas, mortas. Tinha medo do que poderia presenciar a seguir, fez algumas orações e continuou a andar, agora mais devagar. Pelos deuses, eles teriam que estar a salvo.
Desequilibrou-se. Por pouco bateu o rosto no chão de pedras a frente. Alguma coisa encostou em seu rosto. Era um cordão que prendia uma pedra azul, cianita, que sempre usava depois que entrou para a aliança. Lembrou-se da missão que deveria cumprir a todo custo. Usou as mãos para se proteger da queda. As mãos ficaram com um misto de terra e sangue.
Limpou o machucado na roupa. Uma lembrança.
Achava-se em um templo, junto com mais uns vinte cavaleiros. Recebendo as ordens que vieram da Deusa Héstia. Na frente de todos um pedestal de mármore branco, no centro, uma chama de cor cintilante, no centro dela não havia um fogo qualquer, mas a Fênix em toda a gloria. Ao seu lado, a deusa a tocava sem ao menos sentir o calor da chama, seria a última vez que veria aquele grupo.
" Daqui a dois dias, quando a lua crescente e vênus iluminarem à noite, nascerá aquele que liderará os soldados contra o mal maior. Infelizmente perderemos esta primeira batalha, mas a vitória final dependerá da sobrevivência dessa criança ".
A lembrança daquele momento solene dava-lhe um sopro de coragem para seguir em frente, a maioria dos quem juraram fidelidade não veriam a luz do amanhecer. Porém sentiu-se como o único que conseguiria cumprir a tarefa.
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Estrada para Yellow Rose - O primeiro Yänmir
FantasyEm eras imemoriais, existia um lugar de grande beleza chamado Ēlýsion, onde seres mágicos de vários universos, deuses, semideuses e humanos viviam em relativa paz. Um dia, dois irmãos, Zoran e sua irmã Ethel foram condenados a viver longe da luz pel...