Parte VII

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             Desejei vingança. Desejei que ele perdesse algo ou alguém importante para ele e o magoasse. Por isso utilizei me de Ariel. Sua filha predilecta, que o substituiria no trono. 

Ariel de novo me procurou. Cuidou de mim. E quando restabeleci completamente. Voltamos ao mundo dos humanos, uma vez que vivia na escuridão numa caverna. 

" Tia, posso entrar no castelo?"

" Penso que não haverá problema. Afirma que tratas-te de uma camponesa necessita de alimento."

          E assim fez. A armadilha estava lançada. Eu tinha conhecimento que o príncipe Eric vivia nesse castelo, e estava a procura de uma noiva. O problema era que ele tinha uma namorada diferente todas as noites. 

Não seria difícil Ariel se apaixonou por ele, inocente como era! E de facto foi o que aconteceu .  Mas para meu espanto. Ambos se amaram de verdade. O pai descobriu, e obrigou Eric a desposou outra mulher. Foi o fim de Ariel. Não precisei de utilizar minha magia. Ela tirou a sua própria vida. 

      Mas  claro que sou culpada como o pai de Eric. Aproximei os dois sabendo que seria uma união que não resultaria. Esperava que Ariel tivesse um desgosto de amor, que seu pai ficasse com imensa fúria e a tirasse da sucessão do trono. 

A sua fúria virou contra mim. Era responsável pela morte da sua querida filha. Ficaria presa na floresta das feiticeiras negras. Nessa floresta vivi enclausurada. Apenas algumas ratazanas e cobras me faziam companhia. Aproveitei a peles mortas das cobras e os ratos mortos para fazer poções. Foi a época que transformei-me numa verdadeira feiticeira. 

    Já não podia regressar ao mar, perdera o meu encantamento. Apenas restava a minha magia. E com ela criei o meu negocio.Viajantes paravam na minha caverna para comprar poções e pedir leituras do futuro.  

Foi através disso que voltei e reencontrar Richard. Mudara muito. Pele flácida, sem sorrisos e olhos tristes. No inicio não o reconheci. 

" Meus companheiros a recomendaram. Afirmaram que pode ler sinas."

" Que tipo de sina?"

" A sina do Amor."

" Qual é o nome da dama?"

" Ursula. Arrependo-me de ter roubado sua voz. Ela era uma sereia. E desde do seu encantamento não sou o mesmo."

" O senhor é o capitão Richard?"

" Deixei de ser capitão quando roubei o teu tesouro."

" Como me encontras-te?"

" Tenho o meu faro de pirata."

" Não queres mais aventuras?"

" Apenas se tiveres disposta a vive-las comigo."

" Não garanto que serás meu companheiro. Mas podemos trocar favores."


           Navegamos por muitos mares . Roubamos tesouros. Enganamos os ciganos. E roubamos muitos beijos. Mas nunca nos casamos. E muito menos tivemos filhos. éramos um casal de piratas, companheiros de armas e negócios. Criamos uma bela ligação. 

Tanto eu como o Richard nunca conseguimos seremos fieis. Necessitávamos de vàrias criaturas para satisfazer os seus prazeres carnais. Nenhum alguma vez foi herói. E não se arrependeu das suas escolhas. Sabíamos que éramos procurados. Mas conseguíamos sempre escapar. 


    Quando Richard apanhou uma forte tuberculose, afastou a sua mais recente amante, e exigiu a minha presença.

" Eu não pretendo morrer sem dizer todo o que sinto. Eu adoro-te , mas nunca seria capaz de casar contigo. Admiro-te de mais por teres enfrentado o Tritão. Mas nunca teria filhos contigo. Que diabretes seriam? Mas não seria capaz de dividir-te com mais ninguém. Por isso, querida capitã, o nosso relacionamento nunca teria dado certo. Somos os dois possessivos. Não medimos as nossas consequências. E todo o que queria era não voltar a ferir-te de novo. Por isso... Devolvo-te de novo o teu tesouro. Está na altura de regressares ao mar. "

       O mar chamava de novo por Pérola. Sebastião já idoso estava a minha espera. Eu deixava o meu passado para trás. Ursula morrera com Richard. Pérola viveria uma nova vida. E nessa vida ela ter um final feliz. 


    643 palavras

O canto de UrsulaWhere stories live. Discover now