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Olha o carro do ovo passando na sua porta...

Despertei a esse som e no desespero de saber que já passa das 7h. Eu tava muito atrasada pra aula extra e ninguém me acordou pra falar ao menos isso.

Abri os olhos sem demora e a luz do sol veio com tudo pra dentro deles, a cortina da janela estava aberta e a luz veio direto pra minha cara amassada pelo cobertor bordado.

Sentei com um pouco de desequilíbrio e coloquei meus pés no chão frio. Um belo choque que fez minha alma voltar mais rápido pro meu corpo nessa manhã.

Cocei meus olhos enquanto tateava o aparador a procura do meu celular. Era impossível ele não ter tocado. Eu havia deixado ele no carregador antes de dormir.

Quando o encontrei e abri meus olhos confirmei que o tinha deixado conectado no carregador, mas infelizmente o filho da mãe não tava conectado na tomada.

Respirei fundo tentando não surtar com isso e levantei da cama colocando a maldita tomada no plug.

Depois saí do meu quarto e andei até o banheiro para escovar os dentes. O silêncio tava tomando conta da minha casa, e isso era estranho pra caramba. Eu tenho dois irmão gêmeos de 6 anos e uma irmã de 8. Eles simplesmente são uma sinfonia de pedreiros e máquinas de cortar grama juntos. Mas naquele momento estava tudo muito quieto.

Escovei meus dentes e lavei o rosto. Depois de o enxugar, amarrei meus cabelos no alto. Eu tenho cachos afro bem definidos, o que automaticamente materializa uma placa dizendo: proibido pentear fora dos dias de lavagem.

Isso é bom. Eu não preciso pentear os cabelos todos os dias e eles sempre estão bonitos.

Eu amo meu cabelo encaracolado.

No caminho pra cozinha, já conformada com a perda do dia de aula, já que são 9h34 segundo o relógio de parede do corredor, percebi que minha mãe ainda dormia.

Esse definitivamente não era um dia normal. Para mim, minha mãe nem dormia. Eu nunca a vejo dormindo. Ela sempre tá fora trabalhando ou auxiliando meus irmãozinhos com os deveres escolares superdificeis deles (quando eu deixo).

— Mãe? — a cutuquei sentando na beirada da cama.

— Humm... — ela gemeu de olhos fechados. — Sophie?

— Mãe, você tá doente?

Porque ela parecia doente.

— Amanheci com uma dor no corpo... Dor de cabeça. — sua voz saiu cansada.

Toquei sua testa e senti o calor saindo do seu corpo.

— A senhora tá com febre. Deve ser virose.

— Você não ía estudar hoje? — ela estranhou.

— A aula foi desmarcada. — menti e ela torceu o bico.

O que minha mãe mais incentiva é o estudo. Só faltamos aula quando estamos doente. Então preferi não estressar ela.

— E os meninos?

— Vou mandá-los pra escola agora.

— Que horas são?

— 7h15. Vou te dar um remédio e a senhora dorme um pouco pra melhorar. — levantei. Se eu falar que é mais de 9h ela esquece a doença, salta da cama e me mata.

— Sophie. Depois que levar os meninos na escola, cubra meu dia no trabalho. Eles não sabem que adoeci.

— Tá bom. — assenti sem nem saber o que vou fazer.

Mas eu tava muito atrasada pra tudo. Dei o remédio pra ela e acordei os pestinhas às pressas. os vesti, diz uma vitamina, eles tomaram e corri pra levá-los no colégio, que é a alguns metros da nossa casa.

Tive que implorar pro porteiro abrir o portão do colégio pra eles entrarem. Aquele moribundo é difícil de convencer, mas consegui com um pouco de desespero e lágrimas.

Corri em casa e perguntei o endereço de casa onde minha mãe trabalha de secretária do lar.

— ... aí você vira a esquerda e é uma mansão com os muros cobertos de uma planta trepadeira.

— Ok. — anotei no bloquinho junto com o endereço. — Como é o nome deles pra eu confirmar?

— São os Carters. — respondeu.

Segurei as bolas dos meus olhos no corpo rezando pra que existam muitos Carters ricos nessa cidade. Porque eu sei de um Carter. Jason Carter. Ele estuda na mesma faculdade que eu. Ele é uma peste devoradora de garotas. Egoísta, insensível... Um filho da puta.

Espero não precisar conhecer a puta que o pariu hoje. Devem ter outros Carters na cidade.

* * *

Eu pisei o pé na mansão e não sabia se trabalhava ou ficava admirando a beleza daquele lugar. A primeira opção foi obrigatória. Expliquei nos mínimos detalhes o problema que levou minha mãe a faltar e tive que jurar que sabia fazer as coisas igual ou melhor que ela pra governanta da casa. Tereza.

E eu pensando que governanta só existia em filme de Hollywood.

Ela disse que era dia de arrumar os quartos e limpar os banheiros. E que isso era pra ter feito pra ontem.

Até então não tinha visto nenhum sinal de Carter pela mansão, aí comecei a subir as escadas segurando um balde, dentro dele vários produtos de limpeza, uma escova, uma flanela e um pano de chão, na outra mão uma vassoura, um rodo e um esfregão, sem contar na roupa de empreguete que usei, uma verdadeira empreguete. E uma mulher apareceu na minha frente. Cabelo muito preto pra ser natural, magra, pele muito clara, roupa elegante e salto.

— Funcionária nova? — ela franziu o cenho.

— Não na...

Ela me cortou.

— Não, não, não fale nada. O primeiro quarto é o segundo a esquerda. Não saia de lá sem limpa-lo. Pode expulsar o folgado de lá. Foi eu quem ordenei. — voltou a descer as escadas.

Pela autoridade como ela falou, adiantei minha subida e cheguei ao segundo quarto. Bati na porta e depois a abri.

Minhas pupilas dilataram com o que meus olhos viram. Belas costas nuas escapavam dos lençóis de seda. Um cabelo sedoso e desgrenhado estava interrado no travesseiro junto com o rosto dele.

Pigarreie afim de acorda-lo, afinal, seria impossível trabalhar com uma visão dessas.

Ele pigarreou levantou a cabeça e olhou pra mim.

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A Redenção De Jason Carter - Completa Na DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora