Oh, o natal.

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A minha casa finalmente estava completamente enfeitada. E com os pais de Poncho e o meu pai e os meus irmãos, devidamente instalados em quartos de hospede que tínhamos naquela casa enorme.
As vendas das roupas estavam crescendo cada vez mais.
Era dia 22 de dezembro. Eu passava pelo quarto do meu pai para poder pegar minha bolsa no meu quarto, quando ouvi uma conversa dele com meus irmãos.

Enrique: Vocês sabem que eu não posso fazer nada. É uma decisão dela. Eu provoquei muito sofrimento para a Annie durante todos esses anos, e eu não posso chegar e falar pra ela que Bia está quase entrando em depressão por causa da indiferença da filha.

Alex: O pai ta certo Anna. E além do mais, você lembra da nossa conversa com o Poncho. Ele disse que ela não pode sofrer nenhum tipo de aborrecimento.

Anna: Mas, a Bia ama tanto a Annie.

Enrique: Nós sabemos disso. A questão é se ela sabe disso.

Alex: A questão é se ela vai perdoar tudo.

Enrique: Ela sabe que Bia foi sempre a mãe que ela buscava. Talvez ela só tenha errado em ter gostado tanto de mim.

Sai dali e peguei minha bolsa.
Chamei um táxi e sai de casa, sem dizer nada para ninguém.

Alguns minutos depois, o motorista do táxi ainda dirigia para o local que eu havia lhe informado.
A neve caia lá fora, e o frio era surpreendente.
Abracei-me, e senti as lagrimas caindo.
O motorista olhou para mim e eu tentei esboçar um sorriso, que saiu bem falsamente.
Olhei para fora, e vi todas as luzes piscando. O motorista parou e eu olhei para a casa com pintura rosa bem clarinho e que não havia nenhuma decoração de natal.
Sai com cuidado do carro e fui com mais cuidado ainda ate a porta daquela casa.
Bati a campainha e esperei.
Olhei para meus pés e sorri, se Poncho pudesse ver como eu havia obedecido ele pelo menos uma vez na vida, ele sentiria menos preocupado.
.

Beatriz: Annie?

Annie virou-se: Podemos conversar?

Beatriz abriu a porta para que ela pudesse entrar: É claro, entra.


Entrei na casa, e ela me levou ate a sala.
Ofereceu-me um chá e eu recusei.
Nada era mais importante do que ouvir o que ela tinha para me dizer.

Beatriz sentou, ficando assim de frente pra Annie: Você vai ficar uma gravida linda.

Annie: Obrigada. Você... bem, você está morando aqui sozinha?

Beatriz: Sim. Seu pai não deixou que eu fosse para um hotel, então fiquei por aqui mesmo.

Annie: Você iria me contar a verdade algum dia Bia?

Beatriz olhou para o chão: Quando você era pequena, eu tentei contar. Mas, eu simplesmente não conseguia. Quem iria querer uma mãe que fosse apenas uma babá?

Annie sem poder segurar o choro: EU! Eu queria uma mãe, não me importava qual profissão ela seguia. Eu apenas queria uma mãe. Se você tivesse me pedido para guardar segredo. Eu guardaria.

Annie sem poder segurar o choro: EU! Eu queria uma mãe, não me importava qual profissão ela seguia. Eu apenas queria uma mãe. Se você tivesse me pedido para guardar segredo. Eu guardaria.

Bia chorando: As coisas não são tão simples, Annie. Quando Marina descobriu a minha gravidez e bateu em mim, foi a pior sensação que eu tive. Em um segundo eu era completamente feliz por saber que eu tinha uma filha, e no instante segundo eu estava com muito medo de perder o que eu tinha de mais precioso.

Annie levantou do sofá e ficou de costas para ela: Mas no final das contas você perdeu Beatriz. Você perdeu a menina que você sempre cuidou.

Bia olhou para o chão: Eu confesso que perdi. Mas, foi o melhor que eu pude fazer. Eu não tinha dinheiro, era tão nova e eu amava tanto o seu pai. E se eu pudesse fazer você conhece-lo e ao mesmo tempo poder cuidar de você, então, eu pensei que seria o melhor que eu poderia fazer por você!

Annie olhou para ela: Você sempre quis o meu bem não é? Sempre cuidou de mim, mesmo sem eu perceber!

Bia olhou para ela: Sim, eu sempre tentei cuidar de você, mesmo depois que você foi morar com o Paul, eu tentava cuidar de você.

Annie voltou a sentar: No começo você me visitava, depois, você simplesmente sumiu.

Bia: Sim, eu sumi por que havia percebido que você havia crescido. Mas, sempre que eu podia procurava saber de você.

Annie pegou nas mãos de Bia: Eu não a julgo, tão pouco eu a responsabilizo por ter sofrido por causa daquela mulher que dizia ser a minha mãe. Sabe por que Bia?

Bia olhou para as mãos das duas e para ela e fixou o olhar no rosto de sua menina.

Annie sorriu: Por que você sempre foi minha mãe. A que esteve comigo, a que me educou, que me amou. Eu... eu amo você... mamãe. E eu não poderia ser mais feliz do que sou agora, e eu não poderia ser ainda mais feliz, se você... você não participar da minha vida.

Luz dos OlhosWhere stories live. Discover now