O SORRISO ERRADO, A MENTIRA CERTA

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Capitulo 1

A minha vida não é fácil, prendo o choro pois estou no ônibus de voltando para casa, sinto o meu estomago revirar, todas essas misturas de sentimentos são demais para mim. Enquanto o ônibus se movimenta todas as memorias vem em flash na minha mente, tudo o que passou até agora, e o que está por vir.

ANTES

Saio da faculdade apressado, corro pelo corredor até os elevadores, minha amiga Jess vem logo atrás de mim.

- Aonde você vai com toda essa pressa?? Esqueceu até de assinar sua Ata de presença e você sabe que o senhor jhonson não é o mais simpático de todos

Volto a sala e encontro o senhor jhonson guardando suas coisas

- Senhor jhonson, será que eu poderia assinar a Ata de presença? É que estou atrasado pois minha mãe se encontra no hospital. Minto para que ele me deixe assinar, afinal minha mãe se encontra no trabalho e eu preciso sair dessa sala.

- Mike, entendo sua situação mas quero que você mantenha a calma, não sei se é apenas por isso, mas percebo você muito desatento nas aulas, tem que voltar a si ou não conseguirá entregar seu trabalho de conclusão de curso.

Faço um sinal de que entendi e logo em seguida ele me permite assinar a Ata, dessa vez após assinar saio com calma da sala, mas assim que chego no corredor, corro, quando chego nos elevadores Jess ainda me espera para irmos embora.

- Agora vem cá, lindo. Pra onde o moço vai com essa pressa que não me falou?

- Estou indo a um date, e se você me conhece sabe o mar de coisas que podem dar errado nisso, apenas me deseje sorte

O elevador chega ao térreo e eu saio as pressas, deixo Jess para trás e vou em direção a rua, tudo o que vem em mente é que preciso me alimentar para o que vem a seguir, quase nunca tenho encontros, e quando tenho raramente eles dão certo. E se for pra dar errado que pelo menos eu esteja alimentado.

Na cidade onde moro não tem um clima fixo igual essas cidades que a gente vê na Europa, tem dias que acordo e não levo o guarda chuva pois sei que não irá chover, mas na metade do caminho tenho o desprazer de encontrar a chuva, não que eu a odeie, apenas odeio o fato de não me encontrar com o guarda chuva.

Chego na parada do ônibus, o meu ônibus normalmente sempre demora, e o calor que se encontra no momento só falta derreter meus neurônios, mas por casualidade do destino o vento que sopra chega a ser bem reconfortante. Na parada enquanto espero, observo o fluxo de pessoas que entram e saem da academia que se encontra na frente da parada. Ao observar percebo os caras que saem, me imagino como seria se eu tivesse a chance de um dia namorar um desses. Sem perceber meu ônibus chega, embarco e sento na janela, como de costume, ponho meus fones de ouvido, além de serem um ótimo calmante para minha ansiedade, também evita conversas no ônibus, não que eu seja antipático. Apenas não gosto de conversa quando estou super ansioso.

Capitulo 2

Desço na parada perto de casa e vou andando ate o meu apartamento, chego em casa e encontro o local devastado, minha gata a qual adotei a pouco tempo destruiu as contas que chegaram pelo correio, de uma certa forma isso chega a me deixar feliz, pois vai tirar minha cabeça do meu date e diminuir a minha ansiedade. Como um ser ansioso, fico feliz quando tenho coisas para fazer, mesmo que mínimas, me ajudam a esquecer.

Saio catando os papeis que minha gata deixou gastado no piso do meu apartamento, me perguntando como meu amigo Gabriel ainda não veio bater na minha porta. Nós fomos praticamente criados juntos, nossas mães se conhecem e foi assim que começou, e olha que coincidência do destino, ambos gays. Mas voltando ao foco, ele ja deveria estar aqui, mora só dois andares acima do meu, e ele me prometeu que hoje viria para prepararmos um almoço e ele me ajudar a me preparar para o date.

Ele finalmente chega, sempre com seu jeito meio louco de sempre, sem contar sua delicadeza que é igual um coice de égua quando se irrita com algo.

- Finalmente a bonita chegou, achei que teria que fazer o almoço sozinho hoje

- Ai gay, desencana, você sabe que eu sempre venho seu besta. Mas qual vai ser o cardápio, linda?? Ou você mais uma vez vai querer pedir por aplicativo e ficar bebendo vinho?

- Então, é que eu estou com muita vontade de comer esfiha, você sabe o meu vicio por isso.

- Tá vendo, depois reclama que eu atrasei, não tinha nem que se preocupar ja que a madame vai pedir delivery

- Ai!!!!!, mas você sabe como sou quando fico ansioso

- Eu sei, mas você precisa ir com calma, você se entrega muita e nós sabemos como isso acaba, não quero ver você chorando por mais um macho não viu.

Pego o celular e escolho vinte esfihas, dez de calabresa com mussarela que são as minhas e dez de carne que são as favoritas do Gabs, mais um refrigerante de 2 litros por que não adianta comer besteira, tem que deixar o rim em estado lamentável.

Continuamos o papo, ele me falando que não devo cair na lábia de mais um, e obvio, falando dos seus vários casos, mas nenhum deles mais duradouros que 1 noite. As vezes queria conseguir ser desapegado igual ele, ser esse espirito livre, mas a minha essência de "trouxa" não me permite.

Capitulo 3

Certo, tá na hora. Terminei de me maquiar e Gabs esta me ajudando a achar a roupa ideal, não posso me dar ao luxo de me vestir feio como faço nos 365 dias do ano, talvez essa seja minha vez. Talvez dessa vez o destino me ajude.

Chamo um Uber, o local não é tão longe, é apenas 30 minutos da minha casa ate o shopping, se tem uma coisa que minha família me ensinou é que sempre que for encontrar alguém, encontre em locais públicos porque ai você não corre o risco de ter seus órgãos roubados ou ser mandado para um pais para se prostituir.

Esse não é apenas um encontro, vou aproveitar para comprar um presente para minha mãe, já que domingo é seu aniversario. Chego ao local e me dirijo a praça de alimentação como combinado, ele me pediu para esperar ele por aqui pois poderíamos conversar antes.

Balanço a minha perna para liberar a ansiedade que passa pelo meu corpo, tem horas que não sei definir o que é a ansiedade e o que sou eu, já fazem anos que convivo com isso, é como se fosse a minha cruz, uma cruz da qual nunca poderei me livrar. O celular vibra:

Ele: Onde você esta? Já estou na praça de alimentação

- Estou na frente do Lanche do gênio com uma camisa rosa.

Eu o avisto, nada diferente das fotos que vi em seu perfil, ele anda como se estivesse em uma passarela com vários holofotes, esta vestindo uma camisa listrada branca com um azul marinho puxado para um preto, seus olhos são em um tom castanho avelã, um sorriso maravilhoso. Ele me avistou e já esta chegando.

- Oi, como você esta? Pergunta ele com um perfume exuberante, certeza que é importado, nunca senti essa fragrância antes.

DEPOIS

- Oi, como você está? Chegou em casa?

Não sei porque ele ainda me manda mensagens, não depois de hoje, não o quero por perto, a presença dele me mata, cada palavra parece uma agulha penetrando em mim.

Já é tarde e ainda não liguei para minha família como tenho o costume de fazer todas as noites, pego o celular e ligo para minha mãe. Controlo a voz de choro e o nariz entupido, ela atende.

- Oi filho! Como você esta?? não ligou mais cedo, fiquei preocupada.

- Oi mãe, tá tudo certo, não liguei antes porque estava ocupado, mas tudo esta na sua normalidade. Tenho medo que ela note minha voz, mas tudo passa despercebido.

- Que maravilha, aqui tudo continua na mesma, não aguento mais o tedio desse local, preciso de algo para fazer, mas é tarde já, irei dormir e sugiro que você faça o mesmo

- Irei sim mãe, boa noite tá, amo muito você!!

- Boa noite, também te amo muito filho

Coloco o celular em modo avião e o bloqueio, não quero ler suas mensagens nem muito menos que ligue pra mim para ouvir sua voz. O ônibus faz uma parada e nela entra poucas pessoas, mas o suficiente para lotar o ônibus.

ANTES ( CONTINUA...)

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⏰ Last updated: Sep 28, 2019 ⏰

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