Capítulo 24

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[•DOIS MESES DEPOIS•]

Estou completando cinco meses de gestação, sigo morando na casa da minha mãe, quando contei da gravidez ela não me deixou de forma alguma ir embora, mas foi o melhor pra mim, aqui eu me cuido melhor e tenho muito mais tempo pra me dedicar ao que realmente importa. Nunca mais tive notícias do Nicolas, ele simplesmente sumiu do mapa, até liguei no escritório onde ele trabalhava e ninguém sabe dele, isso é bem preocupante mas nunca mais me infernizou então pra mim tanto faz.
Luan veio aqui apenas uma vez no dia em que fui fazer ultrassom, ele fez um show aqui perto no dia e pediu pra me acompanhar, apesar de tudo acho que ele desencanou um pouco de mim, li até em alguns sites de fofoca que ele estava se encontrando de novo com uma ex-namorada, não perguntei nada e ele também não me contou, mas se estiver feliz é o que importa, eu fico feliz por ele.

POV Luan
Hoje tenho reunião no escritório, pela primeira vez em anos fui o primeiro a chegar, fiquei na sala do meu pai até dar o horário, resolvi dar uma olhada nos e-mails e vi um de alguns dias atrás em nome de uma clínica, o nome não me era estranho, pesquisei no google e vi que foi a clínica onde fiz o DNA com a Martina, que estranho. Cliquei no link e vi que se tratava de uma cobrança, mas não faz sentido já que o exame foi pago na hora, não tem nada pra ser cobrado agora. Pensei um pouco e resolvi buscar o e-mail, vi que já teve varias mensagens trocadas... A primeira delas partiu do meu pai, dizia que queria um exame e oferecia 150 mil pra que independente de qualquer coisa, o resultado desse negativo. Não é possível. Isso não pode ter acontecido. Ele não faz isso, não pode ser. Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo, peguei meu celular e liguei para Martina na mesma hora, não demorou muito e logo ela atendeu.

Ligação on
_ Tina, eu preciso falar com você
_ Oi Luan, pode falar
_ Tem que ser pessoalmente, você tá na casa da sua mãe ainda?
_ Tô, mas o que aconteceu? Me fala
_ Não tem como falar por ligação, eu vou aí
_ Luan tá doido? Você mora em outro estado, vai vim aqui só pra me falar alguma coisa?
_ Eu tenho que ir, vou ainda hoje, me manda o endereço certinho
_ Você tá me assustando
_ Martina, confia em mim, só separa todos os exames e tudo que você tiver da sua gravidez e me espera, acho que chego depois do almoço
_ Me adianta o assunto
_ Sua filha, só isso, depois a gente se fala
Ligação off

Desliguei o celular, o guardei no bolso e sai daquela sala, meu pai estava na recepção conversando com alguns assessores, pensei bem e decidi não falar nada, apenas saí batendo à porta, ele veio atrás me chamando e eu o ignorei, não entra na minha cabeça que meu próprio pai tenha feio isso comigo. Liguei para meu piloto e falei que precisava ir urgente pra Minas, ele me atendeu prontamente e fui até o aeroporto. Logo depois pousamos.

POV Martina
Luan me deixou completamente apavorada, deve ser algo muito grave pra ele ter que contar pessoalmente, eu só consigo pensar no Nicolas, eu não vou me perdoar nunca se ele tiver feito alguma coisa contra o Luan. O interfone tocou finalmente, era ele, alguns minutos depois vi pela janela um carro preto estacionando na frente de casa, desci correndo e ele veio em minha direção.
_ Martina -ele me abraçou forte-
_ O que foi? O que aconteceu? Fica calmo -ele se afastou-
_ Podemos conversar lá dentro?
_ Claro, vem -entramos em casa e subimos direto para meu quarto, ele se sentou na cama e não parava um segundo de mexer a perna, jogou o celular na cama e me olhou muito sério-
_ Tina, você tá bem? Como tá a bebê?
_ Estamos muito bem, agora anda, desembucha -me sentei de frente pra ele-
_ Primeiro me perdoa, eu juro que eu não sabia de nada, eu descobri hoje e só pensei em você que é a maior vítima disso tudo -ele tremia muito nervoso-
_ Luan, do que você tá falando? Anda logo -a essa hora quem estava ficando tensa era eu-
_ Martina, meu pai pagou pra forjarem o DNA que a gente fez -eu travei, não tive reação, ficamos em silêncio por alguns segundos- Me desculpa, eu nunca imaginei que ele faria isso, eu vi hoje no e-mail dele a conversa que ele teve com alguém da clínica
_ Luan... -suspirei- Como assim? Ela é sua filha então? -senti meus olhos marejarem-
_ Não sei, o combinado entre eles era de que nem saísse o resultado, provavelmente nem mandaram nosso exame pro laboratório, ele pagou pra ter um exame negativo, independente de qualquer coisa -ele fechou os olhos e mordeu o lábio inferior, estava trêmulo-
_ Meu Deus do céu, eu não acredito, por que ele fez isso?
_ Eu não sei, não tenho a mínima ideia, ele sempre foi muito focado no meu trabalho, ele sempre teve medo que eu estragasse minha carreira por causa de mulher, deve ser isso, sei lá, não tem sentido -ele se jogou pra trás tombando na cama, levou a mão até os olhos e suspirou-
_ Luan, eu jamais faria isso, olha o tanto que a gente já saiu, já ficou, e eu sempre tomei cuidado pra não me verem com você, eu nunca quis isso, eu não queria engravidar, eu não queria nada disso -senti meu rosto molhar com as lágrimas involuntárias e ao mesmo tempo queimava de tanta raiva, não é possível que alguém seja capaz disso-
_ Eu sei meu amor, eu confio em você, eu sempre confiei, eu não sabia de nada disso, olha o tanto que eu cuidei de você, o tanto que eu acompanho sua gravidez, eu jamais deixaria ele fazer isso com meu consentimento -ele se levantou e caminhou te a varanda-
_ Vai refazer o teste? -caminhei até ele-
_ Claro que vou, eu preciso saber a verdade, mas marca você, procura uma clínica que você confia e marca -ele me deu um selinho- Me desculpa, por favor
_ Calma, não é culpa sua, eu percebi que seu pai não foi muito com a minha cara -forcei um sorriso e ele fez o mesmo- Vamos procurar junto algum laboratório e a gente faz o exame -ele acentiu-

Passamos o dia todo ali, minha mãe fez um almoço maravilhoso pra gente, ele gosta muito do Luan, apesar da forma que nos conhecemos ela diz que essas coisas acontecem e que não mandamos no coração, coisa de mãe... O dia foi escurecendo e Luan perguntou se podia dormir lá, óbvio que eu aceitei, no dia seguinte iríamos sair cedo pra fazer o exame, o pai dele ligou no mínimo umas trezentas vezes e ele não atendeu nenhuma, daqui a pouco a polícia bate aqui na porta achando que sequestrei ele, mas tudo bem, acontece.

A culpa é SuaWhere stories live. Discover now