01| O céu

971 69 17
                                    

Tudo começou quando Seulgi tinha seis anos de idade, em um parque infantil, em uma mesa de xadrez que gostava. Enquanto sua mãe convervava com as amigas dela, a pequenina kang observava o céu e se perguntava como todo o mundo poderia caber dentro de uma bolinha — que como seu pai disse, parecia muito uma bolinha de gude —, essas dúvidas permaneciam enquanto em volta dela, as outras crianças brincavam e se divertiam umas com as outras. Ela não compreendia o motivo das outras garotas não quererem brincar com ela e sempre questionava a mãe, que apenas dizia ser uma leve falta de comunicação. Comunicação ou não, a garotinha se sentia sozinha, queria brincar, queria tocar as estrelas, queria alcançar o céu.

Em um dos dias que a mãe e Seulgi sempre iam ao parque, um grupinho de criança se aproximou dela. A primeira impressão foi que dessa vez iria conseguir fazer novas amizades e até mesmo planejar uma festa de pijama em sua casa, contudo, a realidade foi totalmente outra. As garotas que demostraram ser solidárias e gentis apenas queria se aproveitar dela, e a usar. Demorou um pouco para ela perceber, mas ao perceber e rebater as palavras foi empurrada contra o chão, recebendo chutes e tapas; tampava o rosto molhado pelas lágrimas, encolhida no chão em posição fetal, esperando que aquilo passasse. Nunca imaginou que ter amigos seria algo ruim, Seulgi não queria ter amigos, preferia tocar as estrelas sozinha ao ter que passar por aquilo novamente.

— Se afastem dela — escutou uma vez doce encoar com bravura — Saiam, Saiam! — Correu até ela, ajudando-a a se levantar — Tudo bem? — hesitou em erguer o rosto, mas ao sentir o toque gentil em suas costas, como se tivesse confortando-a, olhou para a pessoa. Era um garotinho, maior que ela besteira, talvez um ou dois anos mais velho, não dava muito para ele, parecia está preocupado pôs sua expressão entregava tudo.

— T-Tudo — Sussurrou.

— Seulgi, Querida! — escutou a voz da mãe se aproximar aos poucos.

Os anos cediam ao tempo e o tempo não parava. Com o passar das décadas, aquele menino de antes foi se tornando mais que seu conhecido, melhores amigos e confidentes. A hesitação de ter uma amizade foi totalmente quebrada e destruída com os momentos que tinham. Aos quinze anos de idade, ela não poderia imaginar que o que sentia dentro de si poderia ser paixão, visto que, nunca soube diferenciar, nunca teve experiências para poder ter tanta certeza com as palavras.

— Jimin! — com a lanterna em mãos, caminhava pela mesma praça que constantemente vinha, chamando pelo amigo. Ela não tinha a menor noção do que fazia ali aquela hora da noite, mas confiava, pois tinha ido a pedido do park — É sério, se for pra dá um susto em mim eu vou cortar esses seus cabelos depois.

Os minutos passaram e ela continuou a andar pela praça sem entender absolutamente nada. De repente, uma luz forte atingiu seus olhos, roubando sua atenção e a fazendo cobrir a visão para tentar vê o que era logo em seguida.

— Aqui em cima — ergueu o olhar, visando Jimin em cima do teto do carro — Eu quero te dizer uma coisa — escorregou pela vidraça do carro, deslizando sobre o capor e ficando frente a frente com ela.

— espero que seja algo muito importante para me tirar da cama uma hora dessas — sentiu as mãos dele segurarem as suas. Ela já estava estranhando, Jimin nunca tinha feito nada aquilo. Não que ele não fosse legal e um bom amigo, mas agora tudo era diferente. Até mesmo o tom de voz estava estranho, ele parecia mais melancólico e aquilo sem sombra de dúvidas fazia do coração dela bater mais rápido, o nervosismo e a dúvida eram suas amigas naquele instante.

— É muito importante Seulgi, eu… — pôde o vê abaixar o rosto, desviando o olhar e em seguida voltando em direção a ela — Eu gosto de você e pensei que poderia fazer algo diferente pra te dizer isso, algo que eu nunca fiz. Foram tantos sinais que fiz para você, que praticamente joguei em sua face que… — engoliu sua saliva em seco, sentindo travar na metade da descida — imaginei que já sabia, só não sentia o mesmo — surpresa estava e feliz também, seu coração iniciou batidas mais rápidas, ouvindo o que ele dizia. Quase não piscava, quase não respirava, dava uma pausa para tudo ser processado calmamente — Eu amo você seul… — carinhosamente disse seu apelido, dando um sorriso de canto, tímido e singelo.

ɴᴇᴠᴇʀ ғᴏʀɢᴇᴛWhere stories live. Discover now