Capítulo 1

7 1 0
                                    

  - O gato espião -


Mais um dia começava na grande cidade de São Paulo. O sol começara a se desprender por detrás do horizonte entulhado de prédios e seus raios quentes da manhã transpassavam pelos mais variados edifícios. Sobre as estradas asfaltadas era bastante normal a frequência de carros e pedestres vagando em grande massa.

Eram quase seis e meia da manhã, mas, para muitos tempo é dinheiro. Pessoas deixavam suas casas e se afogavam em meio às ruas abarrotadas para ir trabalhar ou estudar. Era toda uma agitação que acontecia desde a manhã e terminava só tarde de madrugada, e tornava a recomeçar tudo logo depois.

Vivia no distrito de Moema em um prédio simples de classe média nem muito chamativo Agatha, uma adolescente de quase 16 anos que vivia apenas com seu pai.

Como de costume fora acordada devido aos feixes da luz do sol na sua cara que entravam pelas frestas da persiana velha, estendida na única janela do quarto em frente a sua cama de solteiro. Algo curioso aconteceu para contribuir o desconforto de Agatha, uma barulho vinha a pear o descanso da garota. De trás da janela coberta pela persiana ocorria um som peculiar que era de apetecer qualquer um de curiosidade, a janela parecia ser metralhada de pingos imensos de chuva - mas naquele instante não chovia na região. Agatha inconformada com aquilo levantou-se da cama em um salto e fora a janela verificar o que acontecia.

A jovem abriu com cuidado e cautela a persiana mantendo-se pronta para correr caso algo acontecesse. Quando abriu a persiana, por hora nada aconteceu, mas a surpresa foi depois. Ela enxergou um gato malhado de coloração marrom do outro lado do vidro que usava suas presas para arranhá-lo, ele estava em pé na beirada da janela que Agatha usava para deixar uma samambaia de repouso.

 ''Ué, pera aí! Como esse bichano subiu até aqui?'' – ela pensou.

Indiferente, ela ignorou e tentou espantar de forma sutil e pacífica o animal abanando as mãos em direção a ele, mas o gato não a obedeceu e nem deu bola. Ela fechou a persiana confusa e partiu rumo em direção ao banheiro que era entre o seu quarto e ao do seu pai. O apartamento de Agatha era pequeno, tiveram que se mudar após a morte de sua mãe. Os cômodos eram agarradinhos uns aos outros mas Agatha adorava enfeitá-los, principalmente seu quarto com posters de ídolos do K-POP, tapetes roxos e quadros que ela mesmo pintava, ou ao menos tentava pintar.

No banheiro Agatha ficou de frente ao espelho. A jovem era uma garota negra de corpo magro, seu cabelo afro de fios enroladinhos era cortado em chanel e escorriam até o ombro e, formavam uma franjinha acima do olho esquerdo. Ela escovou os dentes e tomou uma breve ducha quente e fora ao seu quarto se aprontar para mais um dia; vestiu uma das suas camisas quadriculadas favoritas, era gigante em relação ao tamanho dela, ela gostava daquilo. Calçou também uma calça jeans azul que era obrigatória da escola e o único all-star que tinha.

Ao acabar de se aprontar guiou até a cozinha que era um pulo dali, circulou a mesa de mármore central de apenas dois lugares e fitou um bilhete, era óbvio identificar de quem era pelo garrancho e desleixo.

Era do pai da jovem. Ela leu:

'' Agatha, deixei um pouco de pão-de-queijo no micro-ondas, fiz chá e deixei comida na geladeira para você jantar. Irei fazer hora extra já logo no novo emprego. Voltarei apenas tarde da noite. NÃO FALTE A ESCOLA! ''

Ágatha sorriu.

Ela tomou o chá da manhã como costume junto ao pão de queijo que seu pai deixara antes de sair para o trabalho. Ela estava muito atrasada e quando percebeu saiu na velocidade da luz e desceu as escadas do prédio, o elevador estava em manutenção. Após descer as enormes escadarias do prédio correu apressadamente até o ponto de ônibus mais próximo, não era tão longe, mas Ágatha teve de correr para não perder o único transporte que a levaria até o colégio.

Eram sete horas da manhã e o ônibus ainda não tinha chegado. Impaciente e nervosa por já ter perdido um bom tempo, sentou-se no banco vazio do posto de espera e como de costume começou a espiar os moradores dos prédios pelas janelinhas que deixavam abertas. Sempre via alguns se ajeitando para mais um dia corrido de trabalho, outros aproveitando suas folgas e até mesmo saboreando um delicioso café da manhã completo. Às vezes, Ágatha sentia falta de sua mãe e parecia que a tristeza e angústia a dominava, mas ela não deixava este sentimento engrandecer, ela tinha seu pai e os melhores amigos do mundo que ela podia ter.

Quando deu a última espiadinha, por sua sorte, o ônibus acabara de chegar - em cima da hora, mas tinha chegado - Ela entrou e sentou-se em um dos bancos do fundo. Depois de intermináveis minutos o coletivo deixará Agatha em frente aos portões principais do Colégio São Martinho, era um colégio técnico com um campus imenso para somente adolescentes do ensino médio. Quando desceu do ônibus e pisou no meio-fio da calçada, avistou Vitória.

A amiga baixinha e morena de Ágatha aproximou-se e a cumprimentou enquanto o transporte partia:

— E aí, quem está preparada para a apresentação do trabalho mais aguardado do ano? Em? Eu que não! — Vitória deu um sorriso singelo que na verdade passava a Ágatha insegurança diante a apresentação do trabalho.

— Olha para a minha cara, acha que estou com vontade de apresentar esse trabalho? — Ágatha fuzilou Vitória de olhares e esboçou um semblante debochado, depois sorriu — Ai Ai viu, isso não vai ser fácil nem ferrando. Você trouxe o pendrive?

— Claro que eu trouxe, ficou louca? — a morena retirou do bolso da jeans um pendrive vermelho com todo o conteúdo do trabalho que ambas iriam apresentar juntas — Poxa, tem que ser realmente logo no próximo horário?

— Acho melhor irmos apressando, viu? Está quase no horário.

As amigas dirigiram-se até a portaria e se identificaram com os cartões de estudantes e foram correndo o mais rápido possível até o prédio das salas do primeiro ano.


[...]

Qualquer erro de português ou furo na história me contactem.

AutarciaOnde histórias criam vida. Descubra agora