Capítulo 2

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— A presença peculiar


Quando abriram a porta para entrar na sala de aula 2-101 viram que já estavam todos presentes, de menos o professor.

Vitória disse enquanto entravam:

— Ufa. A professora de Geografia não chegou ainda — expirou.

— Temos sorte, temos sorte amiga.... — disse Ágatha.

Ambas entraram na sala de aula que era gigante e entulhada de enormes janelas que davam visão à todo campus e permitia a entrada da luz do sol. As garotas sentaram-se em suas respectivas carteiras — que por acaso eram juntas — na última fileira do fundo da sala, perto de uma enorme janela que dava visão a uma árvore gigante. A sala estava bastante agitada, alguns cochichos ali, fofoquinhas do outro lado, todos aproveitando enquanto o professor não chegava para dar início ao trabalho. Ágatha virou-se para esquerda em direção a janela ao lado, observou de longe o horizonte atochado de prédio quase todo tampado pela mangueira enorme do lado de fora, ela respirou fundo como forma de preparamento para o trabalho.

Um estalo surgiu do outro lado da porta, todos ocuparam os seus devidos lugares e aquietaram, a porta abriu revelando a silhueta de uma moça. Era a professora de Geografia, uma mulher bem baixinha - alguns alunos eram até maiores que ela - que usava um rabo de cavalo e era bem simpática.

Quando entrou na sala de aula desenhou uma cara de desprezo no rosto, bufou e disse:

— Bom dia!.. Me desculpem pelo atraso. Eu esqueci de comunicar a coordenação o motivo do meu atraso com antecedência e eles me obrigaram a ficar um tempinho lá embaixo conversando, vocês sabem, essas regras novas estão matando todo mundo. Foi um tédio, enfim... Cheguei! — disse ela enquanto caminhava até a sua mesa e depositava os pertences pessoais que carregava consigo.

A professora se posicionou no centro da parte de frente da sala atrás do quadro branco e disse:

— Enfim galera. Fui informada também que hoje chegará um novo colega para estudar com a gente, ele já deve estar a cami-... — quando a professora fora terminar a informação sobre o novo aluno ouviu-se alguns 'toc toc' diretamente da porta de madeira — ... Olha lá, deve ser ele! Entre por favor.

A porta abriu revelando um garoto branquelo e magricela, ele penetrou a sala:

— Com Licença, aqui é a sala 2-101? — quando ele já era de certa forma visível, os alunos presentes conseguiram analisar o garoto que para muitos podia ser igualado como uma ''vareta-humana''.

— Sim, fique à vontade. Prazer, meu nome é Cristiane, professora de Geografia. Qual seria seu nome? — indagou a professora.

— Ér.. Meu nome é George. — George ajeitou as madeixas loiras que viviam bagunçadas em um topete discreto.

— Seja bem-vindo George, escolha um lugar — a professora recomendou a única carteira em conjunto que possuía um lugar vago, era ao lado de um garoto cheio de espinhas.

— Obrigado — ele rumou em direção ao lugar recomendado pela professora circulando algumas carteiras, ao chegar, aposentou-se na cadeira enquanto todos fitavam ponderadamente o trajeto dele.

Foram mais de 40 minutos de apresentações bem detalhadas e algumas de cair a boca da cara, agora só restava o trabalho de Ágatha e Vitória. A apreensão e insegurança tomaram conta das meninas mas respiraram fundo quando a professora as chamaram:

— Bora lá! Agora o último grupo, vejamos... — Cristiane deu uma bisbilhotada no papelzinho que usara como guia das apresentações — Ágatha e Vitória, vez de vocês meninas.

As garotas alçaram-se das cadeiras e retiraram das bolsas tudo o que era preciso; folhetos, pendrive e algumas apostilas feitas por elas mesmo para usar como base na apresentação. Tinham tudo para dar certo, planejaram esse trabalho desde o meio do ano e revisaram centenas de vezes. Enquanto caminhavam até o quadro branco, para Ágatha tudo estava a rodar em câmera lenta ao som de The Flower Duet e devido ao nervosismo Ágatha começara a sentir um tipo de parestesia no corpo, como de costume - sempre ocorria quando Ágatha estava em situações constrangedoras, perigos e semelhantes. Já Vitória, não estava tão apreensiva mas sentia um pouco de timidez ao se posicionar em frente a todos:

— Bo-bom dia p-para todos, ér... — balbuciou Vitória.

— Ih, parece que as garotinhas não foram a consulta do fonoaudiólogo.

Uma voz grave de um garoto dos fundos fora ouvida por todos os alunos, consequentemente causando algumas risadas que logo foram interrompidas pela professora:

— Ei Ei, que balbúrdia é essa? Estão pensando que estão na casa de vocês? Continuem meninas.

— Va-vamos começar! — gaguejou também Ágatha de nervosismo

A mesma voz misteriosa de antes fora ouvida de novo:

— Agora a de cabelo escorrido não sabe nem falar também, realmente, vocês não fizeram um consulta ao fonoaudiólogo?

Ágatha por um instante sentiu-se atacada e injuriada pelo rapaz, ele acabou de ser humilhada diante toda a classe. Se sentiu afogada em meio às risadas, sem reação sobre a atitude do guri ela se encolheu e desviou os olhares em direção ao vidro da janela que dava visão a uma mangueira belíssima e algo curioso ocorreu.

Quando Ágatha deu visão a mangueira atrás do vidro observou sobre um galho espesso um gato malhado em repouso.

''Será o mesmo que eu vi mais cedo?'' — ela pensou, questionando.

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⏰ Last updated: Oct 21, 2019 ⏰

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