Capítulo 5

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Kwon Ji Yong

Jiyong jogou seu paletó no sofá e se jogou no mesmo logo depois. Afrouxou a gravata rapidamente, sentindo seu corpo finalmente ser capaz de relaxar e encarou o vinho em cima da mesa preta frente ao sofá.

Kamélia... ela era divertida. Mas não fazia sentido ser irmã de alguém tão insignificante quanto Tyron. Isso o irritava.

Será realmente que não sabia de nada? Pelo que notara mais cedo, ao conversar com ela, essa foi a impressão que teve. Uma alma pura. Uma rara alma pura, na qual ele havia prometido a Tyron não tocar, mas somente proteger.

— Um trato — falou, desabotoando sua camiseta sem muito interesse.

Sempre cumpria suas promessas, então seria fácil mantê-la a salva.

Por que então se sentia tão incomodado? Não tinha ideia.

Talvez fosse por aquele quadro. O último. 

Aquele no chão e suas cores intensas. 

De algum modo, o homem se viu naquele quadro. Tão desvalorizado e tão cheio de dor. Jiyong simplesmente não conseguiu parar de olhá-lo. Quando saiu, depois de encontrá-la, não tinha ideia do que fazer.  

Por que as pinturas dela o deixavam assim? 

"Um quadro e uma pessoa... não é tão diferente assim. Ambos causam sensações em nós. Ambos podem nos deixar extasiados. E ambos podem nos destruir." 

Levantou-se num salto e caminhou até a cozinha, pegando uma taça qualquer. Sabia que existiam vários modelos e ouvira antes que cada um alterava um pouco o sabor do vinho, mas não era exigente quanto a isso. Não agora.

Jiyong se sentia incomodado e só queria beber um pouco, não desfrutar do sabor intenso do passado. Das lembranças. E sabia que mais cedo ou mais tarde iria ocorrer se continuasse pensativo.

Voltou para o sofá e depositou o copo na mesa, pegando o vinho para despejar naquele pequeno espaço de vidro. Quando a taça estava quase cheia, o homem a segurou entre os dedos finos, de modo elegante e bebeu alguns goles. Refrescante. Era refrescante.

Pensou em ligar a televisão enquanto isso, mas odiava barulhos.

O silêncio da noite era melhor, embora sua mente corresse por caminhos incansáveis toda madrugada, nunca deixando-o de fato em paz.

Precisava pensar. Precisava descansar. Precisava fazer tantas coisas e ao mesmo tempo só queria continuar bebendo. Mas provavelmente morreria se relaxasse ou ao menos ousasse ter um momento verdadeiramente de paz.

Olhou para o relógio posto frente a porta. Cinza, como quase todos os cômodos de seu apartamento e retirou seu celular do bolso. Sequer eram meia noite. Que merda.

— Quem é? — indagou, afundando ainda mais suas costas no sofá. — Quem é o verdadeiro traidor?

Até então, tudo o que sabia era que Tyron virara um pião de algo. Algo bem maior. Algo que Jiyong, embora desconfiado, não tinha confirmado verdadeiramente até então.

Estava apreensivo mas não com a possibilidade de morrer ou ser pego, simplesmente não queria fazer tudo ruir. Todo o seu maldito plano. O seu legado. O demônio.

Escutou seu celular vibrar quando deu o último gole. Não queria atender, mas não tinha escolha. E se por acaso fosse alguma informação útil? Ele não podia parar em hipótese alguma. Nunca. Sempre desconfiado, sempre atrás de algo, sempre vencendo. Era seu lema.

— O que você quer? — foram as primeiras palavras que disse ao atender o telefone.

— Caralho, é assim que se atende a ligação de alguém importante? — uma voz conhecida proferiu, fingindo estar profundamente ofendido. Claro que era mentira.

The Demon:  heaven or hell? ❄ Kwon JiyongOù les histoires vivent. Découvrez maintenant