capítulo 20

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Los Angeles — EUA
9 de janeiro de 1989
6:47

S/n

O trim alto do telefone me obriga a levantar, os braços de Michael estão rodeados na minha cintura. Estamos de férias até dia dezesseis, então estamos aproveitando pra dormir muito. A rotina de viajar de um país a outro, fuso-horário diferentes estava nos destruindo de pouco a pouco. Dormíamos muito pouco, e quando estávamos nos acostumando no fuso daquele país, tínhamos que viajar pra outro. Em resumo. Poucas horas de sono e muitas horas de trabalho. Michael estava um caco, dormia mal, comia pior ainda, foi um INFERNO ter que readucar a alimentação dele. Esse homem parece criança em questão de alimentação. Viajamos pra dezenas e dezenas de cidades diferentes, conhecemos diferentes culturas, foi incrível. Mas nada disso, trás a sensação de estar em casa.

Michael veio passar um tempo comigo na minha casa, ele entrou de vez pra família, a tia Inês fala que se ela não tivesse tanta certeza que não o colocou no mundo, poderia dizer que ele é irmão de Leonardo. Os dois criaram uma amizade tão linda. Falando em Leonardo, nossa imobiliária expandiu pra América do Sul e tá fazendo um sucesso enorme pelo Brasil, Bolívia, Venezuela e mais alguns ali na região. Estávamos conversando sobre expandir para outros lugares, mas por enquanto, essa ideia tá só no papel.

Leonardo e Daniela se noivaram no ano novo, foi lindo.

Tirei o telefone do gancho o levando até o ouvido.

—Pois não? — um fungado é ouvido do outro lado da linha.

—S/n? S/n vem pra cá, a tia Inês, ela... — Hannah se embola enquanto soluça. Meu sono nunca foi embora tão rápido.

—Hannah? Pra cá aonde? O que aconteceu com a tia Inês? — meu peito se aperta de uma forma inexplicável.

—Por favor, vem pra casa da tia Inês. — ouço mais choros ao fundo.

—Eu já tô a caminho, por favor, me explica o que tá acontecendo. — minha garganta seca, algo me diz que alguma coisa bem ruim aconteceu com tia Inês.

—Vem logo, por favor. — ela desliga.

Coloquei o telefone de volta no gancho e corri até o guarda-roupas, peguei uma calça de moletom preta e uma blusa moletom da mesma cor. Enfiei meu pé em um chinelo de dedo enquanto vi Michael pelo canto dos olhos sentado na cama me encarando.

—Amor, aconteceu alguma coisa? — sua voz quase não sai, me virei para o encarar. Seu rosto ainda está marcado com leves listas causadas pelo travesseiro. — você vai a algum lugar? — ele se levanta, seu samba canção está amaçado.

—Hannah ligou chorando e me pediu pra ir pra casa da tia Inês o mais rápido possível. — procurei em volta as malditas chaves do carro, mas não as encontrei onde elas costumam estar.

—Aconteceu alguma coisa com ela? — Michael anda rápido até o guarda-roupas pegando um par de roupas.

—Eu não sei, merda! Onde as chaves estão? — eu consigo sentir meu coração batendo acelerado. — querido, volte a dormir. Eu vou lá e te ligo pra avisar o que é. — falei, mas foi inútil, já que Michael já estava vestindo seus sapatos.

—Eu não vou deixar você ir sozinha nesse estado, amor, você tá tremendo. — encarei minhas próprias mãos e ai percebi. Eu estou tremendo, e não é pouco. — eu dirijo até lá, toma um pouco de água. Acho que sei onde as chaves estão. — ele sai do quarto e eu vou atrás indo direto até a cozinha. Enchi um copo com água do filtro, minhas mãos tremem a ponto de eu derrubar um pouco da água do copo. — achei! — tomei um gole generoso de água deixando o copo sobre a pia.

Whatever HappensOnde histórias criam vida. Descubra agora