C a p í t u l o 13

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O lugar está vazio, por ser a hora do almoço estranho, pela qualidade e preço da comida aqui costuma sempre encher. Agradeço imensamente por isso, caso eu resolva fazer um escândalo - obviamente movido pelos meus hormônios - não terá tanta notoriedade.

Sento na mesa no canto da parede, a mais discreta. Pego o cardápio e não espero meu acompanhante chegar, peço logo o cardápio.

- Aisha? Achei que havia ido embora, faz um bom tempo que não aparecia por aqui.

Sorrio para John que retribui, reparo em suas adoráveis covinhas, se eu pegasse esse homem não largava mais. Infelizmente sou idiota e gosto de um outro idiota.

- Resolvi tirar uma férias. Sentiu minha falta?

- Como não? É a cliente com as melhores gorjetas. - Dou um tapa de leve em seu braço. - O que irá pedir?

- O item mais saudável daqui, hambúrguer. Não me pergunte porquê irei comer um no almoço, segredo de estado.

- Segredo de estado, sei. - Ele aponta divertido com a caneta para minha barriga. - Voltarei já.

Observo as pessoas ao meu redor, tirando eu há apenas dois jovens casais alisando um ao outro e uma senhora sentada tomando algo, o cenário perfeito para uma conversa entre mim e Marcus.

- Aqui está. Hambúrguer e batatas fritas.

- Obrigada, é por isso que te amo. - Falo brincando, mas ele parece um tanto constrangido. - Não precisa ficar vermelho, por mais fofo que isso seja.

John limpa a garganta e finalmente olha para mim.

- Eu e Lindsey iremos sair hoje a noite, o que acha de nos acompanhar?

Penso bem, estou grávida, o que significa que não poderei beber até esquecer de tudo como antes, mas se for posso dançar e me divertir com alguns antigos conhecidos, e possíveis amigos. Paro de fazer meus planos ao lembrar do que Nik falou mais cedo, há um evento importante do qual tenho de ir.

- Desculpe, adoraria ir já que não aguento mais ficar presa, porém meu tenho um evento para ir. Ficarei devendo essa.

- Irei cobrar.

Ele pisca e dá as costas, o sigo com o olhar, mas desvio ao ver que meu progenitor vem caminhando para cá.

- Vejo que não me esperou.

Ele senta na cadeira em minha frente e ao reparar em seu rosto tomo um susto, algumas marcas roxas e verdes estão estampadas no olho e bochechas, um corte aparentemente profundo passa por seus lábios. Que show de horrores é esse?

- Era para esperar? Da próxima vez avisa, não sou adivinha e minha bola de cristal quebrou. Aliás, está muito bonito meu senhor.

- Tenho cara de palhaço garota? Está vendo o que aconteceu comigo Aisha! Percebe na merda em que me meteu? - Ele grita e bate na mesa, as pessoas parecem não se importar e continua seus afazeres, os seguranças fazem sinal e aviso que está tudo bem.

- Se continuar tentando chamar atenção de seja lá quem, é melhor parar agora. - Falo baixo e ameaçadora, nem eu mesma reconheço.

- E o que vai fazer, mandar novamente aqueles covardes dos seus capachos terminar o serviço? Porque pelo que pode ver já fizeram o trabalho sujo.

- Primeiro, não foi eu que mandei fazer isso. Segundo, eu te avisei. Terceiro e o mais importante, conhece muito bem seu genro paizinho, e sabe o que ele é capaz de fazer quando algo ameaça sua família.

Ele me encara chocado, parecendo totalmente desacreditado de tudo. Sorrio enquanto pego outra batatinha e mergulho no molho, está uma delícia.

- Então você sabia e apenas fingia? Sabia desde o início com o que aquela monstruosa família estava envolvida?

Suspiro com pesar, as vezes esse homem parece ignorar tudo que acontece e focar apenas no que acha nescessário.

- Não, não sabia do envolvimento direto com a Mitröve. Mas sabia que Aaron nunca foi flor que se cheire, desde quando alguém chegar ao topo sem corromper ou ser corrompido?

- E mesmo assim decidiu juntar duas vidas, me admira a politicamente correta Aisha se envolver com alguém assim.

Um sorriso debochado escapa, balanço a cabeça em negação, não acredito que tenho de ouvir tamanha besteira.

- Entenda uma coisa, eu nunca fiz o papel de sonsa boazinha. Se fosse nunca teria ficado com um Müller, Marcus.

Meu pregenitor remexe na cadeira, olha para os seguranças e em seguida para mim, permanecendo assim por alguns segundo. Parece incomodado com algo.

- Estão atrás de você, pelo que fiquei sabendo seu marido deixou um rastro de corpos por Yusufari - Ele sorri com desdém e meu humor dissipa. - Achou mesmo que ficaria tudo por isso mesmo querida? As coisas estavam só entre você e eles na Nigéria, agora que mataram alguns deles querem vingança.

Não falo nada, chocada de mais para me pronunciar. Não é possível essa merda está acontecendo logo agora, será que uma grávida não pode ter um momento de paz?

- Como sabe disso?

- Sou um homem de contatos, achei que sabia mais do seu pai. Bom, vamos falar de nós, quantos me oferece para ficar de boca fechada sobre o ocorrido? - Aponta para o próprio rosto, com um sorriso de lado.

- Que tal, se abrir a boca meu marido te dá um atestado de óbito? Isso é o suficiente? - Vejo que ele fica calado e agora sou eu quem sorrio. - Não terminamos nossa conversa Marcus.

Coloco uma nota na mesa e saio do estabelecimento com meu lanche e os pensamentos a milhão. Havia vindo agora resolver tudo, mas apenas saí mais confusa.

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Mudei o nome do mais velho :)

Impiedoso - Aaron MüllerOnde histórias criam vida. Descubra agora