Capítulo 2

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Pela manhã, o sol amanteigado adentrou o quarto com pequenos para raios, sendo levemente cortados pela persiana entortada. Dei um suspiro cansado e espreguicei meu corpo repensando comigo mesmo se valia a pena levantar da "cama" hoje. Foi quando lembrei que precisava redecorar esse lugar, amanhã as aulas iriam começar e eu não teria tempo algum para pisar o pé em alguma loja (a fome foi outro lembrete de que eu tinha que sair de casa hoje). Então eu me sentei no colchonete e me obriguei a tomar uma pílula, antes de por meus óculos e puxar minha nécessaire até o banheiro. 

Após tomar o banho, não tão longo, e secar a maioria das gotas de água que cobriam o meu corpo procuro passar um perfume levemente adocicado... Me lembrando baunilha; vesti um sweeter menta com listras pretas, uma calça preta, um cinto, depois coloquei o sweeter por dentro da calça e vesti meu All Star surrado. Peguei as chaves em cima da ilha no meio da cozinha e fechei a porta depois que saí.

•••
Não foi muito difícil achar uma boa loja de decoração, pesquisei algumas no Google enquanto esperava o Uber e aproveitei para ver um pouco das minhas redes sociais. Sean tinha mandado uma mensagem perguntando como eu estava. Ele é meu melhor amigo desde a infância, e foi por ele que eu descobri que também gosto de homens, (mesmo que indiretamente) , mas não, essa não é a história que o garoto nerd, que (por acaso) é melhor amigo do capitão do time de futebol, acaba se apaixonando por ele, e no final ele descobre que tudo aquilo era recíproco. Não dessa vez.

Eu contei para ele depois de um tempo e meus sentimentos já tinham parado, ele ficou espantado por eu ter admitido que também gosto de garotos mas nem se importou por eu ter nutrido sentimentos por ele, o que foi um alívio enorme, e graças aos céus nada entre nós mudou.

Depois dele perguntar se eu estava bem, ele me pediu para mandar foto do "apê" depois, ligaria ele depois para mostrar ao vivo e a cores.
Vi que o Uber já tinha chegado.
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Almocei em um Subway bem próximo a loja e de lá eu já entrei, o espaço era enorme e com várias prateleiras claras espalhadas por todo lado com placas separando as sessões, o chão era de um porcelanato que lembrava mármore branco e as paredes estavam pintadas em cores frias. Clean e organizado, meus projetos eram quase todos desse jeito.

Caminhei por entre as diversas sessões, após pegar um carrinho e comecei a enche-lo de objetos de decoração, roupas de cama, utensílios para banheiro; acabei por pegar uma revista de camas, não ficaria nem mais um dia deitado naquele maldito colchonete.
A moça do caixa arregalou um pouco os olhos depois de ver minhas compras.

-Apartamento novo.- esclareci envergonhado e ela riu um pouco. Parecia ter uns 50 anos, tinha a pele negra e era rechonchuda. Parecia as mulheres do Brooklin que passavam nos seriados.

-Já me acostumei, garoto- disse em meio a risada.Ri de volta e passei o dinheiro da verba para os móveis que meus pais me deram.

(Depois de explicar detalhadamente pra eles que eu precisava comprar móveis pois não iria morar de baixo da ponte, meus pais me deram 10 mil para gastar em tudo no apartamento.)

-Você tem muito bom gosto, garoto.Sua casa nova vai ficar linda- disse ela admirando um vaso parecido com mármore.

-Obrigado, senhora.- agradeci e depois de pedir duas camas queen da revista, ela me disse que os móveis mais difíceis de carregar seriam enviados pelos entregadores mais tarde, agradeci mais uma vez e sai com as sacolas na mão, e para minha sorte, o Uber já esperava.
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Depois de longas horas tirando e recolocando os móveis novos no lugar, o loft ficou pronto. Estava lindo, parecia mais claro do que antes e mais aberto. Eu tinha optado por uma coisa mais eclética: tons vivos e frios ao mesmo tempo. Havia móveis coloridos pela sala e alguns pela cozinha, já o resto era todo decorado por objetos claros e marmorizados. Suspirei aliviado depois de ter parado para ver tudo após horas trabalhando sem parar, o colchão já havia chegado (graças a Deus, pois só ele sabe o quanto eu queria deitar e dormir). E foi isso que eu fiz, tomei um banho relaxante, coloquei meu pijama e capotei.
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Acordei com um barulho vindo do andar de baixo. O loft estava um breu por causa da noite e eu desci apenas tateando os objetos em volta. Percebi que o barulho vinha da porta, e por um impulso eu peguei a frigideira ao meu lado. *Por favor, não seja um ladrão*.
E eu não reagi bem quando vi a fechadura girar e a porta abrir. Eu rapidamente bati a frigideira na cabeça de quem quer que fosse e apontei ela em seu rosto como aviso.

Colega de quarto (para revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora