Prólogo

4 0 0
                                    

"NÃO! NÃO! Isto não pode estar acontecendo! SOCORRO!

Estas palavras ricocheteiam na mente de Aurora como balas de um revólver. Apesar de ter apenas 05 anos na data do acidente, lembra até hoje do corpo de seu pai estirado no asfalto com sua mãe debruçada sobre ele, em lágrimas. Aurora se crucifica até hoje por ter implorado para ir ao zoológico naquele dia. Por que queria tanto ir? Seu pai disse que não era uma boa ideia.

Acorda assustada com o sonho do acidente, com a lembrança dos médicos declarando a hora de morte de seu pai e, logo pós, a da sua mãe. 05h45min e 07h45min. Hemorragia interna e contusão cerebral. Ela nunca esquecerá estas palavras. Hoje fazem 11 anos.

Por infortúnio do destino, é o primeiro dia de aula. Que raios! Ela já está atrasada. Aurora levanta correndo, toma uma ducha de dois minutos e coloca o uniforme ainda correndo e quase caindo escada abaixo para pegar uma maçã, pois é a única coisa que consegue mastigar sem ter que sentar à mesa.

- Bom dia, meu anjo! - Marta dispara à cozinha. - Atrasada no primeiro dia?

- Sim, Marta, eu acabei dormindo além da conta! - Aurora sabe que isso não é verdade, pois as únicas horas que conseguiu dormir, acabou sonhando com aquele terrível acidente. - Minha tia está em Londres ainda?

- Sim, ela ligou avisando que vai ficar mais uma semana.

"Ótimo", Aurora pensou, mas era apenas uma ironia, pois não sabia bem como sobreviver sem sua tia por perto.

- Está bem, tenho que ir. Tchau, Marta! - Aurora falou, já saindo pela porta. Ao entrar no carro, cumprimentou Alfredo, o motorista. Sim, Aurora tinha um motorista. Ela amava muito seus pais e a vida que tinham, mas não podia negar que havia tirado a sorte grande ao ter que ficar sob os cuidados de Gillian, Gi, como carinhosamente apelidou sua tia, uma mulher carinhosa, amorosa e que só vivia do melhor. Aurora não tinha do que reclamar, só podia agradecer por não ter ido parar num orfanato.

Durante o caminho até a Brinchester Institute, ficou pensando em como sua tia ficou interessada em obter sua guarda, já que nunca teve a chance de ter filhos, uma vez que seu marido teve um infarto no terceiro dia de lua de mel - sim, apenas desgraças nessa família - e Gi nunca mais amou outro homem.

Quando chegou à sua escola, Aurora admirou o prédio - uma construção antiga, que parecia um castelo, decorado com as cores tema da instituição: verde e vermelho, com uma grande fonte na frente, contendo uma estátua do mascote da escola: um dragão - pensando em como tinha sorte de estudar em uma das melhores escolas de ensino médio do país, com uma mensalidade absurda. Aurora tinha acordado muito agradecida, apesar do pesadelo.

- Oi, minha Aurorinha linda! - Disparou Dylan, seu namorado, já dando um beijo demorado em sua boca. Sim, Aurora também tinha um namorado, muito bonito por sinal, e capitão do time de futebol da escola. Dylan era alto, forte e mantinha sua cabeça quase careca, mas Aurora gostava. Era charmoso, com profundos olhos azuis e um maxilar alongado e lábis cheios, que davam à ele um ar de italiano, apesar de não ter nenhuma descendência.

- Oi, meu amor. - Aurora falou, correspondendo o beijo. Aurora era bonita, mas não se achava tão bonita assim. Não para o nível de Dylan. Era magra, até demais, não tinha muitas curvas para se orgulhar. Era baixinha, por volta dos 1,60, possuía cabelos castanhos e olhos igualmente castanhos. Possuía um rosto leve e com traços não muito definidos, um nariz empinado e um maxilar fino, que davam à ela, literalmente, um ar de princesa.

- Crianças, comportem-se! Vocês sabem que esta escola não permite este tipo de comportamento. - Disparou Paulo, diretor da escola e também pai de Dylan.

- Ah pai, estamos com saudade, não nos vemos faz tempo! - Disse Dylan, com um sorriso encantador nos lábios. Aurora apenas revirou os olhos. Não se viam porque Dylan foi viajar com seus 4 melhores amigos e não fez menção de convidá-la. Avistou de longe suas duas melhores amigas no mundo, Briana e Laura e correu ao encontro das mesmas.

- Que saudade! - Dispararam Briana e Laura em uníssono, as vezes pareciam gêmeas.

- Eu senti a falta de vocês também. Como foi a viagem para os Alpes?

- Foi maravilhosa! Uma pena você não ter ido. - Disse Briana. Aurora fora convidada, mas naquele verão só queria ficar deitada assistindo suas séries e passeando pela cidade, sozinha, por isso disse paras as duas amigas que sua tia não havia deixado ela viajar, com a desculpa de que iria ajudar Gillian na sua nova coleção de roupas.

- Uma pena mesmo. Mas me diverti muito com minha tia. - O sinal tocou, anunciando que deveriam ir para a primeira aula: matemática. Nem começou, mas Aurora não aguentava mais.

Iria ser um longo e entediante ano."

AuroraWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu