Capítulo Um

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Eu sabia que dessa vez eu ia me ferrar. Meu pai chegou e ficou quase uma hora conversando na sala da diretora do colégio, e quando saiu de lá, sua expressão não melhorou muito de quando entrou. Fez um aceno com a cabeça para eu acompanha-lo para o carro. O nosso motorista particular abriu a porta para eu entrar, e meu pai adentrou pelo outro lado, ocupando o banco traseiro para ficar do meu lado.

O motorista Nelson entrou no carro e saiu para a nossa casa. No trajeto fiquei em silêncio, sabia que meu pai ia brigar muito comigo quando chegássemos em casa. Havia passado dos limites dessa vez, eu sabia, mas também estava de saco cheio daquele pessoal chato do colégio. O problema era que eu não suportava quase ninguém, e era o quinto colégio que eu era expulso em um ano.

Quando chegamos na nossa casa, o meu pai saiu do carro, rodeou o veículo e dispensou o motorista. Fiquei olhando ele fazer o trabalho habitual do seu Nelson, e abriu a porta para eu sair.

Pai: Vamos, saia, e me espere na sala.

Sai do carro sem encará-lo. Fiz o que me pediu, passei por Isaura, a governanta da casa, e por duas empregadas, a sra. Maria e sua irmã, Marina. Fui direto para a sala de estar. Nossa casa era gigantesca, com inúmeros cômodos, morávamos num condomínio nobre, e meu pai era um grande empresário. Era filho único, e havia perdido minha mãe quase dois anos atrás, vítima de um câncer, eu amava ela, e meu pai mais ainda, mas ao contrário do meu pai, eu não superei a sua perda.

Fiquei sentado num sofá de dois lugares, a poltrona da frente quem sentaria era o meu pai, e não demorou muito ele adentrou na sala, indo direto para o seu assento. Olhei para ele.

Louis: Eu sei que está bravo, então, vamos pular a parte burocrática dos sermões e partir logo pro castigo.

Meu pai ficou me olhando sério, mas sério do que um dia eu já tinha visto.

Pai: Não vou dar sermões, é perda de tempo.

Levanto aliviado.

Louis: Ótimo, vou subir pro meu quarto.

Pai: Pode ir e comece a fazer as malas.

Parei e me virei para ele, confuso.

Louis: E pra quê eu iria fazer as malas?

Pai: Você amanhã vai partir para um internato.

Louis: DE FORMA ALGUMA!

Meu pai se levanta da poltrona, e tremo quando ele vem na minha direção. Me encolho esperando o tapa, mas ao invés disso, ele me abraça.

Pai: Desculpe, mas você vai para um internato e só irá sair de lá quando se formar.

Eu estava sendo abraçado pelo meu pai. Era uma coisa estranha, pois quase ele não fazia aquilo, só me abraçou no enterro da mamãe. Ele beijou minha cabeça.

Louis: Pai... o que o senhor quis dizer "só irei sair quando me formar?'

Meu pai me desabraça.

Pai: Você não voltará mais para a casa até que complete toda a sua graduação escolar.

Achei que ele estivesse fazendo uma piada. Nenhuma escola, nem mesmo as de internato permitiria isso... era um blefe do meu pai, para me causar medo e implorar por uma nova chance. Implorar eu ia mesmo, mas era porque não queria ir para um internato.

Louis: Por favor, eu vou me comportar dessa vez pai...

Pai: Tenho certeza que vai sim filho, esse internato é diferente dos outros, é um internato de ensino militar.

Começo a rir.

Louis: Para de querer me assustar. Isso não funciona comigo.

Pai: Veremos amanha de manha quando o sargento vier pessoalmente te buscar — e saiu me deixando perturbado. 

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⏰ Last updated: Nov 20, 2019 ⏰

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Os Garotos Do InternatoWhere stories live. Discover now