Cap. 02 - Bomba de Cereja

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2 – BOMBA DE CEREJA

 ...Seus sonhos sem futuro não te fazem sorrir. Vou te dar algo pelo que viver. Possuir você, agarrar você, até machucar. Olá papai, olá mamãe! Eu sou sua ch ch ch ch ch Cherry Bomb. Olá mundo, sou sua garota selvagem. Eu sou sua ch ch ch ch ch Cherry Bomb. ”– Cherry Bomb, The Runaways.

               Nós fizemos check in naquele hotel paradisíaco e a recepcionista nos avisou que tinha uma garota nos aguardando na recepção. Eu já sabia que se tratava da Bia, nossa nova assistente. Fiquei feliz da vida por ela já ter chegado. Ela ainda não sabia, mas seria responsável por me levar a um tour pela cidade, e eu alegarei que isso é para nos conhecermos melhor. Hááá! Essa foi uma idéia genial! Eu realmente estava precisando de uma garota no nosso meio. Mas então me preocupei. E se ela fosse daquelas garotas super certinhas, nerds, que nunca saem de casa? Ou então daquelas garotas chatas que só sabem falar de moda e de rapazes, anoréxicas, que se acham a última bolacha do pacote? Bom, aí minha noite iria por água abaixo. Antes só do que mal acompanhada, esse definitivamente era o meu lema. Enquanto os rapazes me deram um “Hasta la vista”,  me dirigi até a recepção e procurei pela Bia. Avistei uma garota de cabelos castanhos compridos, mais ou menos do tamanho do meu, com calça jeans e uma blusinha preta muito bonita, de alças finas. Ela estava lendo uma revista. Decidi que ela parecia legal, mas minha opinião sobre sua personalidade seria decidida pela revista que ela estava lendo. “Que não seja a Vogue, que não seja a Vogue, que não seja a Vogue” – eu desejava em pensamentos.

- Beatriz Saraiva? – perguntei. A garota olhou para mim, fechou a revista e deu um pulo para fora do sofá. Merda! Era a Vogue. Não que seja uma revista ruim, mas não era o tipo de revista que eu queria que minha assistente lesse. Precisava de uma garota meio punk rock, meio porra louca, que me fizesse rir, e não uma seguidora de moda que quisesse interferir no meu guarda roupa. Mas fazer o quê, né? Não seria por isso que eu demitiria a garota. Mas seria por isso que eu passaria a noite enfurnada no quarto comendo porcaria.

- Minha nossa, Vivianne Santinni! Você é ainda mais linda pessoalmente. Nem tenho palavras para... quer dizer, não quero parecer puxa saco, nem nada, mas sou sua grande fã.

- Obrigada! Faz tempo que está aqui nos esperando?

- Não muito. Não é nenhum problema esperar por alguém em um hotel como esse, cá entre nós. Até achei uma revista aqui no sofá! Não que seja uma Rolling Stone, mas para passar o tempo foi de grande ajuda.

- Graças ao bom Deus! Nossa, eu já estava nervosa, achando que você seria uma daquelas esnobes que só querem saber de roupa, sapatos e maquiagens! Não que eu não ame essas coisas, mas sabe... tem muitas coisas mais interessantes para se apaixonar. E aí, pelo sotaque notei que você é mineira. Há quanto tempo está aqui em Vegas?

- Eu moro aqui há dez anos. O meu pai mora aqui há vinte e dois anos, desde que ele e minha mãe se separaram. Ele é produtor musical e resolveu vir para cá tentar ganhar a vida. Hoje ele trabalha com figurões do cowntry. Quando minha mãe faleceu, vim para cá morar com ele.

- Nossa! Você passou por uns bocados! Bem, que tal subirmos e continuar nossa conversa no meu quarto? Meu reino por um copo d’água e um sofá confortável.

- Sem problemas! Mas... o resto da banda não veio com você?

- Você tem quantos anos, Bia? Com certeza já passou dos vinte, e já tem certa experiência sobre a natureza masculina. Achou mesmo que eles iam chegar em Las Vegas e passar mais de cinco segundos no hotel antes de se mandarem para o primeiro Cassino que encontrarem?

Rock & Pie - Sexo, Amor e Rock and Roll (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now