4. What have they done to u? // edited

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You knew then that this was not any kind of hospital that cured, but a hospital that held, that kept their patients away from the rest of the world, a kind of ark that floated along full of life, but not participating in life.... These people no longer made progress.

― Anne Spollen, The Shape of Water  ❞


« Acordo, levantando os meus braços ao nível máximo que consigo. Terça-feira. Um dia de semana como outros, tirando que hoje estava a chover. Adoro a chuva. Provoca-me uma imensa nostalgia ver os pingos de água a cair das nuvens escurecidas com o excesso de líquido aquoso. Faz-me lembrar de quando eu era feliz. 

Com isto tudo nem reparo. Evan não está aqui. Pela primeira vez desde que cá vim parar, faz precisamente hoje 6 meses, que Evan não se encontra aqui quando acordo. 

Escuto vozes no corredor, a dirigir-se para este quarto. A porta abre-se com brusquidão, e um homem de bigode entra na divisão, com uma enfermeira atrás dele, fechando o acesso dos meus aposentos. 

'Minha menina, és tu a Rosalyn?' o senhor decide falar, deixando transparecer uma voz suave.

'Sim, sou eu.' responde com um tom baixo, fazendo-se notar a minha timidez.

'Pequena, vim só avisar-te que hoje te será feita um leucotomia. A tua primeira.'

'Está bem.' resposta simples para uma afirmação simples. 

Uma leucotomia. O que será isso? -Bem, logo se verá, não é?- pergunto a mim própria. 

O médico abandona o quarto, mas a enfermeira fica para trás.

'Desculpe?' peço, tentando ter a sua atenção. 'Pode-me dizer onde está o meu colega de quarto? O Evan?' indago com preocupação.

'O seu amigo está numa consulta. Em breve ele voltará.'  eu aceno com a cabeça.

***

Evan volta ao meio dia, passadas 2 horas desde que eu tinha estado em contacto com a funcionária deste local. 

'Evan, onde estiveste?!' pergunto assim que ponho os meus olhos nele

Ele cambaleia um pouco, mas nada de grave. Que raio lhe fizeram? 

'Eu experiencie a pior coisa que alguma vez te poderão fazer.' ele diz com uma lágrima prestes a sair na pontinha do olho.

'Que te fizeram?' pergunto colocando os meus braços sobre os seus ombros, puxando-o para mim para um longo abraço.

'Eles puseram-me eletrodós ao longo do meu crânio.' ele pará uns momentos, soltando uns soluços. ' E depois ligaram-nos e soltaram impulsos elétricos para o meu cerébro, para tentarem, sem conseguirem, acabar com a minha doença.' 

'Mas o que te fizeram foi horrível! Eles não podem fazer isso!' cada vez se ouvem mais os seus soluços, e os meus ombros estão a começar a ficar frios devido as lágrimas que caiem em cascata dos seus glóbulos oculares. 

'Posso me deitar? Dói-me a cabeça.' eu assinto, e ele estende o seu corpo na cama de solteiro partilhada por ambos. 

Ele estica o seu braço tentando tocar-me. 

'Podes te deitar comigo? Por favor.' ele quase que suplica e eu deito-me a seu lado, acariciando-lhe as bochechas.

'Evan, o que é uma licotomia?' ele ri-se um pouco com a minha questão.

'Não será que queres dizer leucotomia?' 

'Sim, isso.' respondo gracejando com a minha própria afirmação. 'Mas vá, o que é?'

'Eu não te vou dizer o que é Rosalyn, apenas te digo que te vai doer.' oh

'É assim tão mau?' pergunto preocupada. 

'Sim, é. Desculpa.' Ele diz apertando o meu corpo com leveza.

'Eu vou tentar aguentar. Posso te fazer uma pergunta?' 

'Já fizeste, mas vá, diz lá.' piadas secas, o seu forte.

'Qual é a tua doença?' pergunto,  com certeza ele não vai responder, como acontece sempre.

'Bipolaridade.'

Bem me parecia que ele era bipolar. Ele tanto é querido e simpático como é arrogante e violento. Ele muda de humor num espaço de segundos, e finalmente sei o motivo.

'Nunca pensei que bipolaridade desse entrada para um manicómio.' admito.

'Pois, mas dá, quando já é um caso extremo.' 

Oh.' 

***

É agora. Vão-me fazer uma lobotomia, que descobri ser outra palavra que se pode usar para definir leucotomia, e ao contrário desta é bastante fácil de pronunciar.

Espero bem que isto corra bem, e que nada de mal ocorra durante o procedimento. Apenas desejo que nada aconteça. » 

Foi horrível. Lembro-me tão bem do momento. Da dor que senti. Do que vi. De tudo. 

Aquela foi das piores coisas que presenciei no hospital. Mas foi a mais habitual de todas. Todas as semanas eu sofria uma, e em nenhuma deles a cura da minha doença teve progressos. 

E sofrer para nada é como nevar no verão, não faz sentido.

*

Heey! Então, como vai a vossa vida? Espero que tenham gostado deste novo capítulo. E obrigada pelos comentários e pelos votos «3 a sério, adoro-vos! 

Bem, acho que vou começar hoje o '30 day writing challenge' aqui no Wattpad, mas vai ser em inglês. Yeah, I know I'm not english haha 

So, tenho de ir.

Ly all, Stone* 


The Otherside ➳ StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora