O que pensava Leopoldo?

Prólogo

Levei Leopoldo para casa quando ele tinha apenas 3 meses. Era um gatinho magro, pequeno e muito assustado. O coloquei no carro dentro de uma caixa de sapatos, e ele miava como se sua vida dependesse daquilo. 

O nome havia sido escolhido para ele antes mesmo de eu saber como seria seu rosto. Logo ganhou vários apelidos. Léo, Popô... várias coisas que eu acho que ele teria vergonha de repetir. Majoritariamente, eu o chamava de "meu bebê". Ele era  serzinho mais precioso com quem já convivi e me trouxe muitas alegrias. 

Quando eu fiz 25 anos, saí da casa dos meus pais e levei Leopoldo comigo. Mudamos de cidade,  precisamos nos acostumar com o frio e ele ganhou um irmãozinho canino. A adaptação foi difícil e engraçada, mas ele viveu anos felizes depois que se acostumou. 

Durante toda a vida do Léo eu o observei, mas sem encontrar muitas respostas. Por que ele miava tanto? O que queria dizer quando me acordava 2 da madrugada? Qual era a razão dele gostar de dormir dentro do guarda-roupa? Por que ele tinha medo do garrafão de água? 

Quando ele ficou velhinho e se foi, chorei muito. Uma semana depois, recebi um pacote pelo correio, embalado com um tecido bem estranho e arranhado de unhas de gato. Isso me fez sorrir. Dentro da caixa, havia um bolo de papel datilografado e amarelado. Uma carta dizia que Leopoldo havia solicitado que tudo fosse entregue a mim quando ele voltasse para casa. 

Descobri que, depois que ficam velhinhos, os gatos voltam para seu planeta natal, localizado em uma frequência de luz que nós não conseguimos enxergar, mas está pouco depois da Lua. De lá, eles também aproveitam as noites enluaradas e cheias de estrelas. Brincam pelos bosques à noite e comem muito peixe. Enquanto estão na Terra, algum são encarregados de proteger os humanos que receberão o segredo (essa sou eu!), as crianças e impedir que os mosquitos invadam nossas mentes. 

Leopoldo cumpriu muito bem sua missão, e me mandou seus relatórios para que eu pudesse tem uma segunda versão das nossas memórias juntos. Com autorização do planeta Ailuros, eu compartilho este conhecimento com vocês.