┈━═☆Four

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—Eu sempre achei os alunos da escola Salvatore um pouco atrevidos. — comentou Maya pegando na bandeja vazia — Nem todos, mas há aqueles com o famoso complexo de superioridade.

—Alguns alunos não passam de idiotas. — concordou Hope lembrando-se dos comentários cruéis sobre ela espalhados pelos corredores da escola

Maya encarou a castanha desconfiada.

—Os conheces? — a morena não se conteve em perguntar enquanto punha a bandeja no balcão e Hope repete a ação da mesma

—Eu? — a Mikaelson riu, pronta para mentir — Não. — negou usando um tom de voz engraçado — Eu só comentei porque em todas as escolas existem esse tipo de pessoas. Arrogantes. — tentou encobertar a mentira com uma justificativa muito pouco criativa, mas com fundamentos verídicos

—Para a deceção do povo. — suspirou Maya de forma dramática e Hope deu uma leve risada — Mas as raparigas são uma beleza. — acrescentou com malícia

—Talvez eu deva afastar-me de ti. — Hope disse e Maya a encarou com a sobrancelha arqueada — Pode ser que me tentes assediar. — disse apertando os olhos em falso choque e a morena riu

—Isso é difamação gratuita. — reclamou Maya com um sorriso, entrando na brincadeira

—Aproveita, porque amanhã o serviço de difamação é pago. — debochou Hope

Era incrível o quão Hope e Maya deram-se bem facilmente, principalmente por Hope ser muito fechada e de pouco convívio. Mas antes era por ser filha do temido Klaus Mikaelson, mas agora que todos se esqueceram dela, quem seria a ameaça em potencial contra ela? Ninguém, era a palavra que soava em sua mente apesar de não acreditar totalmente nisso. Se estivesse tudo bem, não se sentiria tão excitada. A adrenalina corria-lhe precocemente no sangue e o seu ventre contorcia-se em sinal de que algo maior estava por vir.

São só pressentimentos idiotas. Cantarolou incansavelmente na sua mente na esperança de acreditar na sua própria mentira.

—Bom saber, só para não me meter nesses negócios ilegais de difamação de imagens alheias. — brincou Maya despertando Hope dos seus pensamentos conflituosos.

Hope riu um tanto envergonhada por não ter ouvido totalmente o que Maya dissera. Mas quem a podia julgar?

Ninguém! Não existia mais ninguém para julgá-la.

—E o que há para fazer nesta escola? — perguntou a castanha mudando o rumo da conversa, já que se havia perdido entre tantos pensamentos

—Só tens a claque e a equipa de futebol. — informou Maya dando de ombros — Nada de interessante.

—Mas que má sorte. Eu estava entusiasmada com isso de atividades extraescolares. — queixou-se Hope, debochada, cruzando os braços e fazendo beicinho por saber que teria tempo de sobra para reviver a tragédia que era a sua vida.

Enquanto as duas entravam na sala, já que, por coincidência, tinham a mesma aula, Adam viu Hope entrar e sorriu ao vê-la sentar-se perto Maya. Olhou fixamente para a castanha antes de sorrir, maldoso.

Hope tirou o caderno da bolsa e abriu-o logo na primeira página, só para se assustar com a cena. Arfou em choque ao ver letras vermelhas a aparecerem. Olhou em volta e não encontrou nada suspeito. Tudo normal, alguns alunos cochichavam entre si, outros mexiam no dele e, havia aqueles, que surpreendentemente,  reliam os apontamentos anteriores.

A Mikaelson voltou a focar-se na página, antes branca. A tinta era espessa e de cor intensa, parecia...sangue! Isso assustou ainda mais Hope.

Era suposto ela não ter medo, afinal, ela era um dos seres mais poderosos existentes.

"Eu sei quem tu és. Irei te caçar até a tua morte."

Era a única coisa escrita no papel. Hope arrancou o papel do caderno antes de rasgá-lo com violência.

Ela estava irritada. Se essa pessoa sabia quem ela era, porque insistiu em ameaçá-la, sabendo que ela era muito poderosa?

Isso não fazia sentido. Ninguém se lembrava dela. Como é que iriam ameaça-la?
Obviamente não era uma brincadeira estúpida, já que as letras apareceram como por magia e a tinta... que na verdade não era tinta, mas sim sangue, era algo demasiado macabro para um simples aluno fazê-lo.

—Está tudo bem? — Maya não se conteve a perguntar ao ver a postura tensa e irritada

—Está tudo bem. Só são alguns problemas, nada de mais. — garante a castanha

Não era totalmente mentira, já que realmente ela acabara de ganhar um novo problema. Ela simplesmente...omitiu um facto importante e estranho da sua vida.

—Se tu o dizes. — a morena deu de ombros decidida a respeitar o espaço pessoal de Hope.

O que sinceramente a castanha agradeceu.

—Bom dia alunos. — o professor logo cumprimentou ao entrar na sala

—Bom dia. — disseram todos em coro

—Abram os vossos livros na página...— logo iniciou a aula

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Hope olhou os corredores vazios e suspirou. Quase toda gente tinha ido embora, feliz por finalmente sair da escola. Mas, então, o que ela fazia lá? Nem ela mesmo sabia.

Talvez, simplesmente, não quisesse voltar para casa e ser assombrada pelas memórias melancólicas da sua família.

Os armários tremeram e Hope virou para trás com tudo. Bufou em descontentamento. Ela não estava a gostar de ser passada a perna desta forma. Era algo que puxou do seu pai: nunca deixar o inimigo com vantagem.

Mas como ter vantagem sobre o inimigo quando não se sabe quem ele é?

As portas dos cacifos começaram a abrir e fechar repetidamente e um líquido viscoso e vermelho. Ela arregalou os olhos ao ver que era sangue.

Depois viu vultos negros a passar por ela de forma rápida e violenta.

Irritada, a castanha recitou um feitiço fazendo toda a ação parar. Suspirou e arrumou a postura pronta para ir embora.

Quando se virou deu de cara com Alaric. Apertou os olhos ao perceber que ele acabara de vê-la a praticar magia.

Praguejou baixinho antes de forçar o sorriso mais gentil e inocente que conseguia.

—Quem és tu?  — Alaric perguntou sério tentando identificar se ela era uma ameaça

Aquilo magoou Hope muito mais que ela queria admitir.

—Eu sou uma bruxa. — respondeu sincera

Ela confiava em Alaric de olhos fechados. Ela até seria capaz de por a mão no fogo por ele.

—E agora estás pronta para contar-me sobre os teus problemas? — ele perguntou mais relaxado ao perceber a cooperação da parte da castanha

Ela suspirou. Ela precisava de um ombro amigo, de uma ponte. Ela estava a desmoronar.

—O meu nome não é Hope Marshall. É Hope Mikaelson. Eu sou filha de Klaus e Hayley. — engoliu seco antes de prosseguir sob o olhar chocado do mais velho — Eu sei que tu não te lembras de mim, mas tu és o que tenho mais próximo de um pai. — declarou

A essa altura, Hope não se segurara e desatou a chorar. Alaric sentiu-se culpado por esquecer de alguém que o considerava tanto assim. Mas ele não era culpado, e a castanha sabia bem disso.

—E o mundo inteiro esqueceu de mim, que eu existo. — prosseguiu — E eu não tenho a mínima ideia do que fazer agora. — engasgou-se com as próprias lágrimas

—Está tudo bem. Vamos resolver isto tudo. — tentou tranquilizar a castanha que estava lavada em lágrimas

Alaric não aguentou e a abraçou, seu lado paterno falando mais alto. E Hope sentiu-se muito grata por esse pequeno gesto com grande significado.

Mas foi algo que não agradou ao seu inimigo que irritado decidiu aumentar o medo dela. E sorriu antes de desaparecer em um vulto.

22/09/2020

The Villain - ℓєgαciєs Donde viven las historias. Descúbrelo ahora