[ 🌷,, flower ] ;

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J E O N    J U N G K O O K


Foi numa sexta-feira do mês de maio que você começou a vir na floricultura.

Eu lembro do seu jeito estranho de andar -- e descobri depois que vivia se queixando do seu joelho, mas nunca fora realmente ao médico --, lembro do seu cabelo rosa, dos olhos curiosos e do sorriso que você deu, depois de inspirar profundamente o perfume que as flores espalhavam pela loja.

Lembro muito bem que você levou apenas uma violeta roxa e saiu de lá, toda sorridente. A princípio, não entendi bem sua intenção com aquilo, porém com o passar de algumas semanas, comecei a te entender. Cada flor tinha um significado e, cada uma que você levava no fim da semana, era a que melhor te representava. Girassóis, Jasmins e Gérgebras eram para semanas ótimas, onde as coisas boas eram mais influenciadoras do que as ruins; Flox, Peônias e Violetas para uma semana razoável; Jacintos para semanas muito ruins e Lírios-do-Vale para quando saía de uma semana ruim.

Eu comecei a te conhecer. Comecei a entender como você funcionava -- ou achei que conhecia. Começamos a sair, já que descobri que tínhamos um amigo em comum. Você sempre foi extremamente falante, tagarelava sobre tudo e todos, em diversos assuntos aleatórios e os passeios com você eram sempre os mais divertidos. Você sempre teve uma essência pura, leve e descontraída, mas levava tudo aos extremos. Quando não era sério demais, era apenas mais uma bobeira para você. E eu não sei onde me encaixo nisso, porque você nunca levou tão à sério o que tivemos, mas eu tenho certeza que você não nos tratava como uma bobeira.

Eu não sei bem quando você começou a gostar de mim, mas sei que, assim que você pisou naquela floricultura, meu coração já era seu. E você o levou para longe junto consigo.

Você era estranha. Odiava números ímpares, era uma amante de filmes antigos e ruins, gargalhava com filmes de terror e escutava de tudo um pouco, mas gostava mesmo de flores. Nunca conheci alguém, além de mim, que era tão apaixonado por flores. Você poderia passar um dia inteiro falando sobre como gostava das flores, do perfume de cada uma, do significado de cada uma. Você dizia que não haviam só rosas e que cada flor tinha uma beleza sua, singular e delicada. E você era uma flor com beleza singular, atípica e única. Era uma peça rara, daquelas que só encontramos na vida uma vez.

Eu não sei o que você viu em mim. Eu sempre fui aquele cara quieto, na minha e você sempre foi tão espontânea. Nunca fui tão seguro com minha aparência, mas você não parava um segundo de me elogiar.

Eu deveria ter te elogiado mais do que o fazia. Deveria ter te abraçado mais, beijado mais, te sentido mais. E hoje, aqui no nosso lugar, eu sinto demais.

Sinto muito por não poder ter te impedido de fazer algo assim contra a própria vida.

Eu queimei a carta que você me deixou e espalhei no mesmo lugar das suas cinzas. Leve as palavras juntas com você, eu não preciso delas. Eu tenho momentos gravados aqui, em mim. Você está gravada em mim para sempre.

E eu não levei tantas flores no seu enterro, levei apenas uma violeta branca, prometendo que te encontrarei onde quer que esteja. Afinal, você uma vez me disse que nenhuma flor morre, ela apenas renasce em algum outro canto do mundo.

E você era a minha flor.

                —Com amor, Jeon Jungkook.

para onde todas as flores vão '' jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora