A beira do abismo (17)

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Pediram-me para informar que fagulhasAL tem meio que uma admiradora.

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Não conseguia assimilar nada, exatamente nada do que tinha se passado ali, apenas estava sentindo dor em meu corpo, levantei-me do chão, trêmula fechei a porta do escritório da dona Norma, segui para minha mesa lentamente como se minha psique estivesse pausada, desliguei o notebook, peguei minha bolsa e sai calmamente. Ignorei os olhares de pena em minha direção enquanto fazia o trajeto de volta para minha cidade, parecia que naquele momento nada mais me abalava, parei bem antes do meu ponto e segui lentamente o trajeto até o meu cantinho do pensamento, estava tudo um breu, frio, e solitário, por fim cheguei na beira do abismo, larguei minha bolsa em uma rocha, sentei-me em outra. O céu estava magnífico, estrelado de lua cheia, uma conjuntura perfeita para tudo o que estava sentindo. O que estava sentindo afinal? Nem sei, nada me obedecia, nem minha mente, nem meu corpo, nem meus olhos, era como se tivesse desacoplada do meu corpo, porém, ainda ligada a ele com um cordão, talvez a ligação umbilical com o plano superior... Ou estava machucada demais e delirando muito, mesmo inconsciente cai em pranto, chorava copiosamente sem conseguir racionar, ou digerir o que tinha acontecido. Não faço ideia de quanto tempo fiquei naquele estado "vegetativo" apenas encarando o céu e chorando muito. Pedindo para que se realmente tivesse alguém ali em cima, me respondesse porquê. Passei as mãos em meu rosto banhado por lágrimas tentando secá-las, puxeu minha bolsa fazendo-a de travesseiro e repousei ali no chão frio e duro, começando a chorar novamente. Adormi por alguns minutos, despertei mais calma, suspirei cansada, peguei minha bolsa me levantando sem pressa, fui em direção a minha casa.

Abri a porta sem me preocupar em fazer barulho, larguei a bolsa no sofá, fui para o quarto da minha mãe, lá estava ela dormindo, certifiquei se tinha água ao seu lado e segui para meu quarto. Não sei exatamente quanto tempo fiquei debaixo da água quente, mas foi o suficiente para sentir-me melhor. Vesti uma camisola de algodão sem detalhe algum, peguei a escova de cabelo e fui para frente do espelho, vendo o meu reflexo que notei o quanto estava fisicamente machucada, além dos meus olhos estarem inchados pelo choro, o do lado direito estava vermelho, gradativamente indo para um roxo, minha bochecha até perto da orelha estava em um tom diferente, mas escuro que a parte do rosto, do outro lado não tinha nada. Não penteei os cabelos, deixei a escova ali e deitei-me, desliguei o despertador, virei-me para a lateral oposta da janela. Estava cansada, tudo me doía, mas nem as dorem me impediram de adormecer rapidamente.

(...)

— Cadê meu café que não está pronto, Ayla?

Pulei da cama assustada com os gritos da minha mãe, ainda atônita passei as mãos nos olhos e senti uma dor horrível, havia esquecido o machucado. — Bom dia, mãe, vou fazer. — Murmurei sentindo dor no meu maxilar também.

— Não tem trabalhado hoje não, é? — Ela questionou hostil.

— Vou fazer nosso café da manhã e a gente conversa sobre isso. — Murmurei me levantando e puxando o edredom para dobrá-lo.

Minha mãe saiu do quarto deixando-me arrumar a cama em paz, assim que terminei fui para o banheiro fazer minha higiene matinal. Quando me olhei no espelho cheguei a conclusão de que realmente o que está ruim pode piorar, estava horrível, meu rosto mais parecia um palheta de tons entre o roxo, vermelho e verde.

Sai sem muita pressa para cozinha, e logo minha mãe veio atrás, é claro. Peguei as coisas para fazer o café tentando ignorar a presença dela ali, porém, foi em vão, logo ela questionou o que era aquilo em meu rosto.

— Foi minha chefe. — Murmurei coando o café.

— O que você já aprontou hein? Sua desgraçada, espero que você não me perca esse trabalho, pelo amor de Deus Ayla.

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