[DBK] Promessas

Promessas

Episódio 9 – fixed!morksun


Sun acreditava fielmente que tudo acontecia por uma razão, que todo seu suor renderia bons frutos no final e ele estava certo que aquele prêmio era um sinal que tudo finalmente estava acontecendo como planejado. Receber uma ligação do hospital sobre o Mork era a última coisa que ele poderia imaginar que aconteceria nessa noite.

Naquele momento, quase correndo pelos corredores do hospital, ele não sabia ao certo o que estava sentindo, muito menos conseguia focar em qualquer um desses sentimentos. Pensava em como o Mork tinha começado uma briga de novo, em como ele quebrou sua promessa, em como ele deveria estar machucado, pensava se Rain estava bem e, principalmente, pensava no porquê de tudo isso. Agora. Quando tudo parecia estar finalmente bem.

Ele queria explodir e estava pronto para dar mais um de seus sermões demorados assim que entrasse na enfermaria, mas no momento que deslizou a porta a imagem do Mork abatido e repleto de curativos o desarmou completamente.

- P'Sun! – Rain o chamou já com medo de como seu irmão reagiria.
- Mork? – Sun o chamou incerto, como se não fosse óbvio que o menino estava ali em sua frente o olhando de forma apreensiva. Mork escolheu ficar calado e Sun não sabia lidar com aquele silêncio, ele precisava de respostas mas Mork não tinha forças para dá-las naquele momento.
- P'Sun, vá embora. Não quero falar com você agora. – Rain olhou para Mork e depois para o irmão, deu um passo a frente como se estivesse pronto para proteger o melhor amigo mesmo que fosse do Sun.

Sun estava aliviado que Mork estava bem, mas a raiva por ele ter quebrado sua promessa continuava a subir pelo seu corpo e assim que voltou a abrir a boca Rain o interrompeu, já imaginando o tipo de discussão que viria.

- Não começa, P'Sun. Tudo o que o Mork não precisa agora é das suas reclamações. – Sun franziu as sobrancelhas.
- Reclamações? Olha o estado do Mork! Eu falei que isso ia acontecer! Eu falei pra não brigar! Como você não quer que—
- Sun! – Mork tentou falar mais alto, sem forças para gritar. – Agora não. – O olhar do outro deixou Sun atordoado, como um soco no estômago. Mork estava vulnerável, ele não queria ter trazido tantos problemas ao Sun ou ao Café dele, estava se sentindo imensamente culpado e não queria ter que escutar o quão decepcionado o mais velho estava.

Sun respirou fundo fechando os olhos e engoliu qualquer crítica ou sermão que iria fazer porque sabia que iria piorar a situação, ver Mork machucado daquela forma o deixava completamente atordoado e sem direção.

- Rain, pode nos dar licença? – Rain estava pronto para negar. – Eu prometo que não vou brigar com ninguém. – Rain voltou seu olhar para o Mork procurando uma resposta, este ficou pensativo por um tempo mas no fim acenou a cabeça, dispensando o amigo que saiu depois de resmungar com Sun para que não falasse besteira.

Sun arrastou uma cadeira até o lado de Mork e se sentou em silêncio, tentando organizar em sua mente como seria a melhor forma de agir naquele momento.

- Mork... Por que você—
- Eu não quebrei nossa promessa se é isso que quer saber. – Mork respondeu de uma vez, se fosse sobre isso que Sun queria falar ele não iria se prolongar.
- Você não revidou?
- Não. Está feliz? – Mork olhou para o outro lado e Sun quis se chutar, se sentia idiota por ter culpado de imediato a impulsividade do outro. E ele deveria estar feliz pelo Mork ter mantido a promessa, mas como ficaria? Vendo o garoto cheio de marcas no rosto.
- Não estou. – Sun segurou o rosto de Mork com delicadeza e o fez olhar pra si. – Eu sei que te fiz prometer que não brigaria, mas começar uma briga é diferente de se proteger, Mork. Ainda assim, se você revidasse talvez estivesse pior agora, então de certa forma estou aliviado.
- Você... Sempre pensa o pior de mim, não é? – Mork tirou a mão de Sun de seu rosto, frustrado.
- Eu deveria ter perguntado antes de chegar a qualquer conclusão, mas eu estava desesperado. Consegue imaginar o que senti quando me chamaram aqui?
- Ainda assim deveria ter confiado em mim. – A voz decepcionada de Mork fez Sun se encolher.
- Me desculpa, Mork. Não vai acontecer de novo.
- Até a próxima vez que se irritar comigo.
- Mork...
- Você disse que ia se esforçar pra mostrar que gosta de mim, mas você só me vê fazendo tudo errado.
- Não é isso! Eu vou me esforçar, eu não te vejo dessa forma.
- Eu não quero me machucar, Sun. – Esse olhar sufocava Sun, ele não conseguia lidar com o fato de que tinha machucado o Mork de alguma maneira, isso o atormentava de tal forma que agarrou a mão do outro e se inclinou em direção a cama, fazendo questão de olhar nos fundos dos olhos alheios mesmo que estes tentassem desviar seu foco.
- Mork, eu não posso prometer que no futuro você não vai se machucar, mas eu vou sempre acreditar em você, eu vou sempre me esforçar ao máximo pra não te deixar se sentir assim e te fazer feliz. Eu prometo, Mork. Então, por favor, me dê uma segunda chance.

Mork finalmente olhou para o outro sentindo o aperto em sua mão, ele não queria nenhum julgamento naquele momento, tudo o que precisava era do Sun ao seu lado o reconfortando, deixando os problemas para depois.

- Você é bem idiota, sabia?
- Eu sei. – Mork sorriu minimamente e Sun correspondeu aliviado, se inclinou mais na cama e encostou a testa sobre a alheia deixando seus narizes roçarem. – Você quase me matou de preocupação. Você estar bem é tudo o que importa.

Mork fechou os olhos brevemente e só os abriu quando sentiu Sun se afastar, o vendo se sentar novamente na cadeira ainda com a mão cobrindo a sua.

- Você ainda quer que eu vá embora? – Mork percebeu o jeito manhoso já bem conhecido e revirou os olhos, Sun não perdia a oportunidade.
- Você quem sabe.
- Então isso é um sim? – Sorriu da forma que o Mork mais odiava porque seu coração acelerava descontroladamente.
- É um “você quem sabe”.
- Então é um sim, vou falar pro Rain voltar para casa. – Sun aproximou as mãos unidas do rosto e Mork relutante tentou puxar a sua de volta em vão.
- Por que? Ele pode ficar também.
- Mas eu queria deitar aí e te abraçar. – Sun disse naquele tom encantador, com aquele sorriso encantador e o olhar encantador que deixava qualquer pessoa desconcertada e sem coragem de dizer não. E droga como isso afetava o Mork, mas ele negaria, negaria até o fim do mundo se pudesse.
- Eu não quero que você me abrace! - Sun riu satisfeito ao ver as orelhas vermelhas do outro e Mork fez uma careta desviando o olhar, mas logo não se conteve e sorriu de volta apertando mais sua mão na de Sun, se sentindo finalmente em casa.