DRÁCULA: A Maldição Da Lua | Jikook.

[01] A sede do Conde

†

— Já está tudo pronto, Son?

Eu havia arrumado as cestas, faltavam apenas os regadores.

— Eu não os acho, Jungkook.

Torci o lábio em nervosismo e caminhei até ele. Tentar ajudá-lo não me custaria nada.

— Nós já estamos atrasados, você tem noção disso, não é?

— Tenho, Jungkook — ele murmurou estarrecido, com seu irritamento visível.

Ofereci-o um sorriso fraco, encerrando a conversa antes que perdêssemos a concentração na procura e iniciássemos mais uma briga.

Acontecia todos os sábados: eu arrumava todo o material para a colheita em antecedência, enquanto Son se preocupava em sair à noite e somente voltar pela manhã, atrasando-nos. Nunca pude sair do castelo, apesar de todos os outros terem livre arbítrio para sair à hora que quiserem.

Já faz mais de quatro anos que sigo assim. Do quarto para a cozinha; às vezes, para a biblioteca (quando invento de driblar a ordem do conde para que não saia de meu quarto); depois, de volta ao quarto.

Naquele momento, estava ajudando Son nos fundos do castelo, onde um vasto campo se desdobrava em declínios e relevos esverdeados. A relva era grande, mas não era capaz de esconder as grandes e escuras árvores da Floresta Proibida. Não devia estar ali, mas, como havia dito: às vezes eu escapava...

— Você sabe que não nos atrasaríamos se você começasse a se organizar melhor...

— Eu sei Jungkook. Eu sei!

— Então por que continua nos atrasando? — Perguntei em um fio de voz, então parei de mexer nas prateleiras e fitei-o, vendo-o bufar e continuar a mexer nas caixas, ignorando-me. — Você poderia pelo menos organizar suas coisas antes de sair e...

— Será que dá para você calar a boca, garoto? — Esbravejou.

Engoli em seco e assenti rapidamente, mesmo que quisesse continuar meu questionário.

— O que eu faço ou deixo de fazer não lhe diz respeito.

— Eu só queria ajudar...

— Se a sua maneira de me ajudar é enchendo minha cabeça com regadores, você está falhando miseravelmente — retrucou amargamente.

— Desculpe – murmurei, cansado das brigas rotineiras.

Olhei para minhas cestas, peguei-as e saí do cômodo.

— Aonde você vai?

Dei de ombros.

— Trabalhar.

— Você sabe que o conde não gosta quando você trabalha... — olhei-o de relance, depois desviei o olhar para a pequena porta que dava acesso ao jardim da casa. — Jungkook!

— Até depois, Son — sussurrei já caminhando em passos largos até a saída, antes que ele fizesse ou falasse algo que me impedisse.

— Volte Jungkook, você não pode sair sem ser acompanhado! — Ainda escutei-o dizer, mas já era tarde demais.

Caminhei calmamente pelo campo, murmurando alguma canção que ouvi em um cômodo qualquer no castelo para me distrair um pouco. A solidão era algo difícil de lidar, mas, às vezes, cantar ajudava.

O conde – como prefere ser chamado – não gosta muito quando saio sem nenhum tipo de supervisão pelos extremos da propriedade, pois, diz ser "muito perigoso" para mim, porém desconsidero essa regra, já que, fora isso, não tenho mais nada para fazer.