Capítulo 8

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Bruna 💭

— Vai devagar nessa cachaça aí, doidona — puxei da mão dela.

— Eu odeio o Vitor — gritou — Ele falou tanta merda pra mim, logo eu que estive do lado dele quando ninguém nem ligava.

— Ele também esteve do seu lado — falei — Não justifica nadinha mas você também não pode esquecer disso.

— Aí que ódio — fechou os olhos — Eu me odeio por ter amado aquele cara.

— Ah Lisa — abracei ela — Pela a minha experiência de merda eu posso te dizer que isso é normal, todo mundo tem um primeiro amor cagado e que no futuro a gente pensa "que merda eu tinha na cabeça?" — comecei a fazer carinho — Acho que o que mais tá te machucando é pela amizade que vocês dois tinham, porque era evidente que a amizade era mais forte que o amor. Porém o Vitor é um vacilão e eu quero encher aquela cara dele de arranhão.

— Eu só quero beber como se não houvesse amanhã — falou limpando as lágrimas.

— E isso vai ajudar no que? — perguntei — Você vai acabar fazendo merda e passando vergonha.

— Porque você não quer deixar eu beber? — perguntou magoada.

— Então vamos fazer assim, você bebe lá em casa e evita um vexame — propus — Pode ser?

— Acho que acabou a cachaça lá de casa — resmungou.

— Tem problema não, a gente leva aqui — levantei — Espera um pouquinho, tá bom? — concordou.

Fui até os freezers e me aproximei do pessoal, parecia formiga perto de doce tudo juntinho no mesmo lugar. — Psiu, Nathan.

— Fala gatinha

— Você que deu a ideia daquele jogo idiota, minha amiga quer encher a cara mas eu prefiro que ela faça isso em casa — falei — Portanto tem como você me dar alguma garrafa de qualquer bebida? Menos refrigerante é claro.

— Eu dou — sorriu — Mas só se eu ganhar algo em troca.

— Não começa, meu filho — neguei.

— Só quero dar um rolê contigo, se você aceitar pode levar o que quiser.

— Tá me comprando? — deu de ombros.

— E aí, tá tudo bem aqui? — Caio se aproximou e eu revirei os olhos.

— Tô só fazendo uma negociação com a sua amiga, irmão — Nathan bateu no ombro dele.

— A Elisa quer encher a cara mas ela vai fazer isso em casa, eu vim pedir alguma cachaça pra esse idiota mas pode deixar que eu compro no caminho — respondi.

— Tá tarde pô, leva essa aqui — entregou uma garrafa de uma coisa que eu nem conhecia — Eu deixo vocês em casa.

— Porra Caio, atrapalhou os meus rolos — Nathan resmungou e eu sorri.

— É pra você ficar esperto — me virei — Eu vou de uber com ela, não precisa se incomodar.

Nathan vivia dando em cima de mim, fazia de tudo pra eu sair com ele mas sempre errava tentando me comprar de alguma forma, se ele chegasse e perguntasse se eu quero sair com ele eu aceitaria numa boa. Procurei a Elisa e encontrei ela com o pessoal deitada no ombro da Rebeca — Bora cachaceira.

— Vocês vão pra onde? — Lucca perguntou.

— Pra casa, vou levar essa garota pra encher a cara em paz — respondi e ela me olhou como se eu tivesse contado o maior segredo — Que foi?

— Eu já falei que levo vocês, pô — Caio apareceu do inferno, só pode.

— E eu já falei que não precisa — respondi sem paciência — Vou pedir um uber.

— Não carai — Miguel interrompeu — Deixa ele levar, foi o que menos bebeu e eu ainda não estou bem o suficiente pra dirigir — soltou um sorrisinho. Eu conheço esse filho da mãe na palma das minhas mãos, sei bem o que ele quer com isso.

— Tanto faz — Elisa levantou — Bora Caio.

Me despedi de todos e sai puxando a Lisa, que apesar de ainda não estar bêbada já estava mais pra lá do que pra cá. Encontramos o Vitor bem na rua, o cara de pau ainda teve a coragem de perguntar se estava tudo bem. — Tudo ótimo, nunca estivemos melhor — sorri forçada — Entra logo no carro, Elisa.

O clima estava pesadíssimo e eu tenho certeza que 99,9% é culpa minha. Nunca gostei ou me senti à vontade com o Caio perto de mim, não consigo mesmo entendendo que ele não tem culpa por tudo o que eu já passei mas só de olhar pra cara dele vem tudo de volta na minha cabeça.

— Estão entregues.

— Valeu amigo — Elisa se jogou pra fora do carro e foi se arrastando até o portão, literalmente.

— Posso trocar uma ideia contigo? — ele perguntou e eu suspirei.

— Eu tenho que entrar e abastecer aquela garota de álcool — respondi.

— Eu só quero pedir desculpas, se eu fiz alguma coisa pra você me tratar desse jeito — falou de um jeito sincero, meu coração até apertou.

— Olha — suspirei — Não é pessoal...só um pouco — sorriu fraco — Eu tenho que entrar, boa noite.

— Cadê a minha garrafa? — Lisa perguntou se jogando no sofá.

— Quer que eu coloque na mamadeira? — dei risada e ela me encarou séria — Boa sorte — entreguei.

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